sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Será que orna?

A última conferência de hoje foi com o professor Mário Sergio Cortella, filósofo e uma pessoa com uma capacidade ímpar para a oratória. Fez valer todas as horas sentadas desde ontem.

Ressaltava ele como o ser humano é arrogante e pensa sempre que coisas óbvias podem não acontecer, razão pela qual continua a agir da mesma forma danosa. Citou as chamadas "tragédias" decorrentes da natureza como a enchente em Santa Catarina em 2008 e a forma como é colocada a notícia, como se fosse efetivamente uma coisa imprevista e sem qualquer participação humana quando é público e notório que medidas poderiam ter sido tomadas de modo a impedir o pior.

Falou sobre coisas que "ornam" e que "não ornam". Como orna ser ético, decente. Como existem coisas que não ornam. A corrupção, o acostumar-se com a corrupção, o aceitar esses fatos como normais, realmente não orna. Nos acostumarmos à poluição e destruição da natureza, vivendo em locais fétidos - aqui citando o Rio Tietê - aceitando-os como nossa casa, também não orna.

Trouxe fatos engraçados do cotidiano. 

A família reunida aos sábados para ir comer comida caseira em algum restaurante. Ora, se é comida caseira, deveria ser preparada em casa, não é mesmo?

Como dizia para os filhos que contaria o segredo da vida quando completassem doze anos e chegado o dia simplesmente dizia: meu filho, vaca não dá leite! Como? Sim, isso mesmo, vaca não dá leite, é preciso tirar o leite da vaca. É preciso amarrar as patas da vaca, o rabo da vaca, ordenhar, tratar da vaca, dar sal, alimentar, vacinar. Na vida nada é dado, sempre necessário muito trabalho e esse trabalo precisa ser feito.

Reflexões e mais reflexões sobre nosso relacionamento com as demais pessoas, com o planeta, com os sentimentos. O cuidado com as reações e com a acomodação.

Será que orna ficar vivendo de forma inconsequente como fazem algumas pessoas? Será que orna continuar vivendo como se não houvesse amanhã e como se não existissem consequências?

Fiquei muito interessada e quem sabe seja mais um projeto para 2014: conhecer mais as idéias desse filósofo e mudar mais um pouco com ele.

6 comentários:

  1. Esses tempos um amigo postou "a primeira janta fora da gigi" e uma foto com ele, a mãe dele e a filha dele no terraço da casa..... quando eu vi tive que mexer, mas não deixava de ser né, e melhor, num clima familiar.

    Quanto às tragédias naturais, realmente, tá certo que um pouco é a força da natureza mesmo, mas que só fica trágico com a forma com que o homem trata as coisas.

    Esses alagamentos constantes que tem em poa é um exemplo, nunca foi tão caótico assim, agora basta uma chuva normal para virar uma veneza da vida, dai se vai reparar em boeiros é garrafa de vidro enfiada ali, e coisas do tipo. Como não alagar? Limpar isso não fazem, é mais fácil culpar a natureza.

    Agora, a história da vaca deve ser uma decepção sem fim né, esperar tanto tempo para ouvir isso..rs, mas talvez mude a vida a tempo de não ficar achando que as coisas caem do céu, realmente interessante.

    Mas essa do orna tive que procurar no google o que era....rs


    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Orna é usado muito no norte do Paraná... rs...
      Achei a história da vaca fantástica...

      Excluir
  2. Essa pessoa aí do cartão estourado está parecendo a minha colega de trabalho que alega que o salário não dá: agora ela me disse que tem que trocar as mochilas das filhas regularmente, pois no colégio "todos fazem isso", conforme o programa/seriado da moda que lança esse produto: já foi meninas superpoderosas, RBD, Glee e outros que não me recordo. E pensar que passei todo o primeiro grau com a mesma mochila da moda, do Cantão, uns cinco anos e ainda parte do 2º grau quando fiz 15 anos e ganhei 1 (uma) bolsa e passei a usar a dita bolsa...Antes disso ela tinha me dito que cada menina tinha 50 (cinquenta) Barbies, entre marido da Barbie, filho da Barbie, cachorro da Barbie etc. O povo gosta de se complicar, não tem jeito.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Gabriela, e essas pessoas quando a gente fala alguma coisa em relação ao controle de gastos fica olhando como se fôssemos engraçadas... sei lá, é uma forma de encarar a vida essa inconsequência toda, mas não consigo mais viver assim... prefiro a vida que tenho hoje.

      Excluir
  3. Ornar, para mim, sempre foi o mesmo que combinar, tornar harmonioso.
    Aliás, é quase um convite à paranoia. Sabe aquela história que tudo tem que estar combinando, senão fica ridículo? No passado isso causava muitos conflitos e até complexos nas pessoas.
    A menina que ia com uma fita amarela no cabelo, sem "ornar" com o uniforme, podia virar motivo de gozação na escola.
    O rapaz que usava um baita crucifixo no pescoço, não ornava com certas brincadeiras.
    Ouvi algumas vezes, que aquele namorado não ornava comigo. Ou era muito alto, ou muito moreno, ou muito carnavalesco.
    O pior, é que eu me importava com a opinião dos outros. Sentia-me incomodada em "usar" algo que não ornasse comigo.

    Que bom que o tempo passa e a gente aprende.
    Os costumes atuais são bem mais descontraídos e livres de convenções hipócritas.
    Hoje em dia, meu relacionamento com o termo ornar é bem diferente.
    Lembra ornamento, enfeite, abrilhantar.
    Eu posso combinar o que eu quiser nos meus trabalhos artesanais. Não é maravilhoso?

    Beijos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ornar tem a ver com harmonia mesmo! E temos que nos harmonizar com a vida, não é mesmo?

      Beijos

      Excluir