Passados 194 dias sem compras de supérfluos, somente com reposição do que já terminou, constato que ainda não precisei repor shampoo, condicionador, perfume e protetor solar, nem mesmo para meus filhos precisei comprar esses itens.
Com certeza no início produtos vencidos foram jogados no lixo, tais como hidratantes que estavam sempre em estoque com o pequeno detalhe de não usar hidratante, no máximo um óleo durante o banho.
Essa mania de estocar devia ser decorrente daquela época horrorosa que vivemos na década de 1990, onde no mês de março a inflação chegou a 84,32%.
Hoje em dia alguém consegue imaginar como se vive com uma inflação dessas que acarretava o reajuste diário de produtos e serviços? Pois é, eu vivi nessa época e tínhamos que estocar produtos em casa, sempre que achávamos algo mais barato comprávamos de caixa pelo pavor do reajuste.
Não lembro bem se conseguíamos usar tudo que era adquirido e os passeios eram para cidades próximas, sempre em busca de alimentos e material de limpeza em pequenos mercados que não acompanhavam os índices astronômicos.
Só mês passado lembrei desse fenômeno e entendi essa neurose do estoque, essa necessidade de sempre ter produtos guardados.
Ainda bem que isso passou, ficou lá atrás e os resquícios foram curados com o "ano sem compras" que permitiu, além da limpeza dos armários, uma repaginada nas atitudes em relação ao consumo e o reconhecimento das reais motivações e necessidades.
Quanto aos perfumes, já perdi a conta de quantos frascos terminei de usar e o natural seria jogar fora, mas eu os colecionava.
Sequer abri o perfume que ganhei de Natal, pois ainda tenho três em uso e não se pode esquecer que depois de aberto o frasco, o perfume estraga, fica com um cheiro muito ruim.
Outra situação que sempre me incomoda quando entro na casa dos outros e não deveria incomodar, pois como diz meu filho mais novo "não é problema meu", é a quantidade de frascos de shampoo, sabonetes em uso, escovas de cabelo sujas.
É interessante observar que certas pessoas tem o hábito de sempre abrir um frasco novo de shampoo ou pegar novo creme dental quando ainda não acabou aquele em uso e os demais que vão usar sempre utilizam o mais cheio. Isso não é exceção, é regra que gera muitos frascos pegando poeira no banheiro.
Todos esses condicionamentos geram sujeira, bagunça, produtos vencidos e tudo isso me incomoda, mesmo que não seja no meu ambiente.
Bem, consegui identificar essa outra neurose ao verificar a situação descrita no post "A lógica dos acumuladores...", quando ao viver muito tempo naquela situação, sem poder interferir diretamente nela, terminei por não suportar qualquer bagunça e, ao mesmo tempo, comecei a acumular ordenamente algumas coisas, o que também já foi resolvido nas inúmeras sessões de desapego que permitiram colocar muitas coisas no lixo.
Parabéns pelos 194 sem compras de supérfluos. Estou engatinhando no mesmo caminho. Sem blog, mas leio este e outros que me deixam com a motivação em alta.
ResponderExcluirInteressante o ponto do acúmulo. Também vou parar com isso. Já foi muito item de consumo alimentar ou limpeza fora por nem lembrar que tínhamos. Agora só o para consumir na semana e deu. Mesmo que algo suba, outras coisas baixam, e o mais importante é evitar que tais erros do passado, como itens indo fora, voltem a acontecer.
Como é difícil eliminar o acúmulo, mas com persistëncia tudo é possível. Obrigada pela visita. Bjs
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