terça-feira, 25 de setembro de 2012

Alerta para nós brasileiros!

Recebi esse comentário de uma leitora de Portugal e transformei em post para que não fique escondido no "rodapé". É um grande alerta sobre nossos hábitos atuais. Agradeço os elogios quanto à forma de consumo consciente que estou desenvolvendo, mas sempre alertando que muito ainda tenho que melhorar.

"Qrda Ziula:

Na minha aula de yôga, tenho uma «coleguinha» brasileira casada com um piloto inglês que vive aqui em Lisboa. Como eles passam dois meses por ano no Brasil, acabamos por falar muito daí e daqui. Da última vez que conversámos, ela disse-me que o que mais a tinha impressionado na sua última estadia aí, era a «febre» de consumo que o Brasil estava a atravessar: todos querem ter tudo e das melhores marcas. O que nos fez pensar na situação que nós, aqui em Portugal, vivemos entre 1996 até 2008. Tal como os nossos vizinhos espanhóis, nós, portugueses, achámos TODOS que estávamos ricos para SEMPRE!

Embora talvez em níveis diferentes dos vossos, tanto os espanhóis como os portugueses, éramos povos que até aos anos 60-70 tínhamos vivido a pobreza, a fome e o desespero totais, ao ponto de emigrarmos massivamente para a Europa mais rica. Até 1974, em Portugal, havia muita pobreza, fome mesmo, pessoas nas ruas pedindo «esmola», descalças, quase esfarrapadas (eu tenho essa imagem fixada na retina como uma referência indelével!), um índice de analfabetismo vergonhoso e muitos bairros de barracas (favelas) dentro e fora da cidade grande que duraram até ao limiar do século XXI!

Assim, como não perceber o desejo de consumo desenfreado, sistematicamente incentivado e desenvolvido pela publicidade do sistema bancário dirigido a todos os cidadãos? Como não optar por nos endividarmos a um prazo de 40 anos por uma grande casa própria, de preferência novinha e pronta a habitar, nos subúrbios evidentemente? E, a esta dívida (mas seria mesmo uma dívida ou um investimento?), acrescentar outo crédito para mobilar a casa e outro para comprar pelo menos um carro, talves dois, e outro ainda para passar férias em Cancun e já agora também (e porque não se nos era tão facilmente «oferecido»?) para comprar as compras de Natal ou adquirir os bens necessários ao novo ano escolar das crianças?

Um povo inteiro (mais do que um, claro, porque neste barco estamos todos os países dos sul da Europa)deslumbrado com o que todas as gerações anteriores nunca até ali tinham tido ou sequer imaginado poder vir a TER (não a SER), completamente «impreparado» para as armadilhas do dinheiro «fácil», na medida em que o analfabetismo funcional permanece altíssimo?!

Assim é uma demasiadamente grande parte da realidade que agora vivemos: com as pessoas a terem de entregar em hasta pública as suas casas e, apesar disso, a terem de continuar a pagar uma imensa dívida ao banco, muitos dos quais sem emprego nem perspectivas de o voltar a ter; com tantas e tantas crianças a dependerem das refeições escolares para se alimentarem devidamente em cada dia, com milhares idosos a terem de repartir com filhos e netos, muitas vezes contra vontade, as suas parcas reformas!

Por tudo isto, parece TÃO mais do que IMPORTANTE o papel que deténs na comunidade em que vives: alertar as pessoas, o maior número possível de pessoas, para o que se está a passar convosco. Para porem os olhos em nós ou no Chile, por exemplo, um país que nos escreveu a nós, portugueses, uma carta coletiva afirmando isto mesmo: não nos deixemos levar pelo consumismo que nada é mais fácil do que a adesão ao supérfluo que, contudo apenas nos proporciona uma alegria efémera e descompensadora.

Temos de nos focar nos valores essenciais e viver o dia-a-dia com o máximo de alegria e de simplicidade possíveis. Afinal cada dia é-nos dado uma única vez. Como podemos então desperdiçar este bem tão precioso? Tu sabes de tudo isto muito mais e melhor do que eu, querida Ziula! Continua pois mostrando aos outros como se vive uma vida melhor!. Bjs, mts."

