segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Sobre consumo e sobre desinteresse em entender sua extensão...

As pessoas, de um modo geral e ressalvando as pouquíssimas exceções, não tem qualquer interesse nos assuntos referentes a consumo consciente, organização financeira, motivações ao consumo desenfreado, destralhe para manter a consciência sobre o que realmente é necessário adquirir.

Estranho tanta indiferença em um mundo onde as pessoas estão endividadas, estressadas em razão dessas dívidas, irritadas pelos apelos feitos pelos filhos para comprar determinados produtos, cansadas das exigências do grupo de amigos/colegas quanto ao que precisam consumir para que possam ser aceitos, frustradas por não terem o mesmo padrão e consumo do seu colega, vizinho ou seja lá quem for da convivência diária.

Pessoas que se queixam o todo tempo, pessoas que falam "ah! um dia vou ter essa organização", pessoas que dizem "se eu controlar o que eu gasto fico louca", pessoas passando preocupadas pela vida porque o dinheiro mal chega ao final do mês, pessoas que tentam não pensar nisso e vivem de consignado em consignado ou de empréstimos constantes.

Cartões de crédito com infinitas prestações. Faturas de cartões de crédito parceladas com juros superiores a 10% ao mês. Cheques pré-datados. Prestações em lojas as mais diversas. Tudo é possível comprar hoje em dia, o crédito é relativamente fácil. E lá vão realizando desejos imediatos para deixar produtos e sacolas atirados em um canto. Satisfação imediata de desejos que, se pensados e ponderados, poderiam ser adiados ou mesmo eliminados.

E ainda tem aquelas que querem impor o consumo para outras pessoas. "Não, eu não quero comprar" e a outra diz "Mas você pode parcelar". "Não, eu não uso mais isso" e a outra diz "Vou te mostrar porque está lindo, foi feito para você". Algumas resistem a esses apelos e suportam a cara feia ou frustrada de quem acha que elas tem que consumir. Outras cedem para "ajudar" e se prejudicam, prejudicam os sonhos, prejudicam os projetos, prejudicam o orçamento.

Ultimamente várias pessoas me olham de forma estranha ou fazem comentários do tipo "você pode!", "você não precisa planejar", "você está dizendo que não pode???"... Ora, ora, ora... nem tudo que eu posso eu realizo, eu preciso "precisar" de algo; eu planejo mas não coloco um neon na testa comunicando ao mundo os meus planos; posso ter condições de fazer muitas coisas, mas se eu ficar comprando bobagens inúteis certamente tudo que é importante será adiado.

Outras pessoas acreditam na sua própria suposta incapacidade para mudar. Controlar as finanças é chato (e isso é verdade), deixar de comprar é frustrante (verdade, mas somente enquanto essas compras são utilizadas para tentar preencher seu próprio vazio existencial), cortar determinadas despesas pode trazer sensação de impotência perante a vida (no começo sim, depois é só alegria), rever conceitos é doloroso (com certeza, mas crescer também dói).

Então, a grande questão é buscar informações externas e vasculhar internamente o que nos fez chegar onde estamos e a partir daí persistir ou mudar... sempre há tempo!


8 comentários:

  1. Oi Ziula,
    Eu sempre leio o seu blog e gosto muito dos seus posts. Mas, acredito que você não precisa e nem deva achar estranho as pessoas não terem interesse à respeito de organização financeira e consumo consciente. São duas categorias extremamente complexas e até pessoais. Tem pessoas mais conservadoras na hora de poupar e investir e outras mais ousadas.
    O que define o consumo consciente? O que é importante e necessário para mim, para você ou para o outro? Eu por exemplo detesto cachorros. Acho uma perda de dinheiro, tempo e energia...sem falar o cheiro que o dono nunca sente. Me irrita profundamente pessoas que comparam cachorros com serem humanos. Já outras pessoas morrem por seus bichinhos e eu as respeito por isso. Cada um é cada um.
    Quanto ao destralhe, eu considero até um modismo, tudo que eu tenho, gosto muito e é escolhido a dedo. Adoro uma casa bem decorada com peças assinadas e de antiquários. Casa que tem vida, história e não uma casa "clean" fria. Tralha é muito subjetivo. Acredito que carregamos mais tralhas emocionais e por isso nos desfazemos das materiais que são mais fáceis. Continue escrevendo sempre! Você me faz refletir.
    Abraços com carinho,
    Rúbia

