sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Shopping e fuga...

Certa ocasião recebi um convite para ir ao shopping e lá estávamos em três pessoas, paradas na calçada, com um frio de sete graus e sem encontrar um táxi.

Aproveitamos esse tempo para conversar e descobri que a finalidade da ida ao shopping era buscar as roupas compradas pelas duas outras pessoas e elas falavam orgulhosas que haviam gasto R$ 3.000,00. Até observaram que a vendedora foi muito prestativa, pois somente trouxe "peças em promoção", muitos vestidos e outros itens de marca famosa.

Depois disseram que "ainda bem que eu não estava comprando" e poderia então lanchar no local. Nisso minha ficha caiu e falei:

- Bem lembrado, não estou comprando, está muito frio, então vou deixar de acompanhar vocês no passeio!

Fui para casa e lá fiquei quentinha e quietinha.

Penso que deixei claro algum tom de crítica, mas não posso exigir que todos pensem da mesma forma. Minha única atitude é não participar disso e continuar nesse intento de uma vida mais minimalista. 

Impressionante, mais uma vez, como o apelo para o consumo está tão presente na sociedade que vivemos e o jeito é ignorar esses chamados.

Dúvidas não restam que a essas alturas para mim é fácil resistir, entretanto fico pensando como uma pessoa pode organizar um período sabático ou mesmo começar a implantar um consumo consciente quando todo seu cotidiano é direcionado para o consumo.

Não, não é uma tarefa fácil, talvez seja até mais difícil do que se possa imaginar e a única coisa que posso garantir é que após começar, deve-se treinar diariamente para o fortalecimento dessa nova vida e terminamos por acostumar, deixando de ter vontade de adquirir coisas supérfluas e desnecessárias.

Para mim está claro que o pior lugar para ir, pelo menos no início, é o shopping e quando já estivermos fortalecidas o lugar que menos temos vontade de ir é ao shopping.

9 comentários:

  1. Ziula, vejo que teve de enfrentar o frio maluco e ainda por cima sem táxi... eu sei o que é isso!

    Outro dia passei por uma situação assim, em que colegas e amigas contavam vantagem sobre como tinham dezeeeenas de sapatos e não jogavam nada fora ou doavam roupas que não usam. Fiquei chocada, mas sei que muito gente pensa assim e se diverte acumulando coisas e torrando dinheiro. 3.000 reais é MUITO dinheiro pra mim (muito mesmo, Ziula), então achei uma loucura. Por outro lado, 50 reais são muito dinheiro pra outras pessoas e muitos de nós estamos dispostos a gastar esse valor com bobagens.

    Achei ótimo que você tenha fugido: fez muito bem! Não consigo imaginar você se divertindo com pessoas super empenhadas em consumir por consumir, sabia?!

    Beijo!

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    1. Penso que já tive tempo em que também me divertia, hoje me aborrece pensar em coisas acumuladas, falta de espaço, excesso de organizadores, caixas para tudo... se as pessoas soubessem como tudo é mais fácil sem tantas coisas para guardar, cuidar, manter... certamente mudariam!!!

      Marina, R$ 3.000,00 para mim também é MUITO dinheiro, muito mesmo! E não entendo como as pessoas podem gastar dessa maneira e entendo menos ainda quando o período é de sérios problemas financeiros para diversas categorias. Penso também como essas mesmas pessoas conseguem reclamar do salário recebido... e tudo vai ficando muito estranho nesse caminho diferente que estamos seguindo...

      Beijos

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  2. Ziula,
    de fato é difícil resistir ao consumo. Ele é apresentado como como um ato natural dos seres humanos.
    Mas é aquela coisa: quem sabe a gente não planta uma sementinha na cabeça das outras pessoas? Na hora ela pode até pensar que somos meio doidas, mas só fato de verificar que EXISTE uma pessoa que não compra pode dar uma revirada nas perspectivas do povo...
    Beijos!

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    1. Lud.. até parece que a pessoa está dizendo... "olha, vou tomar um café" e já volto ou, pior, "vou ali ter um minuto de felicidade e já volto"... sim, porque é realmente um minuto, depois vem o vazio novamente e as contas para pagar.

      A semente está sendo plantada e essa é a única certeza que tenho além da morte (rs)...

      Atualmente posso parecer estranha e espero que um dia os estranhos sejam os outros que consomem desenfreadamente...

      Beijos

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  3. Concordo quanto ao Shopping.

    Atualmente morro de preguiça de ir ao shopping. Mesmo trabalhando do lado de um e obrigatoriamente tendo que passar na frente dele todos os dias da semana, e que indo por dentro eu teria que caminhar menos, sempre faço o contorno por fora.

    Ir para “passear” no shopping então é uma coisa que se não for para ver cinema ou ir para comer algo ou mesmo que seja para comprar algo definido, certo, determinado, só indo pegar, me irrita.

    Agora temos que ter cuidado para não nos tornarmos pessoas chatas.

    Eu já sou chata por natureza, nasci assim :-) , então para evoluir para insuportável creio que não precise de muito esforço, portanto tento não criticar o consumo se a pessoa que está falando gosta de consumir fora do normal, só não faço e nem tenho vontade de fazer o mesmo.

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    1. Eu adoro esse shopping seu vizinho... rs... Praia de Belas, não é? Há muito tempo que não "passeio" por lá, mas te garanto que volto pelo menos para fazer um lanchinho ou pegar um cineminha...

      Na semana que passei fora todo dia pensava em dar uma "passeadinha" no shopping, mas só de pensar que teria que gastar com táxi (não sei usar transporte público de onde estava até lá) para simplesmente "olhar" vitrines e ver pessoas desvairadas com muitas sacolas (brincadeirinha!) já ficava com preguiça e optava por descansar...

      Quanto à ser chata... estamos na mesma linha... e tenho conseguido ficar calada com o consumo alheio...

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    2. É o praia de belas sim! :-)

      Eu também gosto dele, é prático. Agora pra quem vem de longe teria opções melhores para ir... :)

      Bom, eu teria ido ao shopping pra comer... em hotel é mais caro, mesmo pagando o táxi sairia menos e podia ter se divertido vendo as pessoas com diversas sacolas..rs

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  4. Qrdª. Ziula: uma vez escreveste no teu blogue que contava mais o exemplo do que os conselhos e o caminho é por aí mesmo. Talvez muitas pessoas vivam para sempre enganadas, sem nunca poder vir a entender o que é e o que está por detrás do consumo. É uma questão de literacia e de sensibilidade também. Mas sei que pelo mundo fora é cada vez maior o número de pessoas que vive e pensa como nós. Um exemplo é o do Center for a New American Dream (http://www.newdream.org/), uma oragnização sem fins lucrativos, não apenas pelo que fazem e divulgam, como por afirmarem querem redefinir o «sonho americano»... o coração vibrante da América, uma maiores forças intrínsecas deste povo! Podes estar sozinha nesse grupo de pessoas, mas só aí. Fora dele somos muitos e tu ganhas-nos a todos, sempre, por isso mesmo: pela coragem de teres mudado de vida sem apoios aí, em Cornélio Procópio, Londrina! Bj.

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    1. Tenho ouvido algumas conversas "diferentes" no grupo que frequento, por exemplo quanto à compra de roupas para crianças, respeitar a vontade da criança, doar o que não é usado, qualquer coisa rumo ao consumo consciente e acho isso maravilhoso! Antes sequer ouvia qualquer menção a respeito!

      E tem gente que está atento para o blog, embora não comente, o que por vezes me surpreende nas conversas com amigas...

      Obrigada pelo incentivo amiga... beijos

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