domingo, 15 de dezembro de 2013

Saudades

-->
 Esta noite não dormi assolada por uma saudade daquelas que doem de verdade.

Dizem que a saudade é a presença da ausência e a falta de alguns seres que já partiram para a espiritualidade me fizeram chorar muito esta noite.

Senti a ausência, neste plano físico, da Bisavó Cotinha, sempre sorrindo e mais ainda quando ganhava cestas com guloseimas; da Bisavó Waldomira, ou simplesmente Bisa, companheira na solidão e nos problemas da minha adolescência; do Avô Atílio, com seu radinho sempre colado ao ouvido, cujo volume ele somente aumentava quando seu time fazia um gol; da Vó Altiva, com sua bondade, preocupação e empenho em sempre fazer alguma coisa de bom para a família; do Vô Aristides, meu mentor, mestre e conselheiro para todos os problemas da vida; da Lazona, cujo silêncio esclarecia todos os mistérios da vida e da morte, da bondade e da maldade, sabia quando uma colega de asilo iria partir juntando as mãozinhas e apontando para o céu alguns dias antes da partida, conhecendo as pessoas pelo olhar e somente permitindo aproximação daquelas que sentia possuíam um bom coração; do Luis, também do asilo, que no início das visitas dizia palavrões e não saia do quarto com medo de ser assassinado, sendo que com o tempo passou a fazer poesias belíssimas para esperar a visita e confraternizava, juntamente com os outros, quando havia algum jantar diferente; do Enrico, amigo de todas as horas, companheiro das minhas dúvidas e até nos momentos mais difíceis conseguia enxergar algo engraçado na situação; do Tchê, meu cachorro, que dormia roncando ao lado da minha cama, somente levantava quando tinha certeza de que eu iniciaria meu dia, cantava quando a Emilia pedia e sabia, bem antes de qualquer sinal que um humano poderia sentir, quem estava para chegar e sentava-se à porta para esperar; da Ana Ghisi, colega de concurso, tranquila, espiritualizada, com quem tinha um almoço marcado e o universo impediu.
Posso ter esquecido alguém, mas estas eram as causas desta noite!
Deve ser este sofrimento todo que me faz viver hoje tão próximo das pessoas que penso acrescentam amor e felicidade à minha existência, aproveitando-as ao máximo enquanto estamos no mesmo plano. 

Por isso, não deixe para amanhã tudo que você dizer e fazer por outro ser, faça hoje, ninguém tem certeza do que será o futuro ou de quanto tempo é nosso futuro na Terra.
Torne todas as pessoas e seres mais importantes que qualquer objeto, aquisição, viagem ou seja lá o que for, porque no final sobra apenas o que está no coração e o sentimento gravado em nossa alma.
Ame, diga que ama, mande mensagens, cartões, flores, dê carinho, afeto, cuide com todo seu potencial, e tudo isto HOJE! Amanhã, poderás apenas demonstrar sua saudade em um texto e sofrer a ausência em seu coração!

4 comentários:

  1. Emocionante o post. E a saudade é reflexo que momentos maravilhosos foram vividos com aquela pessoa. Tenha uma semana maravilhosa. Abs.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Cecília, a saudade de pessoas que se foram nos impulsionam a buscar outras para termos maravilhosas experiências para a dor ficar menor.
      Uma semana maravilhosa para você.
      Abraços

      Excluir
  2. Caramba, tivestes até bisavós? Eu nem saberia dizer o nome dos meus, mal e mal conheci um avô por parte de mãe e uma avó por parte de pai, acho que meus pais sempre quiseram nos poupar de alguma tristeza e na época lembro que a mãe comprava fraldas para esse avô e a minha avó que vivia na serra só vi uma vez que eu lembre.

    Eu acho que temos que lembrar das coisas boas com saudades mas sem deixar que isso comprometa o presente, também sinto falta dos meus cachorros que tive na adolescência e viveram seus quase 15 anos, o mais velho viveu mais, era mais tranquilo. O mais jovem morreu um pouco antes causando uma surpresa enorme, porém era muito estressado. Mas eu tenho consciência de que fui o melhor que pude com eles, a mãe também, ainda que brigasse comigo quando eu dizia que estava muito calor e levava eles para dormir no meu quarto e dai como ela ficava braba eu deixava ela dormir, pegava eles e deixava de volta antes dela acordar. Por um tempo eu achei que isso funcionava, mas ela sempre soube que eu fazia isso, nem precisava “esconder” rs e quando eles estavam velhinhos ela que fazia isso por mim, já que em outra cidade eu não podia, só nas férias.

    É preciso observar a pirâmide, e valorizar quem nos valoriza. Um tempo atrás eu estava dizendo pra mãe algumas coisas que não gostava em uma tia, uma das irmãs mais novas dela. Daí ela disse que eu era mal agradecida, que essa tia sempre fez minhas vontades, que quando ia no pré-escolar e não queria ficar, ela ficava sentada lá no colégio para que eu visse da janela e ficasse na aula, que fez isso por mais de um ano. Eu nem lembrava, mas já vi na casa dessa tia revistas de colorir da época que tinha uma que publicou um desenho meu, mas isso eu já tinha 7 anos pelo que estava no papel. Dai eu até desbloqueei ela do facebook...kkkk

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tive duas bisavós... morei com meus avós paternos por dois anos... meu avô paterno partiu quando eu ainda era criança e minha avó paterna estava por aí até pouco tempo ... foi uma convivência muita boa e tenho muita saudade... e sabe o que mais me dá saudades? Os sabores e as conversas!

      Excluir