terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Coleção primeiros passos

Havia uma coleção de livros com esse nome? Parece-me que sim, embora eu não lembre o assunto.

Por aqui primeiros passos para mudar de vida.

Ontem quando comuniquei o resultado para a Izabel recebi um parabéns bem efusivo. Parabéns porque? Sei lá, talvez pela minha coragem depois de quatorze anos estagnada, sim esse é o termo, no mesmo local; talvez para me agradar; talvez porque no fundo, bem lá no fundo, esteja feliz porque vamos morar juntas enquanto ela faz faculdade. Sei lá!

Ligou para o irmão mais velho:

- Vamos jantar para comemorar que a mãe conseguiu ir para Londrina, falei com ela e ela concordou.

Chegamos todos em casa, Izabel e Pedro para tomar e trocar de roupa, Renato já estava e resmungando somente para não perder o costume.

Todos prontos e fomos buscar uma amiga da Izabel. E novamente Renato surtando:

- Comemorar o que? Vou almoçar de segunda a sexta sozinho e somente vou ver vocês no final de semana.

Embora ele não saiba essa mudança e essa liberdade somente poderá resultar em benefícios para ele, o mais velho, quase trinta anos.

Clima pavoroso, energia negativa contaminando. Rezo um Pai Nosso, peço proteção e paz. Finalmente resolvo:

- Olha pessoal, não vamos comemorar nada, vamos apenas jantar fora, pode ser?

Isso foi ontem à noite. Hoje saímos cedo para o primeiro dos muitos primeiros passos: escola para o Pedro e eu havia marcado horário semana passada pois parecia certo que conseguiria a mudança.

Chegando na escola uma moça foi mostrar todas as salas, laboratório, quadras. Avisei que o Pedro estava contrariado e que ela teria que ser muito simpática, claro que falei em tom de brincadeira, mas era muito sério. Ela foi muito simpática e acredito que é o jeito dela mesmo. Pedro de mão dadas comigo. Mãos suando. Renato achando que a moça estava sendo prolixa. Pedro resistindo bravamente.

Entrevista com o coordenador da escola.

- Pedro, você gosta de estudar?

E o Pedro somente assentiu com a cabeça, já não conseguia mais falar.

- Que bom, é difícil criança que gosta de estudar e blá blá blá blá... Daremos todo o apoio para você... Você não lanchará sozinho... Os primeiros tempos são difíceis... Como sua mãe já falou, você não escolha e parece que tem que vir rindo ou chorando, então rindo é melhor...

E o Pedro começou a chorar:

- Não quero sair de Cornélio, não quero deixar meus amigos!

Ufa! Colocou os sentimentos em lágrimas. Adoro lágrimas, pois lavam a alma. Tenho dificuldade para chorar e, por obra do transbordamento dos sentimentos, consegui chorar junto.

Almoço no shopping e pergunto:

- Pedro, o que você quer beber?

- Escolha você, já que me obriga a fazer as coisas!

Comeu, a fome passou, ficou mais simpático.

Voltamos para casa. Eu, Izabel e Pedro no quarto, cada qual no seu computador. Renato entra surtando, sai, volta surtando, sai. Resolvi sair também e antes conversei com o Pedro:

- Olha,  também estou sofrendo e com vontade de chorar, mudanças são sempre difíceis e a única certeza que tenho é que será melhor para nós daqui um tempo. Por enquanto nos resta um chorar no colo do outro, um ajudar o outro, um dar forças para o outro. Vou trabalhar com pessoas diferentes, em local diferente, cidade diferente, trânsito, tudo novo. Vai ser difícil, mas vamos conseguir!

Parece que Pedro acalmou, Renato ainda não acostumou com a idéia de ficar sozinho em Cornélio, Izabel não estava muito bem por outras razões. Tudo muito estressante.

À noite festa de despedida. Ganhei presente, Marisa também. Um servidor falou bonito sobre o tempo que passamos juntos. Somente consegui deixar a certeza de que ainda nos encontraríamos em Londrina para trabalharmos unidos outra vez. Chorei!

Pouco mais de vinte e quatro horas. Furacão. Esperança de calmaria após a tempestade. Criando coragem para resolver coisas práticas.

4 comentários:

  1. Que turbilhão Ziula! Vou tentar ser prática para tentar te ajudar.

    Não sei se vale, mas procure várias escolas com o Pedro para ver se ele gosta. Algumas escolas em Londrina são imensas e isso pode assustá-lo. Existem escolas pequenas e muito boas. Foi isso que aconteceu com o Téo (meu filho) e deu certo.

    Para depender o minimo de carro ou enfrentar este transito horrendo de Londrina, procure morar perto do seu trabalho. E deixe o Pedro por perto também. Acho que daria mais segurança a ele e a vc.

    No mais te desejo sorte, muita sorte por aqui. Mudanças são complicadas, mas sempre carregam um grande aprendizado.

    Um beijo querida! Boa sorte!

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    1. Obrigada, Valerie. Fui em uma escola grande e em uma escola pequena. O Pedro optou pela segunda... No início não será fácil, acho que depois acostuma.

      Beijos

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  2. Não estou me baseando em nenhum dado, tão pouco leio algo relacionado ou tenho contato com psicólogos, entretanto baseado no que eu vivi, um dos maiores medos era mudar de escola. Tem fases escolares que mudar de escola e perder contato com colegas é um pavor. Ao menos pra mim era. E por isso entendo o Pedro. E faria exatamente o que ele fez. Já até fiz algo parecido com relação à dizer para escolher, aliás fazia isso sempre que contrariada, agora que fiquei mais paciente.

    Espero que o ambiente melhore pois se era uma coisa tão desejada é para ser bom e não trazer mal estar.

    Agora tenho que dizer que provavelmente também teria a atitude do teu filho mais velho e não vejo benefícios nisso. Morar só é bom quando temos 18 anos, depois nos 30 queremos é companhia, mesmo que nos torrem a paciência. Ainda mais quando a família é unida. Perfeitamente compreensível.

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    1. Adriana, depois de ler seu comentário consegui me acalmar em relação ao Renato... rs...

      Agora já está mais calmo ou aparentemente calmo.. então, vamos caminhando... beijos

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