terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Influência dos pais sobre as crianças (2)

Fugindo do assunto principal desse blog para relatar uma experiência que passei ontem, sempre com o intuito de ajudar outras pessoas que passem pela mesma situação.

Saímos eu e meu filho mais novo, Pedro Henrique, para caminhar. Ele queria ir de bicicleta. Pneu furado. Caminhamos menos do que costumamos. Em casa, assistimos televisão até a fome bater. Sanduíche com pão integral, requeijão, atum e muuuiiitttaa alface. Falei para ele:

- Esse sanduíche foi feito com muito amor, muito carinho e mmmuuiiittaaa alface !!!

Aqui um parênteses.

Crianças comem o que tem em casa. Os pais são responsáveis pelas compras. Logo, se seu filho somente come guloseimas, bolachas recheadas e outras coisas pouco saudáveis, não me venha com a conversa de que ele não gosta de comida de verdade. O mentor dessa orgia alimentar prejudicial é você - pai, mãe ou outro responsável pela criança.

Se por acaso seu filho estiver obeso e não tiver nenhuma doença que o leve a isso, novamente repito o responsável são os genitores.

Brinco com meu pequeno no mercado e ele só tem nove anos:

- Pegue um carrinho como as outras crianças e encha de porcaria! Seja criança uma vez na vida!

Ao que ele responde:

- Pois é. Depois as mães não sabem porque os filhos são gordos.

E essa situação perdura desde que ele era muito novinho. Sempre foi assim. Não posso dizer se tenho algum mérito nesse comportamento!

Fecha parênteses.

Depois do sanduíche,  lavou as mãos e quando olhei estava com o rosto todo molhado. Comecei a rir e parei logo que percebi os lábios tremendo e ele disse:

- Estou chorando!

Perguntei o que estava acontecendo e a resposta me deixou assustada:

- Tenho medo que você morra e tenho medo de morrer.

Abracei forte e expliquei que isso era amor demais, amor que transborda. Contei que já me senti assim e chorei demais só de pensar em perder alguém. Tentei explicar que as pessoas mesmo depois que morrem permanecem em espírito acompanhando e cuidando uma das outras.

Ele falou que tinha medo da morte de todas as pessoas, não só dele e minha, mas também irmãos, pai, tios. Simplesmente abracei e deixei chorar.

Achei que tinha acalmado e ele começou de novo, perguntando quem cuidaria dele se eu morresse, tendo eu explicado que poderia ser seu irmão, seu pai, seu tio, sua tia, que todos o amavam e iriam cuidar dele com o mesmo carinho com que eu cuidava.

Quando meu filho mais velho chegou, Pedro Henrique perguntou se eu havia contado para ele e eu quis saber se sentia vergonha por ter chorado, ao que respondeu não sentir nenhum constrangimento.

A surpresa veio quando o mais velho deitou na cama com a gente e o pequeno contou rindo que havia chorado, quando mencionei que ele queria saber com quem ficaria se eu morresse. O mais velho falou, também dando risada:

- Tenho certeza que vai querer ficar comigo.

Pedro Henrique dormiu e lá fui eu para a internet pensando ser a única mãe do mundo com um filho que tem medo da morte. Surpresa. É normal em crianças de nove anos e eu agi corretamente. Fiquei me achando.

Desde que assisti um vídeo sobre as reações que devemos ter diante de pessoas feridas, nunca digo uma palavra quando ele se machuca, apenas abraço, se necessário faço curativo ou levo ao médico e explico que sei como está doendo.

Nunca deixo de me surpreender quando passo por um problema e ele simplesmente me abraça e, por vezes, chora comigo, sem dizer uma única palavra.

Ora, não podemos dizer para as crianças, como também não gostamos de ouvir, que "não é nada" ou "já vai passar', pois sempre é alguma coisa, sempre é uma dor, uma perda, uma frustação e nessa hora a sensação de todo mundo é que vai demorar muito tempo para as coisas voltarem ao normal.

Enfim, nossas crianças são guiadas e confortadas por nossa reações. Apenas devemos pensar rapidamente como reagir e nos deixarmos guiar pelo amor, pela forma como gostaríamos de ser tratados.

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