11 comentários:

  1. É bem verdade o que esta minha conterrânea portuguesa diz. Houve um deslumbramento maluco a partir dos anos 80, aqui em Portugal, onde toda a gente (fora um ou dois) achava que podiam comprar este mundo e o outro! Como o dinheiro não nasce nas árvores, estamos todos a pagar a fatura agora... mesmo aqueles que, como eu, nunca se meteram em crédito para comprar coisas!
    O seu blog é um ótimo veiculo de alerta!
    O perigo é real, infelizmente...(veja o que aconteceu connosco...)
    Continuação do seu bom trabalho!

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    1. Catarina, por aqui temos uma desigualdade social imensa e aqueles que tiveram um aumento no poder aquisitivo estão totalmente deslumbrados, o que até penso ser normal. Entretanto, esse fato leva àqueles que não tem ganhos tão significativos pretender acompanhar essa onda de consumo, o que tem efeitos desastrosos.
      Mesmo aqueles que hoje ou em passado próximo tinham bons valores na conta devem tomar cuidado, pois o quadro está se alterando rapidamente para a diminuição... É preciso ter cuidado!!!

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  2. Bom Dia Ziula

    A leitora portuguesa nos trouxe detalhes do que pode acontecer aqui no nosso país, se o endividamento dos brasileiros continuar do jeito que está indo...

    Mas eu, tu, e os leitores do teu sítio sabem que isso pode ser revertido com educação financeira, que precisa ser dada nas escolas e o consequente orçamento doméstico nos lares brasileiros.

    Me sinto feliz em não fazer parte do percentual dos endividados, pois tenho náuseas a qualquer tipo de parcelmanento, seja o que for, inclusive na compra de bens com um carro.... se não for na boca da guaica, nada feito (somente à vista e com desconto dos bons).

    Fica com Deus e continua a semear educação financeira do modo que estás fazendo, por aqui neste teu sítio.

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    1. Além de discutirmos essa situação por aqui é preciso expandir o universo das pessoas conscientes, isso importa em alertar família, amigos e colegas de trabalho, o que não é tarefa fácil considerando que nem todos estão dispostos a ouvir e podem até nos considerar os "chatos anticonsumo", de qualquer forma, estou assumindo o risco...

      Fica com Deus também e continue nos trazendo informações preciosas, pois em termos de consumo você está léguas à frente... Abraços

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  3. Ontem vendo uma aula da minha pós , que nada tem a ver com consumo, me surpreendeu o palestrante da aula inaugural falar de consumo. Contra o consumo mais especificamente.

    E, no mesmo dia de ontem, uma prima do RJ postou isso no facebook:

    "Quem me dera, ao menos uma vez, que o mais simples fosse visto como o mais importante". Legião Urbana

    Acho que cada vez mais as pessoas estão se dando conta de que é preciso uma preocupação maior com esses assuntos.

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    1. Fico feliz ao perceber que as pessoas estão mudando o rumo das coisas, podemos ser poucas, mas esse universo está se expandindo e chegaremos à uma conscientização muito maior em pouco tempo também. Beijos

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    2. Adriana.. gostei da história do elevador que você contou no blog da Samanta, infelizmente não tenho tanta sorte e nunca encontro galãs em elevadores :=)

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    3. hahaha.

      Olha a coisa anda boa por aqueles lados da justiça do trabalho. Daqui a pouco disputaremos a tapa quem vai ir..kkkkk

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    4. "Muitas pessoas gastam dinheiro que não tem, para comprar coisas que não precisam, para impressionar pessoas que não gostam."

      Ontem li essa frase e lembrei logo do seu blog!
      Abraços

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    5. Ana... essa semana que passou isso ficou mais claro do que nunca para mim!!! Beijos

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  4. Ziula: Hoje ouvi na rádio que, segundo um estudo..., em todo o mundo, os povos mais dependentes do consumo online são os chineses, os indianos, os mexicanos e... os brasileiros!

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