terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A lógica dos acumuladores...

Jamais percebi que havia um acumulador bem próximo de mim, ou melhor, penso que jamais tinha parado para pensar neste aspecto de alguém com quem convivo, embora atualmente bem pouco.

Todas minhas reflexões sobre o "ano sem compras" e sobre organização me fizeram até ter vontade de fotografar a situação toda para dividir com quem acompanha o blog. Bem explicado: a pessoa foi avisada e disse que entraria na internet, o que é engraçado - tanto a autorização quanto o fato de entrar na internet!
 
Escrevi um post sobre "Os Delírios de Consumo de Becky Bloom" e a Marina do "Um Ano Sem Compras" comentou sobre a série "Acumuladores". Até então era tudo muito distante, pois adoro assistir essa série, mas não imaginei como era na realidade, nem sequer sonhava com as desculpas que dão as pessoas que tem esse transtorno.

Não quero fazer nenhum juízo de valor a respeito, considerando que cada qual vive da forma como se sente melhor e, na realidade, me diverti muitíssimo com esse acumulador, até arrisco dizer que nunca dei tanta risada na vida!

Sei que eu não conseguiria ficar um dia no meio dessa tralha toda, mas não incomoda a pessoa que assim escolheu e também não interfere na casa onde mora, tudo fica em local separado e sem contato direto com a rotina diária. Preocupante seria acaso essa bagunça fosse trazida para dentro da moradia, o que não é o caso.

Garrafas pet são guardadas e não destinadas ao lixo reciclável, isso porque tem que levar água para uma pessoa no sítio. Com a quantidade de garrafas guardadas daria para levar água para toda uma comunidade formada por mais de trinta pessoas. Na foto acima apenas algumas das garrafas.




Discutimos, o acumulador, meu filho e eu, sobre a quantidade de madeira guardada e a conversa foi mais ou menos assim:

- O que vai fazer com essa madeira velha que veio da construção aqui do lado?
- Um dia vou construir um chalé no sítio e uma agropecuária. Usarei a madeira para andaime e outras coisas na construção!
- Considerando que um dia é longe, vamos locar uma caçamba para colocar todo esse entulho e mandar para o lixo?
- Não, não posso colocar a madeira no lixo, vale dinheiro, cada tábua custa em torno de R$ 20,00!
- Então, vamos vender essa madeira.
- Eles pagam no máximo R$ 2,00.
- Fácil, vendemos por R$ 2,00 e quando precisar compramos novamente por R$ 2,00.
- Também não dá, quem tem não vende e aprendi com meu pai que "quem guarda tem".

Quem continuaria insistindo depois de tantos argumentos convincentes?

Em relação às garrafas de velho barreiro tudo andou no mesmo sentido:

- O que vai fazer com essas garrafas vazias de velho barreiro?
A resposta foi só risada.
- Podemos colocar no lixo reciclável?
- Não, vou levar para o sítio!
No dia seguinte:
- O que vai fazer com essas garrafas vazas de velho barreiro? Eu e o Renato podemos colocar no lixo reciclável?
- Eu é que vou colocar no reciclável!
- Então vamos recolher.
- Não precisa, hoje é quinta-feira e a coleta de reciclável é só na sexta-feira. Amanhã eu recolho.

E lá ficaram as garrafas.




Comentei acima não interferir a bagunça na casa de moradia, entretanto, o acumulador estava tentando se apoderar da área de serviço que fica entre a cozinha e a sala. Desta forma, tive que ser invasiva e tomar algumas providências.

A cozinha foi o começo da organização que fiz, entretanto, tudo que tirei foi parar em um dos quartinhos de bagunça (além daquela garagem, existem dois quartinhos chaveados ao lado e mais um no segundo piso, também trancado) ou na camionete para ser levado ao sítio. Pelo menos essas coisas saíram da circulação da casa, o que já é um grande passo.

Terminada a cozinha, foi a vez a área de serviço, depois da sala de estar, da sala de jantar, do escritório e de uma salinha que atualmente não tem muita utilidade.

