domingo, 13 de outubro de 2013

Ideal de perfeição!

Estava eu me sentindo meio maluca com o tratamento alternativo e talvez essa seja uma das razões pelas quais não deu certo. Quando o osteopata falou "a doença é a cura" meu lado objetivo e racional rechaçou a idéia imediatamente. Mesmo assim quis acreditar por saber da resistência do menino aos tratamentos tradicionais.

Terminou por parar em um tratamento que acaba com estômago e fará até o final para debelar de vez a infecção.

Não cedi de todo. Hoje pela manhã ao tomar os fortíssimos remédios para sinusite o menino começou a chorar e se queixar de dor de cabeça, vomitou um monte, rios de secreção. Apelei para o do-in e após acertar o ponto exato ele começou a rir e disse:

- Isso é bruxaria! Macumba! Minha dor de cabeça passou!

Em meio a toda essa situação comecei a pensar nas razões que me levam a fazer e decidir tudo sozinha. Sempre fui uma criança perfeita. Aquela que lia muito, fazia as lições sozinha, nunca dava trabalho em casa ou na escola. Quieta. Ao quer brigas em casa sempre se fechava no quarto e nunca enfrentava verbalmente seus agressores ou aqueles que se degladiavam sem pudor na sua frente. Silêncio.

Deve ser por isso que falo tanto ultimamente. Aprendi a verbalizar os problemas, depois de muito tempo aprendi também a enfrentar as pessoas que me fazem algum mal e de certa forma a exigir alguns direitos que tenho.

Entretanto, meu ideal de perfeição me sufoca. Casa arrumada e aqui lembro da Adriana: está certo que por vezes tem bagunça, mas sempre corro atrás, jamais chegando ao ponto de uma casa que conheço e que é o caos. Louça limpa porque lavo melhor que toda a humanidade junta. A cama mais esticadinha da face da terra. Mãe mais perfeita do mundo que resolve todos os problemas e normalmente no momento em que aparecem. Roupa mais cheirosa do universo quando lavo, segundo observação do Pedro. Certa vez me pediram o telefone do meu arquiteto e eu, orgulhosa, disse que não tinha, eu mesma criava tudo.

Todas essas são as expectativas que colocaram na minha pessoa desde a infância, tanto que sou a filha melhor "situada" socialmente, com a profissão mais invejada (na concepção de muitos!), os melhores ganhos mensais. Então, como uma pessoa assim pode ter algum problema? Tem a vida perfeita, a casa perfeita, os filhos perfeitos porque estão caminhando profissionalmente sem muitos percalços, o carro maravilhoso, a decoração mais bonita.

E porque estou falando tudo isso? Porque ontem foi dia das crianças e penso que é hora de olharmos de forma diferente para nossas crianças, deixá-las mais livres e menos perfeitas. Não estou incorporando Freud para dizer que tudo é culpa do pai, da mãe, mas certamente as expectativas e conceitos que colocamos nas crianças terminam por acompanhá-las pelo resto da vida, por isso devemos ser cautelosos com os rótulos.

4 comentários:

  1. Essa de ser perfeita em quase tudo, é mesmo um problema. Sofri e talvez ainda sofra, por ter essa sina.
    É uma coisa natural, da personalidade. Ninguém impõe a ninguém. Só a própria pessoa cobra de si mesma.
    Eu considero uma espécie de sofrimento (grau levíssimo) mas que só quem tem sabe as consequências.

    Fiquei boquiaberta com o passar dos anos, ao descobrir sentimentos de pessoas por mim no passado.
    Um rapaz contou ao meu marido, que eu era considerada a menina mais bonita da rua. Eu nunca soube disso!
    Um outro, brincou com meu irmão que seriam cunhados se ele tivesse se declarado à mim, no passado. Fomos paquera, mas nunca desconfiei da sua paixão por mim!
    Um ex-namorado parou o carro para eu atravessar a rua, pôs a cabeça para fora e disse: "Sempre gata, hein?!"
    Ele me achava uma gata? Sempre fui tão insegura ao lado dele!
    Por que será que inibi as pessoas a se abrirem comigo?
    Porque não faço fofoca, não falo besteira, nem palavrões, nunca saí com homem casado???
    Acho que as pessoas excluem gente que não empresta ovo da vizinha, não fica na calçada falando da vida alheia, põe sabonete líquido no vaso sanitário quando não tem desinfetante, blá...blá...blá.

    Meu marido sempre diz, que fui Rainha em vidas passadas, e que carrego resquícios de então.
    Só porque não faço pum perto dele(s), se escapa um arroto, peço desculpas?
    Ai, ai, ai, como eu sofro!!!!

    Amo seu blogterapia.
    Feliz pela melhora do Pedro.

    Beijos

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    1. A vida passa e a gente acaba deixando passar uma porção de situações boas... vamos mudando em busca do melhor!

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  2. Ziula, fizeste errado sobre dizer que não tinha arquiteto. O certo era a pessoa perguntar, dai tu passava o teu telefone. A pessoa ia reparar e dizer que era o teu e dai sim dizer "eu mesma criei tudo"... rs

    Mas tirando a brincadeira de lado, não consegui fazer ligação do que falaste com o dia das crianças.

    Vejamos, todos pais colocam expectativas nos filhos e isso pode ou não se concretizar, vais depender da pessoa. Mas não foi em ti, até porque tem mais irmã né?

    Não vejo teu perfeccionismo um defeito. Nem acho que és tão perfeccionista. Lembra a cama desarrumada, caixa de remédios, entre outras? (Poderia listar kkkk, brincadeira, mas algumas dá... rs). Mas também faz tudo que pode de melhor, é extremamente responsável e quer em tudo que fizer que seja bem feito. Qual o problema disso?

    Pra mim o problema é não dividir com quem pode. É pegar um peso muito grande sozinha desnecessariamente. Pedir ajuda, não faz mal a ninguém.

    Eu sou quieta. Não sei por quem puxei. Família italiana que parece que tá brigando mas estão só conversando. Por essas que me dou mais com meus parentes maternos. Falam menos alto. Mas ainda falam bastante, então por isso que digo que não sei a quem puxei rs. Mas o ser quieta nunca me tirou o atrevimento. Não gosto de gritaria e baixaria mas se tiver que falar duro falo também. E se tiver que passar as coisas pra alguém também faço. Não puxo todo peso nem que a vaca tussa.

    Acho que orientar uma criança ou colocar alguma expectativa é normal e pode até ser um norte. Mas se a pessoa não quiser isso não vai adiantar nada.

    O melhor que pode acontecer para uma criança é os pais quererem estar com ela, não é dar um brinquedo somente mas brincar junto ou sair junto, algo que deve ser muito mais difícil nessa geração de crianças que nas outras épocas. Tanto que uma vez estava falando com uma colega e ela ia levar a filha dela pra ver um musical da Disney. A guria uns anos a menos que eu mas pegando os mesmos anos 80 disse que chorava vendo os personagens e a filha dela só querendo voltar pra brincar no tablet... kkk


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    1. Quando falei de crianças penso que estava me referindo às expectativas que os pais colocam nos filhos e nos comentários sobre como é bom, como é responsável, deixando as crianças sem saída e querendo ser cada vez melhores. Sei lá, penso que fui criada sempre atendendo as expectativas dos outros... rs... falei que era blogterapia... rs

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