domingo, 18 de setembro de 2011

Coisas que pareceriam óbvias até prá uma criança...



Em busca de novos olhares, novas perspectivas, novos horizontes, ontem estava lendo a "Fábula dos Porcos Assados" e para aqueles que gostam de assistir podem ir ao youtube para ver a fábula.

Eu tinha feito um resumo, mas com os links acima direcionando, somente farão a leitura aqueles que realmente se interessarem, o que importa na realidade é a análise do que é o bom-senso.

Se pararmos no nosso dia a dia para pensar nas pequenas e até nas grandes coisas e acontecimentos, ficaremos entristecidos pela forma como nos debatemos com elas e a solução está ali, radiante e pronta para ser usada, embora nosso condicionamento e até medo da mudança nos façam agir sempre da mesma forma.

A fábula trouxe inúmeras lembranças de situações que ocorreram comigo, embora ultimamente minha memória seja melhor para coisas engraçadas.

Pois bem, estava eu preocupada com a aparência dos meus olhos, pensando inclusive em cirurgia, considerando que diariamente as bolsas aumentavam e cada vez ficava com a pele mais vermelha. Certa vez, viajando e sem a sobrecarga de preocupação a que estou submetida diariamente, conclui sabiamente que a má aparência vinha sendo causada pelo excesso de cremes e fricções para passar todos estes produtos. Agora, fala sério, pareceria óbvio até para uma criança, já no primeiro dia de utilização dos produtos...

Outra situação muito interessante foi em relação a um soutien (ainda prefiro esta palavra à sutiã, porque parece que perde o glamour...rs) maravilhoso, com alças douradas e strass. Mais de ano sofrendo com o famigerado que soltava a alça o tempo todo e obrigava a ficar procurando um lugar discreto para fechá-lo novamente, até que em uma viagem, novamente viagem – desconexão, descobri que bastava apertar e fechar mais a presilha de metal que ele não daria mais problemas e foi examente isto que fiz e exatamente isto que aconteceu. Terminou o problema.

Em relação ao trabalho, fiquei surpresa quando consegui meu sonho de década e meia, qual seja, colocá-lo em dia. Conversando com uma colega lembrei de procedimento dela copiado, e considero um dos fatores de não ter mais nada atrasado, procedimento este que abreviou várias fases do trabalho e  foi interrompido em razão de uma conversa parecida com aquela que teve o incendiador com o Diretor Geral - personagens citados na fábula. Disse para esta colega que estava com vontade de voltar àquele procedimento e ela afirmou que desistiu, até porque agora está aplicando uma outra nova técnica em outra fase do processo... Assim ela ficará até que o Diretor Geral venha dizer novamente que não pode ser feito!

Todas estas situações demonstram ser necessário buscar no cotidiano momentos de desconexão para que possamos achar soluções mais rapidamente e ser imprescindível deixar de ouvir opiniões, superiores ou não, sobre o que devemos ou não fazer.

É preciso buscar novas soluções, sempre mais simples e constantemente buscar melhor qualidade de vida. Sair da linha de produção, usar a criatividade e resolver mais rapidamente situações que não nos são agradáveis.

Tenho lido muito ultimamente, não livros especificamente, mas relatos de pessoas sobre suas experiências no dia a dia, seus dilemas com pequenos e grandes e problemas, seus desejos de mudança e de uma vida melhor. Minha vontade de dar conselhos ainda não passou, mas estou bem mais controlada e somente sinto vontade de dizer qual a solução (pelo menos aquela que me parece melhor!!! e que até pode não ser a correta!!!), mas não o faço.

Quanto ao fato de comprar,  penso que o problema se encontra basicamente no condicionamento. Fomos e somos condicionados a entender que seremos vistos e tratados em sociedade conforme nos apresentarmos bem ou mal vestidos, de acordo com nossa moradia, carro, profissão e conta bancária. Duvido que alguém discorde disto! Existem pessoas que até podem tratar a todos de igual forma, entretanto, para um relacionamento amoroso ou mesmo de amizade, certamente buscará aqueles de mesmo padrão e se eu estiver errada, me corrijam, sempre lembrando que estou falando de regra geral e não de exceções.

