Minha avó dizia que a virtude está no meio. Meu avô ensinava que precisamos dizer não. Minha mãe era mais passional e falava que precisávamos agir imediato em quaisquer circunstâncias. Meu pai era o exemplo de equilíbrio e não reação. Convivia com uma tia elegante em qualquer situação. Outra tia vaidosa ao extremo.
E eu fazia incursões nas vidas alheias tentando tirar o que existia de melhor em cada uma, embora não tenha deixado de absorver alguns piores de cada pessoa que por mim passava.
Dessa forma, tinha boas atitudes apreendidas com fulano e péssimas atitudes apreendidas com beltrano.
A única frase que não me abandonava era "a virtude está no meio", sinônimo do equilíbrio nem sempre possível e hoje sei que nem mesmo é aconselhável equilíbrio em tudo.
Um pouco de loucura pode curar. A insanidade pode conter aqueles que querem nos prejudicar. O extremo pode afastar alguns que não merecem estar na nossa vida. Algum transtorno, diagnosticado ou não, mas manifestado na hora certa pode ter efeitos terapêuticos para nós e para aqueles que de nós se aproximam porque querem ou para aqueles que convivem conosco por laços inquebrantáveis.
Recebi um telefonema relatando uma situação trágica (se não fosse cômica... rs...) com uma pessoa muito querida e observação do tipo "ela não poderia ter ido lá", "ela não deveria ter entrado no local", "ela não poderia ter reagido daquela forma", "ela somente agiu daquela maneira em razão do que a outra pessoa fez".
Somente consegui dizer para meu interlocutor "foi a melhor coisa que poderia ter acontecido" e ante o suspiro atônito e incrédulo do outro lado da linha continuei "somente assim para curar, com reações fortes para dar um fim à situação e não havia outra maneira de terminar de uma vez por todas". No final acabamos rindo e rindo a pessoa foi falar para a outra me ligar.
"Eu fiz errado! Eu não poderia ter feito isso! Fiquei pensando agora @#$%$#@ tudo!" e lá vou eu de novo "Você fez o melhor que a situação exigia. Precisava disso para ter um ponto final. Agiu corretamente." "@#$%ˆ@ já estava!". Mais um ser humano rindo da própria situação que não é das mais cômodas ou recomendável, lembrando que as atitudes da parte contrária já causaram muitos dissabores para essa pessoa muito querida, mais dissabores que se possa imaginar e que quase acarretaram situações terríveis.
Enfim, a virtude está no meio, continuo achando isso, mas... existem horas, momentos, situações, pessoas, frases, atitudes que devem nos jogar para os extremos, exigem que sejamos reativas de uma vez por toda, pedem uma atitude que assuste até!
Quem está passando por uma situação complicada deve analisar muito bem qual o melhor caminho a seguir, ponderar quais os caminhos possíveis, tentar de todas a formas a saída mais equilibrada, mais recomendável, menos traumática e se essa situação possui outra pessoa do outro lado e essa pessoa simplesmente não colaborar: reaja! defenda-se!
Para algumas coisas chegarem a um final satisfatório às vezes é preciso radicalizar, como radicalizei com o ano sem compras, como radicalizei ao simplesmente "cortar e ignorar" certas amizades, como radicalizei ao fechar as portas a tudo que me fazia mal e poderia ser dispensado.
REAJA E JOGUE A CULPA PARA CIMA. Que a culpa entre em órbita e que você fique com os dois pés fincados na racionalidade e o coração voando com os sonhos de uma vida melhor.
Verdade que radicalizar às vezes é a solução. Consegui me livrar de vários tormentos ou pessoas atormentadoras tomando medidas radicais. Acham que sou maluca, ótimo, provavelmente achavam que era trouxa antes, então devo ter evoluído. Simpatia e educação é confundido com idiotice. Isso de outra pessoa não colaborar pode ser que a pessoa se acha no direito de não mudar e continuar fazendo/sendo como é, então quem tem que tomar providência é quem está sofrendo as consequências. O choque é mais eficaz do que o jeitinho. Já cortei várias pessoas/situações de forma definitiva, aí quando isso ocorre o cortado fica se perguntando o que fez para isso acontecer. Olha, se a pessoa nem sabe o que fez, não se importou conosco, então nem tem jeito mesmo, não dá é para implorar consideração.
ResponderExcluirVerdade isso que você disse... as pessoas acham que por sermos educadas e simpáticas somos idiotas e não estamos vendo o que acontece... ultimamente tenho uma pessoa me aborrecendo "nossa, hoje a doutora por aqui???"... e desde quando eu tenho que dar satisfação... tenho apenas sorrido e o perigo é quando eu surtar... !!! rs
ExcluirEu precisava ler isso hoje... Acabei de jogar a culpa pra cima! Obrigada!
ResponderExcluirÉ difícil que nos convençamos... mas a culpa não leva a lugar algum!!! De verdade!!! Não podemos voltar e fazer de novo.. então, o jeito é deixar pra lá...
ExcluirAdorei, que bom ler isso.
ResponderExcluirCreio que isso de que a pessoa tem que estar ou consegue estar sempre equilibrada, é uma lenda.
Acho q nunca li um post tão bom sobre isso do equilíbrio do mieo. É bem isso, algumas loucuras colocam as coisas nos eixos.
E sei, por experiência, que tentar fingir equilíbrio, uma hora a pessoa não aguenta e desmonta. Então concordo que alguns pequenos surtos digamos servem para equilibrar as coisas, por mais contraditório q isso seja.
Amei o post, pra começar bem o dia!
Obrigada Ziula
bjssssss
Cris, ninguém fica equilibrado 100% do tempo, mas também não é preciso ficar surtado 100% do tempo... é preciso medir os efeitos e ver se estamos dispostos a assumir as consequências... agir e não agir... ver o que é melhor!!!
ExcluirAté a questão de fingir equilíbrio é interessante.. mudei alguns comportamentos inicialmente fingindo e depois se tornaram hábitos... fingir também pode ser bom...
Beijos
Nossa Ziula, por acaso te contei o meu drama em sonho?
ResponderExcluirMenina, ontem eu li esse post e já me identifiquei. Hoje, ao ler essa situação velada, parecia que vc estava falando de mim. Claro que os fatos são outros, mas os conselhos me serviram como uma luva. Sou super da paz, mas hoje tive que surtar um pouquinho. O caminho do meio não está funcionando, então vou usar o extremo. Depois te conto no e-mail.
Beijos
Zilda, estou com saudades!!! Se quiseres manda um e-mail... estou torcendo pela sua felicidade!
ExcluirBeijos
Gabriela, muito válido a sua opinião. Preciso levar em conta situações assim. As pessoas pensam que somos trouxas, por sermos equilibradas. Ás vezes temos que descer do salto para nos igualar a elas e tomar pulso da situação.
ResponderExcluirObrigada pelo toque.
Zilda
Descer do salto pode causar um susto tão grande que a pessoa entra em choque e para de importunar... rs...
ExcluirBeijos