sábado, 5 de julho de 2014

Quanto custa um filho?

A Gabriela deixou um comentário por aqui com a pergunta: Quanto custa um filho?

Fiquei pensando, pensando, pensando... cheguei a fazer alguns cálculos, estimar valores e percebi que não era nada disso. As despesas de um filho variam conforme as condições da família, escola pública ou particular, hobbies, passeios, costumes alimentares, necessidades pessoais de roupas/sapatos, forma da família lidar com presentes, hábitos de leitura e forma que preferem para exercê-lo (livros físicos ou kindle), cursos que realizam, transporte que utilizam. Enfim, são tantos fatores que não é possível mensurar exatamente "quanto custa um filho".

Importante, entretanto, quando se trata da responsabilidade sobre outro ser humano é lembrar do quanto somos espelhos para nossos filhos, para o bem - o que eles querem ser e para o mal - o que jamais eles pretendem ser na vida, tudo conforme o sentimento que neles despertamos com nossas atitudes.

Meu filho mais velho começou a trabalhar com quatorze anos como office boy em um sindicato em Curitiba, bem esclarecido que naquela época a Constituição Federal permitia. Saía às 07h00 para a escola e de lá pegava um coletivo para o trabalho, chegando em casa às 19h00. Por vez eu o encontrava no calçadão da XV e parecia um trombadinha. Quando eu questionava sobre as roupas, ele simplesmente respondia que transportava dinheiro, não poderia chamar atenção e precisava parecer como o povo que fica por lá parado esperando as pessoas bem arrumadas que por lá passam.

O Renato tinha até um assaltante de estimação. Era aguardado à algumas quadras de casa e o rapaz pegava o seu vale transporte e a coca-cola que ele vinha tomando, segundo o meu filho ele até deixava um pouco da coca para entregar no assalto. Ainda bem que o furto ficou só nisso.

Por vezes se queixava de que estava perdendo a adolescência. Nunca mais deixou de trabalhar, nem mesmo na época da faculdade. Também não morou longe de mim. Saía às 06h00 de Cornélio para Londrina para cursar a faculdade, retornava às 13h00 e 13h30 já entrava no trabalho agora em serviços internos.

Enfim, trabalho é uma ótima forma de mostrar para nossos filhos como é a vida lá fora e desenvolver valores como responsabilidade, respeito pelo próximo, como conseguir meios de subsistência, disciplina, respeito à hierarquia, ética, moral, honestidade.

Quando passou na OAB recebeu uma proposta de um escritório para trabalhar como empregado em um escritório onde havia estagiado até alguns meses antes (saiu somente para estudar para a OAB) e, bastante inseguro, perguntar o que eu faria.

Sempre dizem que não se responde uma pergunta com outra pergunta, mas fiz apenas algumas perguntas:

- Daqui cinco anos, o que estará escrito na placa se você voltar para aquele escritório?.
- O nome da pessoa e se eu tiver o meu escritório estará lá meu nome - e disse o nome dele completo com todas as letras e com todo o orgulho que se pode esperar de quem lutou para chegar até aquele local.

- Daqui cinco anos, como estará sua vida financeira?
- Estarei ganhando pouco mais que o salário mínimo e 10% de comissão, sendo que se eu tiver meu escritório meu ganho será bem maior e não terei que ficar dando satisfações e fazendo as coisas da forma dos outros.

- Pois é, meu amor, então você não precisa de conselho algum!!!

E lá foi achar um sócio e estão juntos até hoje. Acredito que faz sete anos. Desde o mês passado em um escritório maior e muito feliz e muito realizado na profissão.

Aí entra outra situação que falamos essa semana aqui em casa.

Trabalho é um meio de vida e não um meio para encontrar a morte.

Quando a pessoa é muito responsável quer que tudo dê certo para aqueles por quem se sente responsável e somente quem tem empatia para com as pessoas que tem contato vai me entender. Essa empatia e essa responsabilidade leva à situações de frustração, aliás muitas situações na vida nos trazem esse sentimento.

Assim, é importante que saibamos separar vida pessoal de trabalho. Trabalho: terminou o expediente, fechou a porta e a prioridade é a família, os amigos, o lazer, o esporte, sem levar toda a carga emocional para casa e sem deixar que as frustrações profissionais interfiram no nosso humor e no nosso amor.

Bem, como se pode ver, o custo de um filho é incalculável e ficaremos a vida inteira sendo o porto seguro, o exemplo a ser seguido ou não, o muro de lamentações, a brisa de conforto, o furacão da crítica e tudo mais que possa haver na mais complexa das relações que existe: mãe/filho (a).

Vai depender de nós, mãe/pai, a forma como vamos manter essa relação ou o inevitável fim da relação por incompatibilidade de gênios... nós escolhemos! E eu escolho continuar dedicando toda minha a meus filhos, não importa o custo, não importa o tempo, não importa mais nada!!! Quero é continuar cuidando e me dedicando aos meus filhos!!!

2 comentários:

  1. E isso aí Ziula, mas deve ser frustrante a família não conseguir dar o que ela considera essencial para o filho. Ou a luta que deve ser para manter esse essencial.

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    1. Deve ser frustrante a própria pessoa não conseguir atender suas próprias necessidades, mas é possível passar valores e com eles os filhos seguem de forma combativa na vida...

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