Compras são atitudes que tomamos pelas razões acima, normalmente motivadas pelo desejo de enquadramento social e vontade de ser igual a alguém a quem elegemos como paradigma, normalmente pela forma como esta pessoa se veste ou pelas coisas que esta pessoa tem.

Na década passada fui comprar em Curitiba um jogo de sofá em um domingo, vestindo jeans, camiseta e havaianas. Eu dizia para o vendedor que queria aquele sofá marfim - um de dois lugares e um de três lugares - e ele oferecia outros modelos, outras cores, outros sofás. Até que disse que para ele incisivamente que já havia feito minha escolha e qual não foi minha surpresa ao receber a resposta de que aquele escolhido eu não poderia pagar... Eu sei, deveria ter virado as costas e ido embora... Mas eu queria "aqueles dois sofás"... Convenci o rapaz, que ao preencher os formulários para fechar a venda mencionou: - se a senhora tivesse dito quem era, teria sido mais fácil!

E quem eu sou? A profissão que exerço? Ora, sou apenas uma consumidora! E as ponderações sobre possibilidade ou não de conseguir pagar deveriam ser analisadas pelos dados fornecidos e não pela roupa que eu usava.

Confesso que hoje não compraria os sofás, por mais que tivesse amado, teria simplesmente colocado o vendedor no lugar dele e saído da loja, mas estas coisas somente se aprendem com o tempo.

Visito minha família todo final de ano, isto em razão da distância, e meu pai adquiriu uma maravilhosa máquina de fazer pão, sendo elogiado diariamente pelo pão quentinho de manhã bem cedinho e pelo prazer que tinha e fazer aquilo.

Pensei, nossa!!!, uma máquina de fazer pão traz felicidade! Comprei uma e em alguma ocasiões realmente a utilizei, acordando com aquele cheirinho de pão de manhã, melhor que qualquer musiquinha de despertador ou celular (é, ela pode ser programada para o pão ficar pronto na hora que você desejar!).

Detalhe: tenho problemas com pão! Não posso engordar e não consigo controlar minha vontade de comer pão... rs! Logo, logo, a máquina foi abandonada em prol da minha saúde, porque costumo consumir pão integral, que não é tão agradável ao meu paladar e refreia o consumo.

Agora, pensando no assunto, amanhã mesmo vou verificar se esta máquina é capaz de produzir pão integral, pelo menos não terá sido em vão a despesa e sentirei minhas moedas mais valorizadas.

Outra compra que não tem conserto e vai para doação: máquina de fazer arroz! Meu sonho dourado era ter uma máquina que preparasse o arroz, pesquisei, fiz cotação, coloquei no buscapé, comparei os aparelhos e comprei minha linda máquina de arroz. Ensinei minha empregada, no primeiro dia ela usou e observou: - A família de vocês é composta de três pessoas e eu almoço aqui, se eu fizer mais de meia xícara de arroz estraga, porque vocês não comem, logo, não compensa utilizar a máquina. Aposentada a máquina no primeiro dia de uso.

Sapatos! Bem, já dizia Chico Xavier "Por que acumular tanto? Existem pessoas que possuem 35 pares de sapatos,- onde é que irão arrumar 70 pés?! (...) Estamos sofrendo mais por excesso de conforto do que por excesso de desconforto. Morre muito mais gente de tanto comer e de tanto beber do que por falta de comida. (...) A inflação existe porque queremos o que é demais..."

Existe o lado freudiano atribuindo aos sapatos simbologia sexual.

Seja qual for a motivação e até mesmo ante a convicção da desnecessidade de tantos sapatos, o certo é que em especial as mulheres não resistem à compra, exceção feita àquelas que aderiram ao desafio. A pergunta é, será que em relação aos sapatos suportaremos um ano... rs?

AMarina já mencionou que precisou descartar três pares desde que começou o desafio, eu mesma descartei uns cinco pares. Sei que restam inúmeros pares, considerando as sete prateleiras de um metro por cinquenta e oito centimetros, mas o triste está sendo constatar que preciso mesmo é de um sapato preto, um marrom e um marfim, sendo que os demais apresentam problemas, seja porque apertam, porque já ficaram grandes ou porque não combinam mais com meu momento.

Deixo aqui uma pequena solução para aqueles que já se tornaram grandes, que funciona apenas em alguns casos, meia palmilha de silicone e ele poderá ser seu companheiro por mais um tempo!

