quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Escolhas financeiras e filhos

Passamos o sábado no shopping, matando o tempo enquanto meu filho mais velho corria no parque para depois ir nos buscar.

Não foi a melhor escolha, com certeza! Poderíamos ter ido para o parque também, mesmo que somente para olhar a paisagem e tomar água de côco.

Entretanto, a Izabel adora uma loja e como é um prazer para ela, não me custa nada olhar araras e mais araras. Ela buscava um vestido longo, justificando que nunca teve um e olha que ela não tem nenhum vestido, quando queria usar algum pegava um dos meus, só que nem mesmo ela quis mais meus vestidos velhos e eles foram descartados, somente restando aqueles usados para trabalhar, com corte mais clássico.

Pois bem! Lá foi ela e achou o vestido, preto com branco, animal print e com algumas flores para quebrar a estampa principal, no valor de R$ 139,90. Disse que amou o vestido, mas somente levaria se eu pagasse a metade, caso contrário iria "pensar" porque não queria gastar toda a mesada.

O certo é que a mesada dela é superior ao valor do vestido e concluí que a paixão não era tão grande assim, caso contrário ela faria o investimento sem pensar. Ato contínuo recusei pagar a metade e o vestido ficou na loja, até mesmo em razão de um item que compramos no final de agosto e avisei que somente faria outra compra para ela em outubro.

Pode até parecer maldade, mas o certo é que precisamos estimular nossos filhos para que façam escolhas conscientes e se o caso for economizar, o certo é que vão economizar o dinheiro deles e não vou deixar que gastem o meu. Afinal, já estabeleço mesada em valor compatível com as necessidades.

Existem alguns filhos acometidos de "pão-durismo" quando se trata do dinheiro que ganham, seja mesada ou salário, e a minha é mais ou menos assim com a mesada, alguns itens somente vão para o guarda roupa porque são pagos por mim ou pelo pai e acredito que as escolhas de consumo somente serão realmente boas, hoje e no futuro, se a pessoa tiver disponibilidade para gastar o próprio dinheiro.

Outro problema relacionado às pessoas que tem dificuldade em gastar o próprio dinheiro é que terminam por prejudicar quem está mais próximo, seja exigindo valores para gastos que poderiam custear, seja pelo fato de que não sentem prazer em adquirir nenhum item, nem mesmo aqueles necessários ou que tragam algum prazer, além de criticarem de uma forma não delicada as aquisições feitas por outros membros da família ou amigos, exigindo de todos economia por vezes sem qualquer fundamento.

E aí entra meu filho mais novo, econômico até a alma, sofre quando vai no mercado junto comigo porque acha a conta alta demais, tento explicar que são itens necessário, que é importante se alimentar bem, manter a casa limpa, e ele continua achando que gastamos demais e temos que economizar até no mercado. Também critica a irmã que gosta de uma "lojinha" e fica perguntando porque ela precisa de mais uma camiseta, por exemplo, se tem tantas em casa. Por outro lado, quando se apaixona não economiza mesada e ainda procura me presentear e também presentar os irmãos.

Posso elogiar tanto um quanto o outro, pois com esses comportamentos certamente não sairão gastando o dinheiro que eles não tem nem ficarão endividados, da mesma forma que o irmão mais velho que recusa terminantemente o cartão de crédito que o banco quase impôs a ele e nem pega talão de cheques, utilizando apenas saque nos caixas eletrônicos e cartão de débito, sabendo cada centavo que recebe e cada centavo que gasta, além de pagar as despesas antes da data do vencimento.

Todos eles quando realmente fazem uma escolha financeira que entendem imprescindível sentem felicidade e jamais sofrimento, buscando itens que atendam as necessidades do momento ou mesmo um prazer e aguardando a oportunidade certa para comprar qualquer coisa, sem a ansiedade do consumo e sem fazer qualquer compra por impulso.

E lá vem a frase da minha avó: "a virtude está no meio", ou seja, precisamos estimular nossos filhos a fazer escolhas conscientes, sem estimular o "pão-durismo", sem estimular a "gastança" desenfreada, e dessa forma eles aprendem a manejar adequadamente o dinheiro que chegar às mãos, exercício importante e necessário para a vida inteira.

Como tudo na vida, escolhas financeiras também dependem de treino e quanto antes esse treino começar, melhor!

4 comentários:

  1. No inicio fiquei com pena da guria :), mas tens razão, a pior coisa é ficarmos mal acostumados, seja para criticar os outros, seja para achar que tudo "cai do céu".

    Assim vê quanto é o valor real da coisa, se vale ou não e principalmente dá valor ao que comprou pois sabe que não foi com conversa.

    E o ideal é mesmo o meio, pessoa "pão dura" não dá.. e que gasta desenfreadamente também não. Não saberia dizer nem o que acho pior, não me atingindo acho que tolero menos a pessoa pão dura. Uma vez recebi uma "dica" de como deixar meu carro econômico. Bastava para tanto, segundo a pessoa, deixar ESVAZIAR o tanque.

    Sim, esvaziaria o tanque e eu iria empurrando até o posto. Uma bela economia. Nem preciso dizer os desaforos que respondi... :) já quem gasta desenfreadamente me assusta mas se não me atinge, só palpito a favor da moderação, não fico falando e tal..

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    1. Adriana, quando o assunto se refere a qualquer coisa com "filhos" sou o coração mais mole desse mundo e não pense que não fiquei com "pena da guria"!!! rs

      O fato é que o vestido não fez a menor falta e nem foi lembrado. Já vi muitas coisas erradas por aí, inclusive na família, justamente por não colocarmos limites financeiros nas pessoas, então, quero e vou ser diferente com meus filhos, embora eu ainda ache que sou muito permissiva e boazinha e só tempo para me tornar melhor comigo e pior com eles :-) Espero que tenhas entendido o sentido de "pior"... rs

      Quanto ao tanque, costumo deixar ficar quase na reserva do combustível para somente então encher o tanque novamente. Confesso que isso me traz algumas vantagens familiares, pois a queixa de meu filho mais velho é que só empresto o carro quando não tem gasolina :-) então ele quase não pode, com a ressalva de que agora estamos com um único veículo na residência por um pequeno tempo e vamos ver como fica o combustível :-)

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  2. Estava a ler a história do vestido da tua filha e a pensar que condizia completamente com a tua bolsa prüne animal print, verdade? Mas o que mais me tocou neste teu post foi atua afirmação de que achas que és muito permissiva e boazinha e só necessitas de um tempo para te tornares melhor comigo e pior com eles! Por mim, tens toda a razão do mundo: não é nada bom sermos demasiado boazinhas com os filhos. eu estou a começar aprender a fazê-lo. Até porque, no fundo eles não querem. Já aprender a ser boazinhas connosco próprias... é bem capaz de ser mais difícil ainda!

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    1. Maria, a situação da bolsa é a mesma do vestido, mas pareceu mais fácil resistir à bolsa... rs... queremos ver nossos filhos felizes e temos que aprender que itens e mais itens de moda não trazem felicidade, o que traz felicidade são os momentos que passamos juntos, a atenção que damos e até as broncas que por vezes chegamos a gritar :-)

      Eles precisam é de limites e já percebi que adoram limites!

      Agora, como vc falou, precisamos aprender a ser boazinhas conosco próprias e isso é bem difícil! Pois bem, mais um exercício e mais um desafio, não é mesmo???

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