domingo, 14 de abril de 2013

Sobre "uniformes" e organização

Tentei o Projeto 333 (trinta e três peças usadas durante três meses, incluindo sapatos e acessórios) e abandonei após quarenta e cinco dias, embora a intenção fosse alcançar noventa dias. Nada mais estranho do que aconteceu depois. Passei a usar sempre as mesmas roupas, ou seja, sempre aquelas que eu penso ficarem boas e que combinam comigo segundo minha visão atual, sim porque a visão sobre a gente mesma e sobre as roupas mudam radicalmente com o tempo.

Usando as mesmas roupas para também não ter que pensar muito e ficar em frente ao espelho com cada peça, restringi o uso às seguintes peças:
- cinco vestidos
- quatro camisas/blusas
- três calças
- quatro sapatos
- dois trench coat
- dois brincos
- dois anéis
- dois ternos

Logicamente não está proibido o uso de outras peças, mas termino usando raramente peças que não sejam essas. Terminei por estabelecer um uniforme de trabalho que é usado também em outras ocasiões. Isso lá tem suas vantagens, tais como economia de tempo ao vestir-se pela manhã, organização com a restrição de peças usadas e as demais podem ser guardadas (caso necessário, pois o correto seria eliminar) em outro local, conhecimento pleno do tipo de limpeza que suportam, escolha de tecidos que não amassem (outra economia de tempo).

Uma outra vantagem que posso registrar é o fato de estar sempre confortável, sem precisar ficar passando pelos transtornos de uma roupa nova com adaptação ao caimento, à forma de fechamento, o próprio contato do tecido com o corpo. A pessoa quando se veste e fica se sentindo bem termina por ter um dia mais agradável, sem ficar incomodada em diversos aspectos (roupa justa demais, larga demais, comprida demais, botão que abre, botão que não fecha, curta demais, cuidados para sentar, cuidados nos movimentos, etc).

Desvantagens? Não vejo desvantagens nesse procedimento a menos que você sinta aquela necessidade quase patológica de impressionar seus colegas de trabalho ou amigas, a menos que você sinta tanta preocupação com o que os outros pensam que não consiga relaxar sempre com as mesmas peças, a menos que você tenha a sensação de falta de poder ao deixar de ter sempre coisas novas.

Tem cenas que são dantescas, para dizer o mínimo. Posso citar a cena de uma pessoa com uma peça nova que fica chamando a atenção das amigas e fazendo poses para mostrar a tal linda roupa. As amigas riem, acham lindo, mas quem está de longe tem a impressão de uma cena caricatural.

Outro aspecto que me chama atenção quando ouço falar de roupas e suas repetições ou não, é o fato de as pessoas sempre mencionam que os outros olham para elas, de cima até embaixo. Ora, será que não fazemos isso também? Por exemplo, tem uma pessoa com quem cruzo diariamente e nunca, jamais e em hipótese alguma, vi essa moça repetir roupas. Já percebi que muitas peças são de lojas de departamento, mas sempre são peças diferentes, jamais iguais.

Ela faz isso para chamar atenção? Pode ser! Agora me respondam: o que me leva a perceber o fato? Quais as razões que fazem com que eu preste tanta atenção no que ela usa?

Precisamos olhar mais para nosso próprio interior e deixar de olhar o contorno nem sempre agradável em termos de sentimento.

Será que olhar o consumo alheio também nos causa vontade de consumir? Perceber o quanto as pessoas compram pode nos levar a comprar ainda mais?

6 comentários:

  1. Oi Ziulia, tenho lido um pouco sobre o Project 333 e acho interessante, até tenho vontade de experimentar. Mas ainda estou num processo de destralhar, então, acho que vai ficar para o futuro.

    Bacana suas reflexões. Em especial quando fala sobre as mulheres se olharem e perceberem o que usam. Acho que a mulher é naturalmente observadora, e isso acontece mesmo.

    Acho que o ambiente em que se vive influencia sim muita coisa. E se não estivermos atentos, corre-se o risco de se comportar do mesmo jeito.

    Digo isso porque lá no meu trabalho, tem muitas mulheres e acontece isso. Eu participei desse processo de mostrar roupas por um bom tempo, até que um dia "caiu a ficha". >)

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    1. Andreia, tenho adorado as postagens do seu blog. Penso que o Projeto 333 é bom para tomada de consciência, mas à medida que avançamos no minimalismo isso se torna irrelevante porque terminamos tendo menos coisas e limitando automaticamente as roupas que usamos.
      O bom é que a ficha sempre cai, não é mesmo???

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  2. Oi Ziula!!!
    Qto às suas perguntas...eu respondo, com ctz! O marketing está aí disparando novos desejos o tempo todo...
    Depois que vejo aquele carro lindo, modelo esportivo, na beira de uma praia, vermelho....aaahhhhh minha vontade é assim q terminar o comercial na Tv, ir p uma concessionária...hahahahahaha
    Ok, o apelo da mídia é forte sim... no dia-a-dia isso não costuma ser tão às claras...
    Pessoalmente, gosto muito de encontrar pessoas na minha rotina, q se vestem bem, com elegância, e com um "frescor novo" - não necessariamente vestindo/usando algo novo...é gratificante sentir que a pessoa se cuida, cuida do seu visual, se trata com carinho - isso motiva e é exemplo para a gnt tbm...
    Por outro lado, tbm já vi pessoas que mesmo com roupas novas, passam despercebidas...engraçado isso!

    Então é o interior da pessoa q faz a roupa brilhar ou não?!? Pessoas carrancudas, c sorriso forçado, não possuem brilho, nem c roupa nova...

    O que é esse brilho de roupa nova? Andar na moda , de acordo c as trends, diz q estamos c o pensamento contemporâneo e que nao somos antiquados??? E o modo de vestir clássico, que tbm é muito chique...como fica?

    Seus posts sempre me fazem refletir muito...e continuarei refletir...quem sabe acabo postando mais algum ponto de vista...

    Bjkssss

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    1. Sandra, bom dia!!! Vamos refletindo e mudando o comportamento. Essa coisa de olhar e desejar é muito forte na gente, por isso necessário o autocontrole e análise de cada item que vamos consumir.

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  3. Está aprendendo com teu filho pequeno né, confessa...rs

    Esse é o ideal, não ser uma regra mas tornar um hábito natural, sem privações, sem exageros, sem perda de tempo e de dinheiro comprando um monte de coisas que nem chegamos a usar ou que se usamos é um desastre.

    Eu não vejo mal algum em repetir roupa e tão pouco reparo se alguém está repetindo ou não. Mas tem gente que repara, tem outras que se repetirem tem um ataque, enfim, cada qual tem uma forma de agir.

    Só que essa de impressionar é preocupante. Quem faz isso tem que manter sempre e isso pode ser estressante em determinado momento, além de não trazer reais amigos por perto pois muita gente que fala "ohhh" para cada exibicionismo pelas costas fala horrores. Sabemos que é assim o mundo. E pior ainda aqueles que querem impressionar sem poder e dai o caos se instaura.

    Mas por mais "vacinada" que a pessoa esteja, na minha opinião o consumo alheio causa sim vontade de consumir, mas dai é aquela coisa de saber dizer não quando tem que ser dito, saber o que pode e o que não pode gastar para não dar um passo maior que a perna e assim vai.

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    1. Você não tem noção do que aprendo com esse menino, embora a cada dia ele esteja ficando mais exigente e rabugento... rs

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