sexta-feira, 12 de julho de 2013

Escultores...

Será que fomos criados para aprender a esculpir a própria vida?

A maioria das pessoas é educada para o consumo, para o ter, para o acumular. Quanto mais coisas temos mais importantes socialmente somos, mais assuntos temos em comum com o restante dos indivíduos, mais entrosados estamos em sociedade.

Você que entrou no processo do minimalismo já pensou em como seus assuntos mudaram? Já percebeu que o número de pessoas com quem pode conversar a respeito disso sem parecer louca diminuiu? Ou será que isso só acontece comigo?

Pois é, e o que isso tem a ver com escultura?

Tenho a impressão que transformei minha vida em um grande bloco de concreto. Armários cheios de roupas, sapatos, bolsas, pratos, copos, talheres. Casa cheia de enfeites, cadeiras e tudo mais que se possa imaginar. Organizadores de todos os tipos e cores. Um lar imenso, imenso que ainda me acompanha até que eu consiga passar para outra pessoa que tenha meus anseios anteriores.

Então as coisas foram acontecendo em um crescendo para diminuir todas as posses. Um processo foi se desenvolvendo, sem um planejamento pré definido, mas com atitudes coerentes com o objetivo e repetidas quase que diariamente. Análise minuciosa de tudo que deveria ir para outro lar, para venda ou para o lixo. Manutenção apenas daquilo que era usado diariamente.

Certo, certo, não cheguei à perfeição, ainda há coisas para retirar e locais que podem ficar melhores e isso está se concretizando com a nova vida no pequeno apartamento onde só permanece, até para não atrapalhar, o que efetivamente tem uma utilidade.

Assim fui esculpindo minha vida e penso que já estou quase na fase de acabamento, embora acredite que essa última fase se tornará uma constante, pois casa é um elemento vivo e precisamos estar sempre vigiando principalmente quando moramos com outras pessoas.

No caso de outras pessoas certamente não podemos impor qualquer comportamento minimalista, podemos apenas ensinar pelo exemplo e aqui em casa tem dado certo.

Quanto à vigilância antes mencionada deve ser dirigida também ao controle financeiro, porque corremos o risco de deixar de gastar com tranqueiras e passar a colocar o dinheiro fora de outra forma.

Finalmente, em relação às pessoas elas se aproximam e se afastam naturalmente conforme o estágio da vida que estamos, sendo que aquelas que sempre permanecerão acabam se adaptando ou aceitando o modo de vida que você escolheu.

Achei engraçado o Renato pedir para o Pedro Henrique procurar uma rolha para fechar uma garrafa de vinho e ele respondeu:

- Não temos mais rolhas soltas em casa, a mãe virou minimalista!

E o jeito que ele disse "minimalista" foi muito engraçado, um pouco de ironia, um pouco de divertimento, um pouco de tudo. Ri muito!

Diminuir, subtrair, minimalizar, controlar e assim viver melhor!!!

6 comentários:

  1. Ziula, eu tenho poucas pessoas com quem posso conversar sobre a vida simples, minimalismo e consumo consciente sem parecer louca e fico contente de saber que eu não sou a única que passa por isso, viu? É como se a maior parte das pessoas não tivessem a menor ideia do que estou falando e vivessem num mundo completamente diferente do meu! Bjo

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    1. Algumas pessoas acham engraçado, outras acham que sou pão dura, outras acham que enlouqueci... rs... mas esse caminho tem sido ótimo.

      O importante é achar o "tamanho" do seu minimalismo e o meu talvez ainda seja "grande". Espero que caminhando assim eu consiga diminuir ainda mais minhas posses e sobre tempo/dinheiro para aplicar em experiências.

      Beijos

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  2. Uau, foi fundo na filosofia.
    Acho que o amadurecimento nos permite fazer escolhas. Se a pessoa escolher o Ter, tá ferrada;
    se escolher o Ser, tem grandes chances de viver feliz e saudável pelo resto da vida.

    Daria páginas de conversa, é um assunto bem gostoso.

    Sorte saber viver com o essencial. Eu estou gostando de economizar. Espero um dia ser minimalista.

    Bjs

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    1. Viajei... rs...

      Espero ficar saudável e espero ser minimalista, por enquanto estou tentando minimalizar os desejos e tenho conseguido.

      Beijos

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  3. Eu não sou um exemplo pra nada, mas com um pouco de controle com o consumo consegui fazer coisas que antes pensava que só com muito dinheiro conseguiria.

    O segredo está no quanto se gasta, mas até nos darmos conta disso sempre vamos querer ganhar mais, trabalhar em excesso e viver com stress, pra que mesmo, ah pra ter o carro do ano financiado em zilhões de vezes que já no emplacar desvaloriza bastante, no sapato caríssimo que arrebenta os pés mas né, chique, "aparecer", etc.

    Não. Chique é respeitar o próximo, seja ele rico ou pobre, é não sair com um carrão cortando meio mundo no trânsito passando pelo acostamento pelo simples prazer de passar na frente, é dar bom dia para as pessoas. É ter o que se pode ter e porque gosta, porque se identifica, não para outra pessoa "invejar" ou simplesmente ser aceito/a.

    Sobre isso aconteceu uma coisa curiosa que uma ex-colega de trabalho contou sobre uma viagem que fez.

    Ela começou a viajar de bicicleta. Por puro prazer, tem uns dois carros mas quis ir de bike. Bem, uma viagem bem longuinha com umas paradas no caminho. Em um dos locais, um acampamento onde um cara, com um carro dos anos 80, com aqueles sons de caixa que estouram os tímpanos até de quem está há léguas de distância disse a ela que "cada um viaja com o que tem" e deu uma risadinha. A bicicleta dela pelo preço talvez valesse o que valia o carro do cara que falou aquilo e ela contou isso muito indignada. Disse que depois foi em um hotel bem simples, único em uma cidade nanica no meio do caminho e a mulher não queria hospedar em razão da bicicleta. Indaguei dizendo se ela não se revoltou e disse quem era, o que fazia. Ela disse que jamais iria fazer isso. Bem, se tais soubessem talvez a coisa fosse diferente. Ou se tivesse ido de carro já certamente seria diferente.

    Agora, quando o assunto da vez é compras eu gosto de ouvir o "mea-culpa" das pessoas. Geralmente é a promoção, e o barato justifica tudo. Seja o impulso, seja a compra não bem sucedida.

    Já falar sobre consumir menos realmente não dá ibope. Independente da classe social da pessoa, é muito difícil achar quem pense parecido. E também muito divertido. Desde que não tenha nenhum radicalismo.





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    1. Penso que nos últimos sessenta dias não tenho sido exemplo rs e o que me tranquiliza é o fato de ter feito uma reserva para tudo que fiz no apartamento.

      Nunca financiei um carro e tenho orgulho disso, também vou fazendo reserva e depois compro. Hoje em dia já nem sei se investiria o dinheiro guardado em um veículo, porque ao sair da agência ele já perdeu valor, é como rasgar dinheiro. Só o tempo dirá!

      Aí está o segredo, talvez o meu segredo revelado...rs... ter porque gosto, porque me identifico e restante não importa, também não importam mais as coisas que não gosto: destralho sem dó!!!

      Quanto à sua colega é lastimável que as pessoas se guiem apenas pelas aparências, mas até isso tenho ensinado para as crianças porque elas ainda tem um mercado de trabalho para enfrentar e para tanto ainda é preciso seguir algumas regras.

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