sábado, 24 de agosto de 2013

Pagamento à vista e radicalismo!

Mais de quatrocentas pessoas acessam diariamente esse local. Se conseguirmos deixar de comprar de forma parcelada já terá valido a pena todos os textos que tento escrever!

A Marina do blog "Um Ano Sem Compras", pessoa que me inspirou a entrar no meu primeiro ano sem consumo de desnecessários e supérfluos, questionou se não era muito radicalismo dizer que todos os pagamentos devem ser feitos à vista, citando o seu caso de compra de uma nova casa, necessidade de acabamento desse local e o parcelamento do material de construção em razão de não haver reserva financeira para isso.

É preciso andar na contracultura. Estamos aqui nesse espaço para que possamos refletir sobre os padrões de consumo que nos foram impostos, sobre esse marketing horroroso que atinge a todos, inclusive crianças, sobre a necessidade do "ter" se sobrepondo ao "ser", sobre o consumir para ser aceito em sociedade e incorporar-se ao "bando".

Muitas e muitas pessoas já estão seguindo o caminho do consumo consciente, mas muitas e muitas ainda estão engatinhando nesse passo, então, é preciso radicalizar, mostrar um novo modo de vida, desvendar as artimanhas dos bancos, do comércio, da própria sociedade padrão que nos impõe um consumo e formas de consumo absurdas, instalando-as em nossas mentes e fazendo tudo isso, até mesmo juros exorbitantes, parecerem normais, incutindo nas nossas mentes que não podemos ter determinado bem de consumo, essencial à aceitação social, acaso não utilizemos o parcelamento. 

Ainda, incutem nas nossas cabeças que "parcelar é legal", assim temos o bem "supérfluo" imediatamente e não precisamos passar pela ansiedade de esperar, pelo desgaste emocional de não satisfação imediata dos desejos, pela disciplina de economizar.

Se eu já parcelei alguma compra? Claro! Eu fazia parte do rebanho, embora sempre tenha sentido uma centelha de razão lá no fundo e em muitas oportunidades tenha conseguido fazer a tal reserva, talvez até de forma inconsciente. 

Nem sei explicar as razão de nunca ter financiado um carro, pois sempre oferecidos "juros baixíssimos" ou até "juros zero", mas nunca fiz isso talvez por enxergar que o valor do bem já desvaloriza na saída da concessionária e o valor que estaria pagando era de um carro zero quilômetro até o final do tal financiamento.

Casa própria? Ou em sociedade com o sistema habitacional? Tem muitos artigos sobre o que é mais vantajoso: pagar aluguel e não ser responsável pelo imóvel, seus custos e manutenção ou financiar um imóvel, mas realmente não cheguei à conclusão alguma.

A única certeza que tenho é aquela que aprendi com meu pai que financiou a casa em trinta anos e quitou em três anos, grande lição, ou seja, podemos até nos socorrer de um financiamento em um bom negócio, MAS devemos sempre ter em mente a necessidade da criação de reservas futuras para irmos quitando tal financiamento recheado de juros, taxas, seguros ou vamos continuar achando que o banco é bonzinho?

Enfim, não tenho financiamentos, não quero financiamentos, não tenho parcelamento, não quero parcelamentos, não quero o crédito que me oferecem com "juros ótimos" e tenho um desejo imenso que passemos a enxergar com mais clareza o o quanto somos explorados.

Material de construção? Podemos verificar que são oferecidos parcelamentos de até doze vezes ou mais, supostamente sem juros, e quando precisei comprar as coisas do apartamento ofereceram essa "facilidade", bati o pé que pagaria à vista e queria desconto, consegui descontos que variavam de 5% a 15% e olha que ainda fiz as compras em datas diferentes sempre lembrando ao gerente que estava fazendo todas as compras ali. E, pasmem, após o gerente conceder o desconto, no caixa foi oferecido novamente o parcelamento do valor com desconto em doze vezes, ou seja, ainda havia "gordura" a negociar!!!

