segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

E o Natal passou... e prefiro a vida fora dele... (parte final)

E já era terça-feira com Maria e seu filho devidamente instalados apesar do descaso do pessoal que deveria estar ansioso pela chegada deles que acontece apenas uma vez por ano e talvez por essas e outras aconteça apenas uma vez por ano...

Sua mãe oferece para fazer o frango com passas e vinhos. Maria concorda apenas ressalvando que não coloque molho de tomate como no ano anterior porque fica muito ruim e não é da receita.

Todos almoçam relativamente felizes e à tarde todos tem dor de barriga e idas e idas ao banheiro. Por isso Maria sempre enfatiza quando vê alguém cozinhando:

- Somente cozinhe se for com amor! Se estiver de mau humor não cozinhe e não faça nada para pessoa alguma! Toda sua energia passa para a comida!

E dito e feito... toda a energia ruim da mãe de Maria foi para a comida e teve efeitos péssimos em todos que participaram do almoço.

Veio a véspera de Natal e Maria tomando a frente de tudo... caso contrário não haveria ceia. E além disso lava louça, arruma cozinha, com alguma ajuda de sua irmã.

O clima permaneceu o mesmo apesar de todas as conversas com sua mãe. Um clima péssimo.

Somente mudavam os ares quando chegava alguma visita. Nessas ocasiões a mãe de Maria se desmanchava em gentilezas, servia doces, bolos e salgados para as visitas, conversava e saía da cadeira próxima ao fogão. Bastava a saída das visitas e o climão se instalava novamente sem que nenhuma palavra fosse dita pelo ser.

Nesse dia a mãe de Maria perguntou se alguém queria tortéi. Todos sorriram animados. Afinal, é uma tradição o tortéi feito por ela e ninguém pode considerar ter ido para Lagoa Vermelha acaso não tenha comido esse prato. Bem... a mãe de Maria foi para o salão fazer unhas, pintar e cortar o cabelo, chegando no horário do almoço. Sorte foi um sobrinho ter aparecido e assumido a cozinha, inclusive assumindo o dito tortéi.
Noite de Natal, pai e mãe de Maria totalmente distraídos em seus respectivos celulares, desejando a todos os distantes um Feliz Natal pelo facebook e whatsapp,  ignorando totalmente aqueles que estavam na sala à espera de alguma atenção.

Dia 26 finalmente Maria, seu filho e sua irmã foram embora e antes mesmo da chegada do horário do almoço. A mãe de Maria, pesarosa, pediu desculpas, disse que seu ano foi dificil e que não era para levar a mal, demonstrando total consciência dos atos até então praticados.

Talvez o pedido de desculpas tenha sido uma demonstração de felicidade por finalmente poder se livrar da obrigação de receber alguém em casa ou na casa próxima e poder voltar ao marasmo que é sua vida.

Bem, aqui gostaria Maria de entender os maus tratos recebidos e como as visitas foram tão bem recebidas... ficou Maria a pensar: será que existe meia depressão? Queria Maria entender porque seus pais largaram os celulares e aplicativos para conversar com as visitas, ao passo que quando somente havia Maria, seu filho e sua irmão ficavam, pai e mãe, totalmente absortos nos celulares e computadores...

Enfim... assim segue a vida... e a história daqui para a frente seguirá feliz para Maria, pelo menos até o próximo Natal será muito feliz!!!

Durante todo ano receberá Maria declarações de amor de sua mãe pelo whatsapp...

Um comentário:

  1. Bah, será que não é por visitar só uma vez ao ano que pode ter tido esse pouco caso? Pois, se invertêssemos a situação, teria Maria tanto entusiasmo e ansiedade para ver quem a visitasse parcas vezes? Eu não costumo receber visitas, uma vez tinha combinado com uma amiga desde a 3 série do colégio para irmos tomar um sorvete na argentina e voltar, coisa rápida, só atravessar a ponte. Ela ficou floreando tanto que fiquei braba e disse que não queria mais que ela passasse lá e tal, que ia depois com minha mãe, o que de fato ocorreu, no dia seguinte. Essa amiga depois foi a POA e queria parar lá em casa, acho que tinha inclusive comprado alfajores para a hospedagem pelo que entendi. Fiz o mesmo pouco caso e não ofereci em nenhum momento, nem passeio. Ficou um tempo sem falar comigo também, mas depois passou nossa ira recíproca.

    Os meios eletrônicos de comunicação naturalmente aproximam pessoas distantes e afastam pessoas próximas, isso é natural, e o meio de mudar isso também deve ser natural e fortes laços não se abalam por meio digital, ao contrário, até aproximam.

    Minha mãe tem o computador como divertimento. No início era não quero, não gosto. Hoje uma distração e algumas coisas sabe mais que eu, isso que uso a risca desde 97. Minha sogra ganhou um ipad e já passa nos joguinhos, já publica coisa em rede social. Acho isso ótimo, e dá pra conversar horas com elas também pessoalmente ou por telefone.

    Acho que Maria tinha que ter sido mais tolerante, pois, além de ser uma coisa natural que não exclui a outra, temos que ser a mudança que queremos no mundo e tenho certeza que ela não cozinhou de má vontade não, mãe fala isso mas adora. A minha também, queria porque queria almoçar em restaurante e nós não. Tu acha que ela não gostou? Só fala que não quer pilotar fogão e tal, mas no fundo gosta.

    E se a da Maria largou o tortéi para se emperiquetar , bem que ela fez!!! Primeiro a própria auto-estima, ou será que iam preferir ela sem cabelo pintado, e tal? Pois se o sobrinho assumiu , quer dizer que aprendeu com ela e esse é o espirito de Natal. União. Um ajuda o outro.

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