quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Reação à obsolescência programada!

Consumimos sem pensar e nas conversas com outras pessoas a pauta principal é sobre o que adquirimos, o que vamos adquirir, contas a pagar, salário que não é suficiente para tudo que queremos fazer. Tem aqueles também cujos valores recebidos são utilizados para, como dizem, fazer tudo que querem e assim encontrar a felicidade nesses bens de consumo.

Dificilmente conversamos sobre a desnecessidade de tanto consumo, as razões que levam a querer sempre outras coisas e sobre ser imprescindível desenvolver um consumo consciente.

Com a Revolução Industrial os bens passaram a ser produzidos em série e o consumidor passou a ser adestrado para comprar cada vez mais bens não duráveis, tudo como intuito de colocação dos produtos produzidos no mercado. Somado a esse fato, a indústria passou a produzir bens que duram menos, aumentando mais uma vez a necessidade de consumo.

Já perdi a conta de quantas geladeiras, fogões, máquinas de lavar, computadores, ferros elétricos e sanduicheiras, dentre outros produtos, comprei durante minha vida. Sempre que procuro a assistência técnica a fim de consertar algum desses itens o valor cobrado pelo serviço me faz optar por um produto novo ou o bem utilizado torna-se obsoleto, como no caso dos computadores em que temos necessidade de maior capacidade de armazenamento ou novos recursos. É a chamada obsolescência programada.

Em relação à essa obsolescência programada você encontra na internet textos e vídeos bastante esclarecedores. Como costumo dizer aqui no blog, quando quer mudar alguma coisa, tomar consciência das reais motivações de determinados comportamentos é necessário estudar, sendo um grande alerta este tema. Um alerta principalmente para a forma como somos manipulados. Vale a pena a pesquisa e a leitura.

Somente agora entendo a tão desnecessária troca de carro que fiz nesse "ano sem compras", pois o antigo estava funcionando perfeitamente, manutenção em dia, mas foi impossível não me curvar a um novo design, uma nova facilidade, uma nova vontade.

Nem sempre é possível resistir ao marketing. Achamos mil e uma desculpas, milhões de justificativas e dentre elas o motivo determinante para continuarmos adestrados.

Alguém deve ter estranhado o termo "adestrado" ao invés de condicionado, entretanto, o que ocorre na realidade é agirmos como animais irracionais, atendendo aos apelos capitalistas, sem questionar. Agimos exatamente como um animalzinho de estimação que deve fazer exatamente como o "dono", no caso o mercado, determina.

É necessário começarmos a fazer concessões à própria liberdade, buscar uma forma de resistir, passar a consumir o necessário apenas e não tudo que nos impõem. Deixar de aceitar as exigências que fazem com que cada vez mais compremos coisas desnecessárias, com um dinheiro que não temos, criando insatisfação com os valores recebidos em decorrência do trabalho que prestamos.

Falo em dinheiro que não temos em razão das constantes reclamações de todas as categorias de trabalhadores sobre a insuficiência dos salários. Ora, será que os salários - e aqui não estou falando de salário mínimo e sim em classe média - são tão baixos assim ou será que nosso anseio por consumir mais e mais coisas está fora de controle?

Certamente é desperdício vivermos da forma como estamos vivendo, impondo-se tomar atitudes mágicas e, finalmente, encontrar o que é importante na existência.

Não falo em total ausência de consumo, seria total incoerência, o mercado pararia, haveria desemprego. O que busco é um consumo consciente, com menos lixo atirado por aí, menos preocupações com o que se quer adquirir, mais tranquilidade para chegar ao final do mês com o que se ganha e maior valorização do que realmente importa - para mim, um convívio mais maduro com todas as pessoas.

Cometemos erros diários em relação ao consumo e enquanto fazemos isso, incríveis oportunidades de crescimento pessoal passam despercebidas, possibilidades de melhora nos relacionamentos são relegadas a segundo plano, tudo decorrente do tempo perdido na preocupação com bens a consumir e contas a pagar, somado ao estresse que isso traz e à insatisfação que gera, inclusive no que se refere ao emprego.

A internet tem sido um grande facilitador do consumo e, obedecendo à ambivalência que é atributo de tudo que existe, um alerta e uma possilidade da discussão sobre a necessidade de frear esse consumo chegar a um número ilimitado de pessoas.
Precisamos tomar as rédeas de nossas decisões, deixar o condicionamento/adestramento de lado e passar a agir conscientemente. Adormecemos por muito tempo. É tempo de acordar!

Temos as respostas ou possibilidade procurá-las e com isso encontrar a fórmula pessoal para viver melhor e tornar esse mundo um lugar mais sustentável, o que não podemos mais é ficar inertes e vivendo como nos mandaram viver por interesses outros, interesses esses que não passam pelo conceito de felicidade.

6 comentários:

  1. O mundo esta com super produçao e consequentemente tem que fazer fluir o ciclo do consumo através de estoques. Estoque de produtos nunca foi dinheiro em cash. Prefiro o consumo just in time e o cash imediato.
    Promoçoes se repetem no comercio. Estamos rumando para o antigo sistema de trocas, ja previsto pelos estudiosos de administraçao. Em resumo estamos super estocados. O que me preocupa é o destino final destes estoques que nada mais sao do que residuos finais do nosso consumo exagerado.