Quando fazemos previamente reserva, poupança de valores para atender os gastos, além de não pagarmos juros, conseguimos um preço mais real da mercadoria quando nos é concedido o justo desconto.

Enfim, é preciso mudar a forma de pensar o consumo, não há facilidade ou vantagem no crédito oferecido, sustentamos bancos, banqueiros e sistema de uma forma ingênua e pensando ter uma vantagem que é completamente inexistente.

Pensem nisso!!!

8 comentários:

  1. Oi Ziula, as nossas são mesmo formas diferentes de pensar, viu? Eu não acho que é preciso radicalizar e tento mostrar novas formas de lidar com todas essas coisas sem ser radical. Mas isso sou eu, e o bacana é que cada pessoa vai colocar em prática o consumo consciente, simplicidade e o minimalismo de um jeito, né? Eu sinceramente não fiz o blog para mostrar caminhos, mas reconheço que aos poucos isso se tornou parte do que eu faço e não sei se isso é bom ou ruim, mas aconteceu. O que tem funcionado para mim é exatamente o oposto do radicalismo, é uma imensa flexibilização que me permite ser menos perfeccionista e conseguir realizar as mudanças que eu desejo. Talvez isso mude no futuro, mas nesse momento é o que funciona.

    Assim como algumas pessoas criticam o seu papel de parede e questionam se ele é necessário, suponho que o fato de eu ter parcelado o material de construção que usei na minha casa também possa ser visto como uma forma de agir incongruente ou pouco sábia. Mas aí eu acho meio chato começar a entrar nessa lógica, porque sob uma lente de aumento todo mundo faz um monte de coisas complicadas ou questionáveis e a gente quase nunca sabe todos os aspectos levados em conta nas decisões das outras pessoas. O papel de parede permite que você limpe a parede. Eu consegui baixar em 30% o preço de tudo que comprei (tenho planilhas, inclusive) e parcelei esses valores com o desconto. Consegui isso comprando materiais que estavam estacionados nas lojas por terem padronagens que não agradam à maioria das pessoas mas que são as que me agradam mais, como alguns azulejos hidráulicos que usei e nos quais paguei somente 50% do preço de loja.

    Bom, outra coisa que me ocorre, e agora vou ser uma espécie de advogada do diabo, é que se você quer comprar agora algo que não tem dinheiro para pagar e recorre ao crédito, então você deve pagar por esse serviço, né? Nenhum banco no mundo vai nos dar dinheiro ou facilitar a nossa visa simplesmente porque é bacana, né? Então, sabendo disso, às vezes é possível escolher pagar por esse serviço porque realmente se precisa adquirir um bem ou serviço agora. Você sabe que eu sou toda a favor de evitar comprar de forma impulsiva e de comprar o que não se pode pagar, mas não vejo problema algum em comprar algo necessário e que precisa ser comprado agora, e pagar aos poucos. Ou seja, não acho que o crédito é um vilão. Não acho mesmo. Assim como açúcar nao é um vilão, mas se a gente consumir muito e de forma irresponsável ele passa a ser. A grande maioria das pessoas usa o crédito de uma forma muito irresponsável, é verdade, mas não acho que ele é sempre ruim. Foi o crédito que me permitiu comprar um carro sem dar nem 1 real de entrada quando tivemos um problema de doença na familia e uma pessoa que rodava a cidade de moto para trabalhar de repente ficou proibida de pilotar moto. Se não comprasse o carro, não haveria trabalho e, consequentemente, não haveria renda. Eu agradeço emuito por ter financiado esse carro, mesmo tendo pagado bem mais caro do que teria pago se comprasse o carro à vista. Os juros foram altos, mas foram um preço que escolhis pagar conscientemente para poder ter a facilidade de ter um carro num momento em que eu não tinha grana. E isso pode ser aplicado a muitas coisas na minha vida.

    O ideal seria ter um bom pé de meia juntado? Sim, acho que sim, mas as coisas nem sempre acontecem da forma como planejamos. Eu já passei por muitas coisas e sinceramente, planejamento é algo que só estou conseguindo fazer agora na minha vida, pois nos últimos anos tive muitas surpresas.