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    1. Rubia,

      Sei que consumo é uma opção pessoal, pensar em dinheiro também, o que talvez me cause estranheza é o sofrimento por que passam as pessoas que mencionei sem que tomem uma atitude para melhorar seu bem estar e sua qualidade de vida. Sim, por experiência própria sei como dívidas atrapalham todo tipo de relacionamento e para aquele familiar é um verdadeiro desastre.

      Quanto às pessoas que poupam e investem de maneiras diferentes penso que estão no caminho certo... mesmo que pouco, certamente tem segurança para realização de algum sonho e também para atender emergências. A questão são aquelas tão endividadas que nem começam a poupar ou investir.

      Já me senti, há muito tempo, como você a respeito de cachorros e hoje tenho a consciência do ganho emocional que eles trazem, mas da mesma forma como o consumo, ninguém é obrigado a pensar igual.

      Não vivo em uma casa sem nada, mas hoje vivo em uma casa bem melhor, mais fácil de limpar e organizar. As peças que terminaram por ficar são aquelas que vieram de algum "lugar", foram "assinadas" por alguém ou foram presentes de alguém muito especial... sempre ressalvando que trazem boas energias e não me causam sensações esquisitas.

      Quando falo de destralhe refiro-me às coisas que trazem uma sensação ruim, são extremamente inúteis, só ocupam espaço, não são usadas e não fazem mais o menor sentido para mim... logo, como sempre ressalto: o que é importante depende de cada pessoa... para algumas muitas coisas são importantes, para outras poucas coisas trazem paz... é realmente muito pessoal...

      Abraços

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  2. Olá Ziula! Nunca comentei, mas resolvi comentar hoje porque seu post veio em boa hora. Todos eles são excelentes... Tenho entrado diariamente pra ver se você postou algo novo. Adoro seus textos reflexivos. Um beijo.

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    1. Mariana, que bom você gostar desses textos, na realidade são reflexões e até desabafos que me fazem muito bem. Beijo.

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  3. Parabéns pelo excelente trabalho que tem feito neste blog. Penso exatamente como você a respeito do consumo desnecessário e em como isso se tornou obrigatoriedade social. Você não está só e a cada dia mais pessoas são adptas deste estilo de vida.

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    1. Obrigada!!! Espero que a cada dia mais pessoas dêem valor ao que realmente importa... vivências e não aparências!

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  4. Olá Ziula. Identifiquei-me muito com o seu post. Às vezes sinto-me completamente desenquadadra e as pessoas acham que eu sou uma chata. Tenho interesse diferentes, por uma vida mais natural, sustentável e livre. Francamente, ninguém quer falar dessas coisas... É só férias, festas, compras... O meu salario dá à justa para as despesas mensais e não posso mesmo esticar-me. às vezes compra alguma coisa fora do orçamento (ainda não me controlo a 100%) e isso torna-se tão pesado que fico vários meses apertada para recuperar. Para economizar algum dinheiro também é necessária uma grande displicina e optar por compras muito restritas e económicas, inclusivamente de comida.
    Mas o que posso dizer é que o seu blog é um grande incentivo para mim. Sinto-me acompanhada, acredito que seja possivel viver cada vez melhor e em consciencia.
    Beijinho

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    1. Ana Margarida, por aqui penso que algumas pessoas também me acham chata, como também me acham chata em muitos outros lugares e isso na realidade é mais um incentivo para viver diferente... rs
      Esses imprevistos realmente nos deixam meio sem norte, mas acho que nesse caso é como você falou: controlar nos meses seguintes...

      Obrigada por aparecer sempre!!! Beijos

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