sábado, 28 de dezembro de 2013

912 dias e a vaidade indo embora!

No post "Minimalismo e Voto de Pobreza" recebi o seguinte comentário das jornalistas do blog "Políticas e Cutículas":

"Tenho muito interesse nesse assunto. Minha alma tem forte inclinação para o minimalismo. O problema é preciso conseguir conciliar essa postura com minha eterna luta pra ser mais vaidosa. Na minha cabeça, são duas coisas que não combinam nem um pouco rs. Por que é tão dificil para mim conseguir o equilíbrio? Bjo e obrigada pelo espaço."

Pensei muito nisso quando estava viajando, principalmente quando precisei descer para a ceia de Natal e não havia levado nem roupa nem sapato. Depois percebi que tenho apenas uma calça jeans e nenhuma bermuda. Também não tenho vestidos leves para o verão. Sandálias baixinhas já terminaram faz tempo e só tenho duas havaianas. Enfim, cheguei ao limite do cúmulo da falta de vaidade.

Com isso respondo a pergunta sobre o equilíbrio, ou seja, o ser humano tem uma certa dificuldade em conciliar as coisas. Saí do excesso de vaidade e o retrato pode ser visto nas inúmeras caixas com acessórios para a total falta de vaidade que ficou mais evidente quando passei a retirar tudo que não usava, deixei de comprar para terminar o que já tinha e as caixas com acessórios, apesar da intenção feita de usar tudo, continuam quase intactas e consegui usar apenas alguns.

Já andei em lojas, mesmo na viagem experimentei algumas roupas, passei pelo free shop e meu filho mais velho observou "esse ano sem compras não te fez bem!", claro que em tom de brincadeira. Consegui comprar uma maleta para carregar meu notebook, a minha tinha quatro anos e estava toda rasgada e um perfume que se tornou o meu presente de Natal no amigo secreto.

As crianças fizeram compras, rolou desde skate até óculos de sol. Mencionei por aqui que meus filhos não tem que seguir minhas escolhas, embora eu observe com alegria que eles são muito controlados e tenham aproveitado a viagem para comprar aquilo que precisavam por um preço mais em conta. Por exemplo, o skate do Pedro já estava pedindo substituição e a Izabel estava com seus óculos de sol quebrado.

E eu? Está difícil! Realmente preciso de algumas coisas, entro nas lojas e só vejo lixo, acho que tudo é mal costurado ou mal feito e que não vale a pena entulhar o roupeiro com porcarias. Entro em lojas com produtos de melhor qualidade e as peças não caem tão bem quanto valeria a pena levar para a casa.

A situação está complicando no momento em que você não tem mais como se arrumar adequadamente em determinados lugares e não consegue repor aqueles itens que usava antes, sendo que muitos foram doados e outros acabaram.

E o mais interessante de tudo isso é que realmente não faz falta. Não me importei em usar vestido emprestado da Izabel na noite de Natal e a sapatilha velha estava bem confortável. Eu não precisava de nada novo, de um vestido natalino ou uma sandália com brilhos. Estava feliz na ceia e as pessoas, mesmo que olhem ou comentem, não importam!

A bipolaridade da vida. Eu preciso, mas eu não quero. Há coisas mais importantes a fazer que perder meu tempo em loja. Prefiro uma casa com menos itens para organizar e limpar. Adoro saber que posso viajar e até decorar minha casa sem preocupações financeiras. Por outro lado, eu bem que gostaria de achar um pouquinho da minha vaidade que fui perdendo ao longo desses dois anos e meio ou para ser mais exata ao longo desses novecentos e doze dia que já se passaram desde que iniciei o primeiro ano sem compras.

Como encontrar o equilíbrio? Será medo de retornar ao consumo "inconsciente" que me impede comprar o que preciso? Realmente preciso de alguma coisa?

Estou feliz assim, mas há algo me incomodando, não consigo identificar muito bem o que seja...

6 comentários:

  1. Olá, me desculpa, não tenho a menor propriedade pra falar sobre o assunto, mas talvez você esteja sentindo falta de você mesma! o minimalismo te deixou uma pessoa melhor (como você mesma vem observando nos ultimos textos), mas quem sabe agora você precise mesclar essas características que vem adquirindo nos últimos tempos com as que você já tinha, pra assim poder ser a melhor versão de si mesma sem esquecer nenhum detalhe

    Acompanho outros blogs de meninas que buscam um estilo de vida minimalista e a vaidade é mesmo um assunto que dá o que falar, mas elas tem conseguido e inspirado e tenho certeza que você irá conseguir também. :)

    ps.: por favor me desculpe se eu estiver sendo intrometida! só queria compartilhar uma visão de alguém totalmente fora da situação

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    1. Nicole, acho que eu tinha me perdido um pouco, sou muito de andar nos extremos... agora estou buscando o equilíbrio.
      Penso que já consegui alguma em termos de vaidade...
      E jamais acharia você intrometida!!!
      Beijos

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  2. Oi Ziula,
    penso que esse processo de mudança, nos faz, inconscientemente, trocar dois sentimentos para lados diferentes da balança.
    Nós vivemos fortemente com a Esperança (disso e daquilo), e a Alegria vinha em segundo plano, sem ser muito enfatizada.
    Neste processo todo, parece que a alegria passou na frente da esperança e o jogo virou.
    Pelo menos comigo tá sendo assim. Vivo e curto mais o momento presente, sem me preocupar se amanhã estarei feliz, ou não.
    Ganhei vários presentes de Natal, mas ainda não usei nenhum (???) Até vibrei ao ganhá-los, mas estaria feliz mesmo se não ganhasse nada. (Eu acho...)
    Coloquei a sacola de presentes ao lado da cama, porque adoro acordar com cheiro de coisa nova.
    Mas, já estava deitada quando me lembrei desse meu hábito.
    A Esperança ficou, meio que de férias. Deixou de ser a protagonista soberana, para deixar a Alegria reinar.
    Tenho que vigiar para não perder o prazer pela vida. Ficar apática e indiferente às coisa boas e bonitas. Não acho legal ser assim.
    Boa sorte!
    Bjs

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  3. Ziula,
    Somos muito condicionados a "precisar de coisas", a indústria, a publicidade massacrante, os vizinhos da rua ou do condomínio, os colegas de trabalho....todos nos sinalizam e nos empurram para uma "necessidade de consumo". Você está pondo em prática um modo de ser muito muito "fora do script". Aceite o seu sentimento de estranhamento, de alguma ou de muita "bipolaridade" da vida (usando o termo que vc usou). É difícil mudar. É ainda mais difícil tocar a mudança adiante. E esse caminho será assim. O vento virá sempre contra...até que mais pessoas comecem a perceber a escravidão do consumo e comecem a dizer não... (Peço licença para acrescentar ao seu post que, no meu caso, ainda me dói pensar na mão de obra escrava que aparece refletida nas etiquetas das roupas - made in Bangladesh, made in Turkey, made in India (quanto alguém recebeu para que uma camiseta aqui, depois de todo o caminho geográfico e alfandegário, te custe $ 30,00)? Força, Ziula. Feliz 2014!

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    1. O trabalho escravo nas confecções está parecendo uma constante, confecções que nem imaginávamos agisse assim terceiriza e as facções utilizam mão de obra escrava. Um horror!
      Vou tentando achar o equilíbrio!

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