    Enfim, espero ter colaborado para mostrar o outro lado da moeda que nem sempre é o uso irresponsavel e ingênuo do crédito. Acho que esse post vai gerar muita reflexão sim e isso é positivo

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    1. Então, aí está ... você está fazendo um planejamento, está conseguindo começar um planejamento, você mudou o rumo... e as pessoas podem se inspirar nisso... fiz financiamento, fiz parcelamento da melhor maneira e para o que achei importante, mas hoje consigo fazer um planejamento e sair do sistema!!!

      Claro que o banco cobra e precisamos e podemos evitar pagar juros. Essa não é uma atitude para hoje, nem para amanhã, mas pode ser um projeto de vida para todas as pessoas passarem a viver melhor... VIVER O MOMENTO, VIVER O AGORA... sem parcelas e dentro de suas condições!

      Já diz o Valdemar, em um de seus posts, que carro comprado para o trabalho é investimento, pois ele rende valores, assim, e no seu caso, repito novamente que você é exceção, melhor pagar juros do que ficar sem trabalhar.

      Acabamos tendo pessoas que se inspiram e já que se tornou assim é preciso inspirar para uma mudança radical. Para alguns é loucura eu viver em um apartamento de 80metros, classificariam como radicalismo, mas não quero mais casas imensas e imensas despesas e necessidade diária de alguém que limpa.

      Sempre bom lembrar que a maioria de nós vive uma cultura de consumismo e para frear é preciso radicalizar, pelo menos para mim.

      Adoro trocar idéias com você!!! Sempre aprendo muito e sempre penso muito no que penso.. .rs

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  2. Muito enriquecedor! Obrigada por compartilhar as experiencias de vida, aprendo muito com voces. Eu sou iniciante neste assunto, penso que o caminho do meio eh sabio e que para chegar a ele muitas vezes vamos de um extremo ao outro.Eu estou radicalizando neste momento para mais para frente, e de posse do controle financeiro, eu possa flexibilizar.

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    1. É isso!!! Estamos ainda engatinhando!!! Por exemplo, o ano sem compras: se você flexibilizar aqui ou ali não vai experimentar todos os sentimentos ruins, bons, contraditórios que a dieta de consumo propicia. Então, é preciso radicalizar.

      Quanto ao crédito e sua utilização, se você está sem comprar, passou a fazer um planejamento, resolveu ter uma reserva, nunca mais precisará dele e nunca mais precisará sustentar banqueiros. Seria o mundo ideal e podemos chegar à ele pelo menos nesse sentido!

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  3. Oi Ziula, cada vez mais eu acho que o antigo está voltando.
    Meus avós faziam economia, nunca tiveram crediário, faziam reservas em caderneta de poupança, tinham horta em casa, pomar no quintal...

    Meus pais, idem. Com exceção do crediário, que veio para facilitar a compra de certos confortos modernos. Meu pai abriu um crediário numa loja de vestuário, cama, mesa e banho, eletrodomésticos em geral. Isso mesmo, na loja tinha de tudo. Adorava (eu era cça) ver chegar a kombi das entregas. Eram pacotes enormes. Tudo novo, cheiroso, uma maravilha. Os artigos eram de primeira qualidade. Duravam anos, me lembro.
    Meu pai, guardava o carnê como se fosse uma promissória. Trancado na gaveta, junto com os documentos mais importantes.
    A cada recebimento de salário, lá vinha o carnê sobre a mesa, para
    ser incorporado às despesas necessárias.
    Meu pai nunca atrasou um dia seus compromissos. Nós, os filhos, sabíamos que enquanto o carnê estivesse sendo visto em casa, não adiantava pedir nada prá ele. Era a cota do ano. Só abria exceção para havaianas arrebentadas, assim mesmo, depois de um sermão.