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    1. Resumindo: consumam mesmo que isso vire lixo!!! É preocupante!

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  2. Pois é, também cheguei a essa conclusão sobre o consumo consciente.

    Engraçado como somos forçados a acreditar que consumo é igual à felicidade. Se fosse assim todos os ricos seriam felizes e está cheio de casos que mostra que não é por aí. O ideal, acredito, seja o consumo consciente, a compra pontual, planejada, que não cause dores de cabeça posteriores como uma compra mal planejada financiada.

    Mas é engraçado como isso é difícil e nas capitais então piora, pois além da vida ser mais cara, a tentação ao consumo é bem maior. Dai todos colegas tem camisas de marca x, a pessoa não poderia comprar, mas no cartão dá e parcelam "sem juros" (que não existe, os juros estão embutidos, sempre são financeiras por trás) e lá vamos à tentação, para ser aceito na sociedade.

    E ao usar o dinheiro que não temos, mas que temos em forma de plástico, com um juros gigantesco, com o anatocismo proibido por lei mas tão comum que nem o judiciário está retirando sempre como era antes, dai a dívida de mil vira 4, depois a de 4, 8, chega num ponto que é impagável.
    Dai a pessoa fica com problemas com a família, com parentes (pois parente foge de parente endividado), com amigos, com colegas, com relacionamentos, enfim, um caos, no trabalho também, etc. Tudo por causa daquela comprinha que deu um mês de felicidade.
    Isso não é felicidade, mas como nas propagandas de cerveja, parece que quem bebe é legal, descolado, quem não bebe careta, não é bem assim. Ao invés de propagandas assim deveríamos ter de educação, compra pontual, boa, sem dores de cabeça.

    Infelizmente não temos educação financeira nas escolas, deveríamos ter tido sempre, pois uma boa compra não vira lixo, dura anos, é fácil de revender depois para outra pessoa, vai seguir sendo usada, nessas coisas que acredito e vejo que dão certo.

    Ah, e o lixo tecnológico? Eu sai dessa faz tempo, antes comprava qualquer novidade de computador, hoje só compro se vendi o anterior primeiro, e mesmo assim só vendo se realmente não atende mais minhas necessidades.

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  3. Bueno! Estou chegando novamento aqui e vou tomar um mate.

    1 - Dia 28 de janeiro, estarei de aniversário de casamento (23 anos com a mesma esposa - Marilene C. Engroff). Parei na quinta cafeteira. Elas estragavam e lá íamos às compras pra comprar uma nova. Na última cafeteira estragada, paramos. Comparmos um bule e um filtro de café. A dita cafeteira não faz falta. E o café continua louco de bueno e louco de especial.

    Isso é apenas um pequeno exemplo de que se pode viver muitas vezes sem os ditos "confortos", que muitas vezes viram tranqueiras, transformados em gastos desnecessários.

    2 - Minha coleção de vinil foi substituída por uma coleção de CDs. Eram mais ou menos 200 Lps, agora CDs (90% de música regional gaúcha). E quando consegui completar a coleção de CDs, com vários reais investidos, me chegou a notícia que o CD estava com os dias contados. Pronto: parei de comprar CDs e não vou substituir a coleção por outra mídia que o venha substituir.

    3 - Carro. É de apavorar quando se leva na ponta do lápis todos os gastos que o mesmo proporciona. É até desanimador. Por isso ele é considerado para muitos como uma "segunda família". Por estas e outras ainda não troquei o meu Uno Mille 2004, que está passando dos 173 mil km, com manutenção em dia, ou seja, na ponta dos cascos. Mas me recuso de assumir um carnê, ou de prejudicar meus investimentos com fins de aposentadoria, tanto minha, da esposa e das minhas filhas.

    4 - Em relação ao chasque do Anônimo, matei o mal pela raiz: em primeiro lugar cancelei o cartão de crédito, depois de estar "casado" com ele por 17 anos (não tenho nenhum e também não tenho cartão de loja. Se não tiver dinheiro pra comprar à vista, nada de compras); antes de efetuar qualquer compra, ME PAGO PRIMEIRO, ou seja: investimentos para fins de aposentadoria (minha, da esposa e das filhas > de 21 e 14 anos respectivamento). Resultado - sobra pouco pro shopping, pois faço sobrar pouco pra este fim, pois cartão, carnê, qualquer parcelamento, estão proibidos lá em casa.

    Obs! Em vez de para fins de aposentadoria, o procedimento é o mesmo, podendo ser utilizado para qualquer sonho transformado em realidade, como a viagem dos sonhos, as férias inesquecíveis, a casa própria, até a troca do carro, ou seja, acumule os valores necessários antes de adquirir estes sonhos e pague-os à vista, pleiteando descontos 9algo impossível nos parcelamentos).

    Saudações

    Valdemar Engroff - o gaúcho taura

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