terça-feira, 19 de agosto de 2014

Experiencia compartilhada - Fernanda... e o destralhe

Um relato deixado pela Fernanda sobre sentimentos despertados pelas coisas acumuladas e a necessidade de destralhe:
"Meu problema é que começo a destralhar e, de repente, me bato com algumas coisas que não tenho coragem de me desfazer. Sabe aquela coisa, ah, foi caro .. ah, nunca usei, como posso me desfazer, tá novinho?

Tenho uma coleção de DVD´s (mais filmes clássicos) de filmes que adoro, de uma época que fazia coleção, selecionava os DVD´s de filmes que amava e saia comprando. Como me desfazer? Consegui tirar uns 70 DVD´s de filmes que não gostava tanto assim, mas os outros .... cada um que eu pego digo: “mas eu amo este filme, como vou me desfazer?! Ao mesmo tempo, será que ainda vou assistir algum deles novamente? Fico pensando que eles vão ficar lá guardados por anos, até não existir mais DVD nem aparelho de DVD.... Tento nem pensar no dinheiro que gastei neles ...

Tenho várias bolsas ... mas termino quase sempre usando duas no trabalho: uma preta e uma marrom. Já me desfiz de algumas bolsas mas tem umas que não dá .. estão novas e são de couro e lindas .. Fora que tem bolsa para tudo quanto é tipo de roupa e ocasião: bolsa carteira, bolsa de festa, bolsa a tiracolo, maxi bolsa, bolsa social, bolsa para viajar, bolsa de praia, modelos de bolsas para combinar com tudo quanto é roupa.... Dá tanto trabalho ter tanta coisa, né?

Mas é isso mesmo? Devemos nos desfazer de tudo e ficar, por exemplo, só com duas ou três bolsas? Este processo me faz ficar confusa às vezes ... Às vezes fico meio perdida nos critérios que devo usar. O problema é que não me sinto feliz em ter tanta coisa ..

Tudo bem, o certo seria não ter comprado tantas coisas ao longo dos anos ... o certo seria só comprar quando realmente precisasse.... o certo seria eu ter a bolsa marrom e a preta e uma de festa, sei lá ... Mas depois que já temos, qual a solução? Parar de comprar, com certeza, é o primeiro passo! E o que fazer com o que já se tem e que, infelizmente, já foi comprado?

Sabem, neste meu relato que a Ziula postou esqueci de algo importantíssimo: o destralhe da mente! Este sim, é muito difícil. Mas, meu problema é que primeiro quero destralhar o físico. Quero destralhar minha casa e depois partir para a minha mente. Sou uma pessoa estressada, agoniada, que quer tomar todos os problemas dos outros para si .. não quero mais ser assim... minha mente trabalha o dia todo, tem vezes que acordo de madrugada só pensando nas coisas ...

Por outro lado tenho me sentido muito feliz com tudo que tenho lido na Internet sobre este assunto. Tenho me sentido feliz, como se alguém tivesse me dado uma sacudida, me fazendo perceber que o bom é ter uma vida mais simples!"

Esses sentimentos penso ser comum às pessoas que um dia compraram por impulso ou para que pudessem se sentir "enturmadas" ou porque estavam carentes e queriam a atenção de alguém mesmo que fosse a atenção dada pela vendedora comissionada.

Lembre-se: a maioria dos vendedores recebe comissões, tem metas para cumprir, recebem treinamento e não são necessariamente amigos para todas as horas. Estou aqui falando daqueles que você só encontra na loja e nada mais, mas que parecem amigos íntimos pelo modo como te tratam e pela forma como você "desabafa" com eles na tentativa de aplacar a solidão.

Fernanda, as coisas difíceis tenho guardado e tenho certeza de que uma hora fará sentido destralhar!

CD's e DVD's destralhei muito e ainda sobraram muitas caixas. Não tenho aparelho de DVD em Londrina e em Cornélio está guardado no roupeiro... rs... tenho certeza de que se as caixas sumissem não fariam a menor falta e já disse aqui que "na próxima semana faria a doação de uma caixa de DVD's"... isso ainda não acontece e um dia faço a doação sem nem olhar o que tem dentro... rs

O limite do destralhe é o que nos faça sentir bem. Tinha um armário cheio de bolsas e se olhar o blog vai ver as fotos... hoje tenho duas prateleiras. Tem algumas que não uso? Com certeza, mas também tenho a certeza de que uma hora consigo me desfazer. Quanto à usar sempre a mesma, minha irmã diz que não aguenta mais minha bolsa preta... pudera, uso quase diariamente desde dezembro de 2007 ou 2008  e está nova... daí quando nos deparamos com algo de longa durabilidade ... estranhamos!!!