Interessante é que, antes do desafio, mesmo precisando de um sapato preto, sempre voltava para casa com sapatos maravilhosos de cor marfim! Coisas de precisar comprar sem analisar o efetivamente desejado ou apenas se contentar com o que encontrou.

Todas estas compras que menciono foram feitas antes do compromisso do ano sem compras.

Hoje em dia, como apenas tenho a vontade e não realizo a compra, fico pensando se quando entrar novamente no mundinho consumista terei a capacidade de fazer todas as perguntas necessárias para deixar um objeto entrar em minha casa, que seja realmente útil e necessário, com previsão de todas as consequências.

Também não me contento mais com alguma coisa em substituição à outra. Dentre os itens que posso comprar, tem que ser exatamente aquele que desejo, sem nem mesmo dar atenção aos outros. Isto leva à outras consequências, você começa a aplicar isso com as pessoas, a trazer para perto somente àquelas que realmente valem a pena!

Em relação ao post anterior, recebi uma mensagem no facebook que há pouco controle quanto ao que seja transgênico ou não e isto me deixou triste, porque mesmo não sendo identificado, posso estar consumindo o que não quero. De qualquer forma, continuo procurando e consumindo dentro do que me propus, sem esquecer nunca a moderação.

Para encerrar, porque infelizmente este post ficou longo demais e talvez confuso demais, este ano sem compras abriu portas e comportas para inúmeras outras mudanças e está sendo fascinante!
 

3 comentários:

  1. Oi Ziula! Seu post abordou vários assuntos que me interessam mas vou falar sobre um: os sapatos! Acabei de ganhar uma bota preta (básica, simples, lisa, sem mil detalhes e franjas e fivelas) do meu amor e estou exultante de alegria!!!! srsrsrsrs... o mais interessante é que estou usando sapatos que nunca usava e fazendo combinações de roupas tb inéditas... parece que fiz compras, de tão diferente que anda o meu visual. Sabe, hoje quase cedi e comprei... e o pior, o pivô dessa quase derrapada foi uma cartela de adesivos para fechar embalagens de presente, aguenta? Eu adoro deixar as coisas bonitas e adoro essas coisinhas todas!!!! Cheguei a pegar os adesivos dizendo a mim mesma que encaixavam na categoria de "presentes" uma vez que seria usados para fechar embalagens de presente.... trapaça, trapaça, trapaça....!!!! Só posso comprar os presentes mas NÃO os adesivos, o durex, o papel de embrulho, etc..... Dureza!!!!

    Abraço!

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  2. Olá! Estou há pouco tempo acompanhando o blog da Marina e por meio dele cheguei aqui hoje.

    Li apenas esse post por enquanto e já fiquei animado com a qualidade da reflexãpo que você faz. Adorei a parte que você destaca a necessidade de enquadramento social como principal motivador para compras. E pior que fazemos isso totalmente sem ter noção, mas é a pura verdade. É triste isso, não é?

    Somos feitos das nossas escolhas. Pessoas como você e Marina estão ajudando a muitos a parar e pensar um pouco e repensar escolhas, estão ajudando a despetar e dar ouvido ao João Bom Senso dentro de nós.

    Parabéns e até breve!

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  3. Marina,

    Participei de um ato público acompanhado de uma caminhada e literalmente "acabei" com meu sapato preto de trabalho... rs... agora o sapateiro vai ter que fazer milagre... não vou desistir... afinal, os maragatos que usam lenços vermelhos, se sabem viver de pé, não sabem morrer de joelhos!! e nao vou comprar outro sapato.

    Tem tanto tempo que não ganho um presente! rs... será que existe inveja boa???

    Fiquei feliz com suas novas combinações!

    A maior mudança que senti foi no desapego e ainda vou fazer um post sobre isto, está mais fácil ficar mais leve!

    A gente tem que ter muito cuidado com estas trapaças... rs... etiquetas??? bela desculpa!

    Mantenha-se firme!!! To aqui mantendo o desafio!!!

    André,

    Obrigada por acompanhar o blog! Precisamos mesmo repensar muitas coisas e as situações antes sequer percebidas hoje me fazem pensar muito... no próximo post falo sobre isto.

    Abraços e até breve!

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