quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O que fazer com pessoas não minimalistas?

Procuro manter a casa razoavelmente organizada e exijo dos meus filhos que colaborem. Essa exigência é feita através de conversas e, acaso não as conversar não resolvam, tenho outros meios coercitivos que podem não representar aqueles mais indicados, mas são usados efetivamente sempre com a advertência de que se trata da minha casa.

E quando vou ficar na casa de outra pessoa,  mesmo que por poucos dias?

Bem, daí depende da intimidade e da liberdade que a pessoa me conceda.

Certa vez fui visitar minha irmã, entrando no banheiro para tomar banho visualizo mais de dez shampoos e condicionadores, todos utilizados parcialmente, alguns mais outros menos. Não tive dúvidas, fui colocando shampoos em frascos respectivos, fazendo o mesmo com os condicionadores, reduzindo a quantidade de frascos drasticamente e deitando no lixo os demais que restaram vazios.

Na vez seguinte, antes mesmo que eu entrasse no banheiro, minha sobrinha saiu correndo, fechou a porta e quando consegui adentrar o recinto encontro inúmeros frascos de shampoo e condicionador no lixo. Rimos muito, mas a lição foi apreendida e quando chego atualmente não tenho mais que organizar ou ver alguém correndo para limpar o ambiente.

Minhã irmã é uma linda e minhas sobrinhas são duas lindas! Temos um ótimo relacionamento e elas de certa forma também buscam um local organizado, embora tenham algumas dificuldades para manter tudo. Todas estudam, não tem empregada, o apartamento é grande, precisam cozinhar em horários estranhos, por exemplo almoçando às 14h30. Então, entendo toda a dificuldade e meus atos de destralhe na casa delas tem o único intuito de ajudar quem quer ser ajudado.

Fossem outras pessoas, teria que ficar recolhida à minha insignificância.

O texto de hoje foi inspirado por uma leitora muito querida que encontrou a casa do namorado totalmente bagunçada e perguntou o que deveria fazer. Até brinquei, antes de saber que era a casa do namorado, para que ela corresse se pudesse e nunca mais voltasse, sendo que se a casa fosse a dela deveria arrumar o quanto antes, pois visitas poderiam chegar.

Na realidade, o que temos que entender é o ritmo de cada pessoa, o grau de discernimento que ela tem, os desejos para a vida e o estado evolutivo em que se encontra. 

Nada pode ser imposto, porque não vai funcionar. As pessoas mudam com o exemplo e quando estão preparadas para a mudança, é um longo processo que não pode ser exigido.

Seria muito fácil se certas pessoas pudessem ser simplesmente afastadas de nossa vida. Isso é possível quando se trata de pessoas estranhas à família de sangue, jamais quando estamos convivendo com pessoas de nosso círculo familiar e sobre os quais não temos a ascedência que temos sobre os filhos.

Quando se é sozinho, ou se tem poder de mando da casa, tudo flui com maior tranquilidade. Caso contrário, é necessário encontrar um ponto de equilíbrio.

Em um primeiro momento você pode conversar sobre a necessidade de organização e de não manutenção de itens desnecessários/supérfluos, pois natural que as pessoas que vivem sob um mesmo teto se preocupem com a felicidade dos demais. 

Confesso que jamais seria feliz em um local bagunçado, aliás já tive essa experiência por ocasião de um relacionamento e não foi nada gratificante, tanto que a pessoa não mais faz parte do meu círculo de relacionamentos e continua mantendo sua casa de forma caótica.

O exemplo é muito importante e digo isso de "carteirinha". 

Após iniciar o "ano sem compras" meu filho mais velho começou a observar meus hábitos e também a alterar os hábitos que tinha, certo que de uma forma mais lenta. Meu filho mais novo não precisou mudar nada e todos que acompanham o blog já sabem da forma maravilhosa como ele lida com o consumo. Minha filha está em casa há pouco mais de trinta dias e já está apresentando mudanças bem claras, deixando de consumir quando não tem absoluta certeza se realmente precisa de alguma coisa ou se deseja a ponto de abrir mão de alguns valores que lhe são repassados.