Tenha paciência e vá fazendo o que te deixa feliz e sem peso na consciência!

Quando compramos estávamos em uma fase em que o melhor que poderíamos fazer era isso... precisávamos disso... agora é preciso deixar a culpa de lado e realmente deixar o que é importante sem pressa e sem pressão.

O destralhe da mente é algo que acontece naturalmente quando nos livramos do excesso de coisas físicas ... fique tranquila!!! Um armário arrumado com cuidado, um destralhe bem feito e nesse meio tempo vamos organizando também os pensamentos. Eu tinha um psicólogo com uma sala cheia de almofadas e ele me fazia organizar as almofadas dizendo que organizaria os pensamentos... penso que é assim que funciona.

O bom dessas coisas da internet é que sentimos que não estamos sozinhas nesse caminho porque normalmente convivemos com pessoas que não estão nem aí para o controle da própria vida... 

E vamos seguindo... um destralhe de cada vez... uma coisa de cada vez... e mais tempo e mais qualidade de vida a cada dia!

Boa sorte para nós!!! 

6 comentários:

  1. Ziula, cada dia que passa gosto mais de ler seus comentários. Estou tentando ler os do início do blog para pegar o fio da meada. Às vezes vejo situações que já vivi também.
    Sabe, hoje eu estava no Shopping e lembrei do blog quando olhava as vitrines e a tentação aparecia. Na hora lembrei de uma coisa que você escreveu certa vez que dizia algo como os modelos das vitrines ficam nos chamando e até choram quando vamos embora. Comecei a dar risada sozinha, olhando as vitrines e não é que você tem razão? Elas nos chamam mesmo e choram quando não entramos.
    Infelizmente, hoje caí na tentação e comprei um sapato em promoção. Já tinha namorado este tipo de sapato em outras ocasiões mas hoje não resisti por causa do preço. Acho que me arrependi, não queria ter comprado nada, já tinha me prometido que só compraria sapato quando já tivesse gasto bastante os meus.
    Enfim, pelo menos, no caminho de volta para casa, fui visualizando mentalmente meus sapatos e provavelmente, irei tirar e doar pelo menos uns 3 ou 4 pares que acho que não vou mais usar.

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    1. Fernanda ... a recíproca é verdadeira... cada comentário me faz refletir muito...

      Essa cena das manequins acenando é de um filme "Os Delírio de Consumo de Becky Bloom"... e não canso de assistir... e muitas pessoas agem como a menina no início do filme... rs

      Penso que um deslize aqui e outro ali não desmerece nossas tentativas... e nossas maiores resistências.. aproveite muito o sapato...

      E pelos menos tres ou quatro pessoas ficarão felizes com seus sapatos não usados...

      Percebeu a diferença de ontem para hoje? Conseguimos desapegar mais fácil...

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  2. Ah, quanto ao problema da agonia por ter tanta coisa e querer se desfazer urgente é que, pelo menos para mim, quando descobrimos coisas como desapego, destralhe, ter menos coisas, levar uma vida mais simples, guardar dinheiro para fazer o que se gosta, parece que descobrimos a pólvora. .. porque ninguém nunca nos disse isso? ?? A vontade de fazer tudo de vez, a vontade de dizer não ao consumo desenfreado, a vontade de organizar a casa, se desfazer de coisas inúteis, de saber dizer não às pessoas, de ser feliz com menos ... Quando a gente descobre, queremos tudo isso já. Temos pressa em recuperar o tempo perdido mas aí nos damos conta que não é tão simples assim. .. existe um longo caminho a percorrer e isso pode nos frustrar.

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    1. Pois é... aí está o grande mistério da vida... porque não nos disseram antes que poderíamos consumir moderadamente e investir o suor do nosso trabalho em situações que nos tragam qualidade de vida e não dívidas?

      Mas... já que descobrimos sozinhas... sigamos em frente e passemos isso para nossos filhos ou para as pessoas próximas mesmo que elas não entendam de imediato...

      O caminho penso que deve ser percorrido devagar para que cada ato seja consciente... fique tranquila porque quando entramos não nos frustramos... acredite!!!

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  3. Olá, vc escreveu "O bom dessas coisas da internet é que sentimos que não estamos sozinhas nesse caminho ..." verdade! Fiquei muito feliz em encontrar o seu blog e ver que não estou sozinha em pensar "sim, eu posso - mas não preciso disso para ser feliz". Gostei das suas observações sobre consumo, sonhos etc.

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