    Mas os filhos cresceram, ganham seu próprio dinheiro, adquirem cartões de crédito, celulares modernos, abusam do livre arbítrio.
    Meu pai fica só olhando. Nem diz o que pensa.
    Quando ele souber, que hoje eu estou a um passo de imitá-lo, com certeza ficará bem feliz.
    Ele já riu quando minha mãe lhe contou que ando costurando.
    Ei, eu não estou ficando velha, o tempo é que está voltando, oras.
    Beijos e flores.

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    1. Antigamente não havia tanto crédito, acho que o máximo era a velha caderneta na vendinha da esquina que era paga todo final de mês. Você me fez recordar que nunca ouvi minha avó falando que comprou alguma coisa parcelada, havia menos urgência.

      Temos que dar um basta na urgência do consumo! Consigo pensar em poucos produtos URGENTES e sem os quais não podemos viver.

      As crianças ano passado viram na casa de um amigo uma TV LED 3D e ficaram enlouquecidas, falei que se quisesse teriam que comprar com a mesada, mas eu não iria colocar mais uma tv em casa se as nossas funcionavam, chegaram a falar em vender as nossas, não foram atrás, esqueceram a dita compra e nunca mais falaram absolutamente nada sobre essa TV. Aliás, a Izabel tem até enjoo com filmes 3D, entretanto, fosse em outra época e eu teria comprado na mesma hora...

      Então, estou usando esse método esse mês... ninguém tem direito à qualquer compra até o dia 20 do mês de setembro considerando que tivemos muitas despesas extras (médico particular, exames particulares, carteira de habilitação da Izabel, aumento para a diarista que realmente merecia e outras despesas com o apartamento). Acaso necessário esse período será aumentado e está todo mundo feliz. Claro que se o tênis ou o chinelo rebentarem farei a reposição, mas só haverá exceção em casos urgentes, inadiáveis e que imponham algum sacrifício insuportável. Ninguém reclamou!!!

      Beijos e força! Vamos chutar o pau da barraca mesmo! Se depender de mim haverá muito banco sem recebimento de juros e muitas lojas dando ainda mais descontos à vista!

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  4. Eu concordo que temos que mudar a forma de pensar o consumo, a forma como lidamos com toda essa necessidade criada pela mídia e principalmente a forma como lidamos com o crédito ora ofertado.

    Porém, sigo achando que o crédito pode ser bom. Na verdade o crédito é um meio de pagamento e o usar bem ou usar mal é que fazem a diferença.

    Certamente economizar antes é melhor, devemos ter ou retomar esse hábito pois só isso dá uma segurança, mas no decorrer da vida em algum momento o crédito pode ser necessário e acho que essa facilidade a ele podem ajudar. Mas para algo necessário, algo que faça ter um retorno financeiro maior. Não para comprar uma coisa qualquer que antes de ser paga já fica obsoleta, se deteriora, sei lá. Ou para aparentar. Essa falsa aparência não serve para nada, não adianta andar "como o grupo" e se ficar doente não ter dinheiro para tratar. Não adianta ter um carro bonito e não poder pagar o seguro, e não pagar imposto, não ter dinheiro para um incidente.

    Mas tem créditos e créditos. Antes de se socorrer a um desses por um momento o ideal é entender bem sobre o assunto e isso é ignorado pela maioria, não adianta ouvir "não tem juros" em 12 x pois a gente sabe que tem sim, ninguém vai ficar "emprestando" dinheiro de graça por bondade.

    E uma coisa é certa, com essa popularização dos parcelamentos via crédito além de incentivar o consumo por vezes desenfreado desestimulou o hábito da poupança e do pedir desconto.

    Antes era tão famoso isso que tinha uma poupança com a música que acho que até hoje quem é da época lembra, naquela época lembro que ficávamos cuidando o dia de aniversário da poupança para dar o dinheiro que tínhamos ganhado dos pais para depositar. Hoje não sei essa data mais, acompanhava direto, esqueci completamente..rs

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    1. A questão é desautomatizar... as pessoas de uma maneira geral estão acostumadas a usar o crédito para satisfazer desejos imediatamente... daí minha vontade de que todos façam diferente e não usem nunca e saibam esperar...

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