Quanto à organização, essa é exigida aqui em casa, mas se você não puder agir da mesma forma, relaxe. Depois de relaxar e entender a limitação do outro, estabeleça alguns locais como sendo "seus" e, conversando calmamente, explique que quer aquele local arrumado e que ninguém pode invadir esses pequenos territórios. Quanto ao restante da casa, relaxe e aceite! Com o tempo e vendo como estão os "seus espaços" as demais pessoas tendem a buscar locais organizados e destralhados.

Na mesma esteira, você pode parar de compras, de trazer tralhas para casa, pode mudar seus hábitos alimentares, afinal, você pode decidir sozinho o que fazer da sua vida.

O exemplo e mais os comentários sobre o que mudou na sua vida depois que as atitudes de consumo passaram a ser mais conscientes, depois que o minimalismo começou a ser implantado, são muito importantes para que os demais iniciem também uma vida melhor. Passe seu conhecimento para aqueles que estão à sua volta e garanto que é contagioso.

Busque também não ser tão radical e deixe espaço para ceder em prol da convivência harmônica, sempre é claro sem se afrontar e sem desrespeitar os seus conceitos.

É, como se pode observar, não há fórmula mágica! 

Tudo na vida é questão de escolha. 

Você escolheu ser minimalista, mas pode ser que aqueles que vivem com você não tenham feito a mesma opção. 

Você pode optar por ceder, por contagiar pelo exemplo, por aceitar, por arrumar a bagunça alheia, por impor organização e também por ficar afastada das pessoas que não tem mais jeito em relação ao seu modo de vida!

4 comentários:

  1. Ziula,
    eu confesso que minha vontade é de sair organizando e destralhando as casas das pessoas que eu visito... rs. Mas tenho perfeita consciência de que seria invadir o espaço alheio.
    Estou pensando em adotar a técnica de contar como estão sendo minhas experiências e como está sendo legal, sem implicar com os comportamentos alheios nem dar sugestões não solicitadas. Como dizia Ruy Barbosa, "as palavras convencem, os exemplos arrastam".
    Beijos

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    1. Lud, penso que se vc tiver autorização e a pessoa quiser uma mudança, não sabendo por onde começar, seria salutar essa "invasão". Como falei, tudo depende da intimidade e da liberdade que temos com a pessoa.

      Dividir experiências é fundamental. Quem sabe a pessoa nem tenha pensado naquilo e você consiga plantar uma sementinha, por pequena que seja!

      Dividir outras formas de felicidade que a pessoa nem sabe que existe pode abrir novos caminhos.

      Beijos

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  2. hahaha

    Essa é uma questão difícil, MUITO difícil!!

    Cada pessoa tem a sua noção do que é importante e quando acumula a determinado ponto que o negócio começa a irritar e enfim, tem que ter muita paciência mas é aquela coisa também, se arrumamos a pessoa pode querer que façamos isso sempre né? Daí a coisa complica.

    Quanto aos exemplos, na família próxima até que é fácil seguir, agora no caso dos "afins".... até pode ser que dê, mas é um caminho mais longo.

    Eu não tenho dificuldade para dizer que me recuso terminantemente a fazer tal coisa, o problema é que quando os dois são assim, aparecer na tv em programas como o que tu gosta dos acumuladores deve ser um passo né..kkk

    Geralmente reclamo da bagunça na casa de qualquer pessoa que eu vá, sim, qualquer. Sou meio sem noção e uma das coisas que estou tentando exercitar é me calar (não que eu seja falante e extrovertida, mas quando resolvo falar vou direto ao ponto rs).

    Acho que dividir os cômodos é um passo a se adotar!!

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    1. Adriana, é uma questão tormentosa. Eu, por exemplo, não suportei viver com bagunça à minha volta, simplesmente não consigo e não há sentimento que se mantenha em meu coração se abro uma porta e tudo cai sobre mim!

      Agora, tem gente que é mais tolerante, então é possível achar um meio termo e separar pelo menos um espaço onde cada qual se sinta bem, embora seja impensável para mim alguém sentir-se bem onde há bagunça. Pessoas em locais bagunçados normalmente são tristes... é o que vejo em programas na tv e também o que já constatei também na vida real.

      Eu não conseguia ficar quieta até que meu psicólogo falou que o silêncio é a melhor resposta e ele tinha razão, embora eu não esteja 100% curada da síndrome da boneca falante... rs...

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