terça-feira, 7 de julho de 2015

E o consumo novamente...

Hoje conversando com uma senhorinha e ela contou o que faria com um dinheiro que havia recebido:

- Ziula, cuido dos meus netos, quer ver as fotos?

- Gostaria muito!

- Olha esse bebê é irmão desse menino de nove anos. Cuido dos dois porque minha filha é meio... Adoro cuidar dos meus netos. Já disse para o mais velho que se desse certo receber minha dívida iria comprar para ele um PS3 (aparelho de vídeo game)... Sabe como é... a gente não quer que eles fiquem doentes por causa de uma coisa dessas!

- Como está o trabalho?

- Ah! Minha filha! Não consigo mais trabalhar, então faço uma faxina aqui e outra ali, às vezes ganho R$ 30,00 ou R$ 50,00 ou até mesmo um saco de arroz pelo serviço. Meus netos não passando fome é o que conta, não é mesmo?

- Com certeza! Que bom que a senhora consegue trabalhar mesmo que seja um pouco. Vá com Deus e que tudo dê certo com sua família!

E fiquei ali sozinha... pensando no vídeo game... na criança que ficaria doente acaso não o ganhasse... na senhora trabalhando doente... no dinheiro da dívida que seria gasto de forma tão sem sentido... 

À noite, conversando com meu filho mais velho e lá tinha ele uma história parecida, uma conversa com uma pessoa muito simples que tem como remuneração um salário mínimo.

- Renato, vou comprar um PSP (vídeo game portátil), aliás ... vou comprar dois... um para cada filho porque eles não sabem dividir!

- Meu irmão teve um e usava muito pouco porque eles querem mesmo é uma tela grande para jogar.

- Então, vou comprar dois tablets...

- Olha, eu não gosto de tablet para acessar a internet, não consegui acostumar.

- Pois é, o jeito vai ser comprar dois notebooks, um para cada um.

- Mas você já tem um notebook.

- É meu e não empresto para meus filhos, eles podem estragar.

- Ah! Tá!

E assim vão as pessoas mais simples atendendo desejos infantis que poderiam ser ponderados, explicados... atendidos conforme a situação da família melhorasse e somente talvez atendidos.

Fiquei pensando novamente quantas vezes fazemos as coisas para os filhos na hora errada, no momento financeiro incorreto e como também pisamos na bola.

A vida caminha e a consciência do que é certo vai se modificando... às vezes para melhor... às vezes para pior...

Entendo que temos responsabilidade com o estudo... estimular... propiciar cursos... boa escola e faculdade... depois eles deveriam ir buscar o próprio caminho e com as próprias pernas...

2 comentários:

  1. É bem assim mesmo, mas os coitados não tem culpa de querer o melhor para os filhos, mesmo que seja dessa forma. Minha mãe teve um faxineira que cuidava de um neto, depois virou dois e depois três. E o pai das crianças, o filho, não trabalhava porque 1 vez na vida arrumou um trabalho em escritório e nunca mais arrumou nada igual, então não queria "baixar o nível" e não trabalhava em nada, só em fazer filho e repassar para a avó cuidar. O pior que a avó, meio sem noção, fazia questão de pagar "escola particular" para as crianças e minha mãe foi verificar, a escola não tinha registro, CNPJ, nada, ou seja, as crianças não iam completar o 1º grau e ter o certificado. Minha mãe, que é professora do estado, insistiu com a avó que ela tinha que colocar na escola pública mesmo mas ela não aceitava tirar da "escola particular". Não sei o que deu, perdemos o contato.
    Pior mesmo, Ziula, foi a notícia absurda que tive segunda feira: Uma mãe conhecida minha, classe média, deu o golpe no ex-marido, recebendo 4 mil de pensão por mês e não pagou o colégio do menor por todo o ano de 2014. Chegou o fim do ano, o colégio não renovou a matrícula e ela não pediu (não sabia que poderia pedir sem pagar os atrasados, na certa) a transferência da criança de 12 anos para outra escola (nem que fosse pública!) e a criança ficou de janeiro a junho de 2015 sem estudar em escola nenhuma. O pai descobriu por acaso, foi no colégio visitar a criança e ela nem estava matriculada e a mãe fazendo a criança mentir desde o início desse ano para o pai, dizendo que estava ocupada com trabalhos de grupo e provas etc. A mãe disse para criança que estava sem dinheiro e que esse ano ela não ia para o colégio. Essa mãe é pior do que madrasta! Mil vezes prefiro esses coitados comprando videogame para os filhos!

