Dona Maria, pessoa humilde, oito filhos todos com o mesmo marido. Marido alcóolatra que a fez sofrer muito e já deixou esse mundo em razão de complicações com a bebida. Dona Maria descansou dos maus tratos. Criou sozinha os oito filhos fazendo faxina e outros serviços. Marido não trabalhava.
Contou sobre o trabalho em um açougue que servia comida pronta, bem como sobre o cansaço decorrente de preparar lasanhas, maioneses e outras delícias, sendo encarregada também do atendimento ao balcão. Não quer mais trabalho onde tenha que cozinhar. Cozinhar nunca mais!
Há sete meses deixou o açougue para cuidar de dois netos. Duas filhas tiveram a capacidade de ter bebês ao mesmo tempo e sobrou para Dona Maria os primeiros cuidados. Feliz fazendo isso, mas agora resolveu que quer trabalhar. Dois dias por semana está ótimo, segundo ela!
Sete e meia da manhã de quinta-feira já estava na minha porta com seu sorriso imenso e pronta para trabalhar. Uma bolsinha dourada e um guarda-chuva, além de um par de chinelos. Fomos para o apartamento novo e ela carregando além de seus pertences também uma vassoura e um rodo. Eu levando o material de limpeza.
Nem meia hora se passou e ela exclama: "nossa já "garramo" amizade!
Começa a trabalhar e timidamente pergunta quanto vou pagar. Pergunto quanto ela cobra e concordo com o valor solicitado. Volta novamente perguntando sobre o ônibus. Começo a rir. Dona Maria! Como que a senhora começa a trabalhar sem perguntar essas coisas?! E ela diz que trabalharia de qualquer forma porque já estava ali.
Peço que ela continue sozinha no local, pois eu tinha que continuar empacotando a mudança e informo que já pedi o almoço. Lá vem a carinha de interrogação: quem vai pagar o almoço? Dona Maria aqui está o dinheiro, eu vou pagar o almoço, é claro!
Deixo a senhorinha no apartamento até quase seis horas da tarde. Chego e falo que passou do horário, ela responde que sim, aliás chegou mais cedo. Entrego o dinheiro e ela fala que não tem troco, quando então digo que não há necessidade, pois ficou mais do que deveria.
Mal sabia a Dona Maria que poderia ter pedido qualquer valor e eu nem questionaria!
Legal essas histórias de superação e de pessoas com vontade de trabalhar! Agora o “quem vai pagar o almoço?” foi ótimo..rs.
ResponderExcluirTempos atrás tinha que ir em um local um pouco perigoso e fui de táxi.
Subo, falo o lugar sem nem olhar para quem estava dirigindo, quando ouço um “por qual caminho?” com voz de mulher. Aí olho e era uma senhora, já nitidamente acima de 60. Estranho mas falo que podia ser qualquer um pois não sabia onde ficava, só tinha ideia que era no fim do mundo e perigoso. Ela responde que não sabia direito pois há uns 20 anos não ia para tal local e eu disse “ótimo, hoje vamos descobrir então” e lá fomos.
No caminho e ela fazendo altas manobras radicais, pergunto se gosta de ser taxista e ela responde que adora dirigir. Fiquei mais aliviada e deduzi que as manobras eram em razão do trânsito caótico em alguns locais da cidade. Dai ela começa a falar e disse ter sido abandonada pelo marido com os filhos pequenos e que precisava trabalhar e que dai só sabia dirigir e começou trabalhar dirigindo caminhão. Se eu tinha ficado surpresa com o táxi , com caminhão então, imagina..
Mas para não me alongar no assunto a parte que achei interessante é que ela falou que hoje nem precisava mais trabalhar, tem casa própria, formou os dois filhos, eles inclusive eram contra ela trabalhar com táxi, mas voltou a dizer que adora dirigir e que também adora viajar. Pergunto se de carro e ela fala “não, dai de avião, já conheço vários locais do Brasil”. Como também sou adepta à viagens pergunto dos locais e confesso que fiquei boquiaberta com a quantidade de estado que ela conhece. E o importante, disse que faz tudo à vista e que nesse ano ia “um pouquinho mais longe”. Pergunto pra onde, esperando algum destino nacional e ela responde: “para o Caribe, num resort, em setembro e já está tudo pago!”. E antes que eu falasse qualquer coisa ela disse: “acredita que paguei quase a metade do valor que pagaria se fosse parcelar? Não dá!”.
Pedi pra ela me esperar no tal lugar. Assim fui e voltei escutando uma bela história de superação.
Adoro ouvir essas histórias...
ExcluirSe pode e se acha que a pessoa em questão merece, então porque não lhe dar um aumento?
ResponderExcluirJá pensou o quanto isso lhe pode ajudar? o quanto a vai motivar, fazer feliz e como isso vai custar tão pouco para você?
Pense nisso ;)
Continuo no intento de ficar sem diarista ou empregada e fazendo o serviço doméstico, até quando não sei... rs... e contratei a Dona Maria em razão da limpeza mais pesada que era exigida e, sim, paguei mais do que ela pediu... rs...
ExcluirJá indiquei os serviços dela para algumas pessoas e quando eu precisar chamarei novamente... :-)