Fui tirando o que não deveria estar ali e levando para a área de serviço, sempre ameaçando que o prazo era até o meio dia para que saíssem dali e no primeiro dia a ameaça funcionou, já no segundo dia nem tanto, pois quando viajei a mesa da área de serviço ainda estava cheia de lixo. Quem sabe quando eu voltar encontre tudo melhor.

O mais engraçado na cozinha foi uma panela que achei dentro da caixa onde veio quando da compra. A panela é de uso diário e estava na caixa. Falei para jogar a caixa fora e o acumular veio e disse:

- Isso não é uma caixa, é um porta-panela!

Rindo, coloquei a caixa no lixo, porque porta-panela para mim foi demais.



Preciso reconhecer que esse acumulador tem imaginação fértil e resolvi compartilhar a idéia da toalha, caso alguém tenha o mesmo problema.

Isso também rendeu muitas risadas. O Renato foi até o lavado, puxou e puxou a toalha e ela não saiu do lugar.

O filho, neto e outras pessoas, toda vez que iam secar as mãos jogavam a toalha do lavado no chão. O problema foi resolvido amarrando a toalha e olha como ficou firme...

A placa estava indo para o lixo em razão da morte de um advogado da cidade. Nosso acumulador predileto foi até a lixeira, retirou a placa e teve a capacidade de mandar lixar o nome do falecido, dizendo que um dia colocará o seu nome. Eu não acredito! Não acredito que ele fez isso e também não acredito que essa placa um dia terá o nome dele! O bom disso tudo foram, novamente as risadas!!!

Tem a vizinha que pediu para jogar, na caçamba de entulho da construção no terreno ao lado,  a placa estragada que pertencia a uma academia. Resultado? Da caçamba foi para perto das madeiras e garrafas, a desculpa é que será utilizada na agropecuária que ele fará um dia, bastando lixar, mandar pintar e fazer novo letreiro. A placa está toda enferrujada e quebrada! A agropecuária é um desejo que deve ter mais de trinta anos!

Para encerrar temos ainda uma janela da velha construção ao lado da casa do acumulador, janela essa com persiana embutida que não funciona mais, e foi trazida, juntamente com as madeiras,  para um dia ser utilizada no chalé a ser edificado no sítio. 

Lembremos que no sítio já existe uma casa com varanda e até a ocasião em que visitei era uma casa bem bonita, simples, mas bonita. Com toda essa acumulação e depois de ver a camionete cheia de tralhas, já não sei mais como é a casa do sítio.

Acaso você tenha se identificado e a vontade seja incontrolável, tome providências, mesmo que suas tralhas sejam em menor quantidade!

8 comentários:

  1. Oh my Gooood!!! Já ouvi toda esta história, pois fiz as mesmas perguntas e recebi as mesmas respostas. Conclusão: Muita risada....

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    1. Como melhorou depois desse post... a casa está um brinco... maravilhosa... diz que ficou com vergonha... rs

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  2. Bah, que horror. E pior que é bem comum isso. E não há quem consiga colocar na cabeça das pessoas que "curtem" esse tipo de coisa que ela está na verdade tornando o local insalubre e também sujo aos olhos vendo esses entulhos e sujo de fato pois ali vai me dizer que limpam, lógico que não né, dai vira casa de insetos, ratos, etc. E é uma pena que as pessoas que gostam dessa "prática" só pensem em como vale tal madeira ou coisa parecida. Deviam pensar em quanto vale a saúde e um ambiente bem limpo, arejado. Mas não é todo mundo que pensa assim! ;-)

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    1. Drika, a pessoa foi afetada pela blogterapia... está até reformando a casa e parece outra casa tudo limpo, sem tranqueiras... maravilhoso!!!

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  3. Tô ficando preocupada. Acho q sou assim. Sp tenho uma desculpa p as tralhas q guardo...

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    1. Ficar preocupada é o primeiro passo, representa a identificação do problema e é um caminho para ser diferente!!!

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  4. Sou acumuladora, tenho plena consciencia disso mas mesmo assim nao consigo me desfazer das coisas, parece q todas as desculpas aqui sao por lembranças e sentimentos... Nao sei como me resolver. So sei q nao estou mais suportando tanta bagunça.

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    1. É um processo demorado, mas tomar consciência do problema já é o primeiro passo.

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