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  2. Hoje o PS3 tem preços bem menores, os jogos também, e é possível que essa senhora consiga um bom aparelho para o neto sem que gaste todo dinheiro recebido. Claro que o certo é primeiro ter uma estrutura melhor para depois gastar. Nós sempre gostamos e tivemos também, quando passei a comprar, percebi que meus pais não mediam esforços pra nos ver felizes, pois o que era o preço dos jogos, passei a terminar jogo antes de comprar outro coisa que antes não fazia, a comprar usado se tivesse muita diferença. E já vi gente comprar videogame bem de antigamente porque na época não teve e até a alugar depósitos pra armazenar.

    O Problema maior é que a gente está passando por uma época muito difícil, as empresas tem demitido pessoas a rodo, lojas grandes estão fechando, o dinheiro está bem mais difícil, por isso mais que necessário reter gastos ou se gastar pesquisar bem.

    Tenho uma colega que se mudou de um lugar alugado para outro lugar alugado maior e resolveu que iria comprar cozinha nova, quarto novo, quarto do filho novo, sala nova. Foi numa loja e fez todas as compras no carnê, pois não tem cartão de crédito e o marido tem restrições. Mentiu o salário dizendo receber mais e orientou outro colega da mesma função dela a se atender o telefone confirmar o valor maior, os dois que atenderiam o telefone. Ouvi isso e disse que eu ia falar a verdade, que não ia mentir, e que ia dizer o líquido ainda, o outro guri não parava de rir dizendo que era isso mesmo e que ele ia dizer que ela recebia menos para a loja não aprovar e ela não ficar com a dívida. A guria não saia de perto do telefone nem na hora do almoço pra atender a ligação da loja pois temia nossas brincadeiras. No fim a loja aprovou e ela ficou com prestações pros próximos anos, de mais da metade do salário líquido pra uma cozinha, duas camas, um sofá, uma mesa de centro, um guarda-roupas. Quando me falou eu só somei e olha, que ela não perca o emprego... pois deu mais de 15 mil. Eu falei, vai aos poucos, compra uma cama, paga, fica no colchão um pouco. Eu tive um tempo que nossa mesa em SP era uma caixa plástica e as cadeiras eram o chão, o armário eram outras caixas, aos poucos que foi adquirido e ainda assim só o que não poupamos era no ar condicionado, sofá, cama e mesa e cadeiras confortáveis, o guarda-roupas até hoje é o mesmo de 3 portas e não faz muita falta maior, seria bom pra poder guardar as malas, mas de resto dá pra aguentar.

    Também tem uma senhora que o setor dela todo foi demitido e ela disse que usaria o dinheiro pra terminar a cozinha, eu disse pra ela primeiro achar outro emprego e depois pensar na cozinha, mas enfim.

    Hoje o hábito de economizar é mais que necessário mas ele só funciona se a pessoa quer, se não. Eu acho que estou num nível tão de chata que fico questionando coisas que nem me dizem respeito, como por exemplo o gasto de papel. O guri que faz os visores das pastas aprendendo com essa dos móveis, gasta uma folha inteira e branca pra escrever o nome da parte e da outra parte, num tamanho pequeno, e todo papel restante ao recortado vai fora. Eu disse que era melhor juntar vários nomes e depois ir cortando, ele obviamente disse que "ai, como você é chata" e segue fazendo do mesmo modo e a pessoa que por enquanto é a gerente ainda deixa assim, mas acho que nessas pequenas coisas que tinham que ser revistos os gastos também, pois o gasto grande pode passar anos que tu lembra até os centavos, mas gasto baratinho não e nisso que vai o dinheiro como se tivesse asas.

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