sexta-feira, 6 de junho de 2014

E o recebimento parcelado... e a mudança nos hábitos?

Sempre falo por aqui a respeito de evitar compras parceladas por diversas razões, por exemplo:

- você acumula diversas "parcelinhas" e no final do mês quando chega a fatura tem um valor que muitas vezes não consegue pagar ou compromete as demais despesas ou impede que você inicie ou continue uma poupança;

- o famigerado valor à vista sem juros é uma farsa, sempre há juros embutidos, tanto que nas compras pela internet a maioria dos sites já está concedendo desconto de 12% (DOZE POR CENTO) para compras pagas através de boleto bancário ou débito em conta;

- quando não tem o valor guardado você acaba comprando por impulso, ou seja, não pensa, afinal é só mais uma parcela mensal, mas... se você pensar no produto e guardar mensalmente o dinheiro da parcela para comprar à vista quando alcançar o valor com a poupança pode ocorrer algo muito diferente: você desistir da compra por ter concluído que não necessita ou não quer aquele item;

- crianças percebem que os pais compram parcelado, não adiam desejos e criam hábitos de consumo semelhantes com prejuízos para toda a vida financeira futura desses pequenos seres.

Nunca falei sobre o recebimento parcelado. Algumas vezes temos créditos para receber de terceiros e, por uma razão ou outra, a proposta é de parcelamento. Para não perder ou pelo menos ter a esperança de recebimento rs terminamos por aceitar.

Ocorre que o valor pode ser muito bom, mas se você receber em pequenas parcelas elas acabam se incorporando nos gastos mensais e nem a cor do dinheiro é vista. Então, dia desses sugeri para uma pessoa que colocasse o valor das parcelas em uma poupança, como se não estivesse recebendo naquele mês, sendo que no final do parcelamento decidiria o que fazer com o total que, para felicidade de quem poupa, ainda estaria acrescido de juros e correção monetária da instituição financeira (pequenos valores a esse título, de qualquer forma melhor que nada!).

A pessoa olhou para mim com cara de "essa mulher é louca" e falou "não consigo fazer isso", terminando a conversa pela opção de receber as parcelas em conta corrente com disponibilização imediata desse valor da parcela, o que na minha opinião vai acarretar pequenos gastos e pouco investimento no que realmente importa. 

Comentando com outra pessoa sobre o ocorrido ela exclamou rindo "essa é das minhas!!!", ou seja, está inserido na mente de muitas pessoas que não adianta economizar, que é preciso gastar, que é necessário ter todo e qualquer valor disponível para gasto imediato. 

Realmente essas pessoas jamais saberão o que é ter uma vida financeira equilibrada e jamais terão paz quando chegarem no final do mês e continuarão com a mesma conversa, rindo da poupança, do consumo consciente, da necessidade de planejamento e orçamento familiar e ao mesmo tempo reclamando ou informando a todos que estão sem dinheiro, que não sobra nada após receberem o salário. E, o pior, essas últimas informações são dadas rindo porque não conseguem tomar nenhuma atitude que mude a situação em que se encontram.

É preciso não atender aos apelos de satisfação imediata. Como dito acima, é preciso adiar desejos, ponderar se realmente são importantes e somente depois, se for o caso, realizar tais desejos. Planejar o futuro e o que queremos, aliás falando em termos financeiros, "o que você quer daqui um ano" e "daqui a dois anos" e "daqui cinco anos"?

Pois é. Muitos não conseguem responder essa pergunta porque simplesmente vão vivendo e levando as coisas como sempre fizeram: sem planejamento. Para ser bem sincera, nem mesmo limpeza e organização de casa funciona sem planejamento e vida financeira sem orçamento, sem poupança, sem um plano de ação, termina por virar o caos e trazer estresse.

Já falei também por aqui do meu antigo prazer em andar com sacolas pelo shopping, receber atenção daquela vendedora tão solícita e achar que isso me dava algum prazer na correria do dia a dia. Horas de lazer gastas em shopping em busca de uma satisfação inexistente ou pouco duradoura, tendo a satisfação pelos poucos minutos que lá estava e quando chegava em casa sequer abria as sacolas ou usava o produto. 

Pura associação de consumo com prazer. Nada mais errado e ainda bem que mudou!!! É muito mais prazeroso ter valores disponíveis, atender necessidades e até alguns desejos sem comprometer a saúde financeira. 

Hoje em dia consigo fazer muita coisa que antigamente nem imaginava ser possível sem um parcelamento ou sem um consignado ou sem entrar no vermelho. E isso realmente vale a pena. Tenho muito menos estresse financeiro e isso leva a uma qualidade de vida melhor.

Antes de entrar aqui para escrever resolvi mandar um presente para meu pai e minha mãe. Certo que desde que iniciei o primeiro "ano sem compras" estou muito devagar com presentes, mas como era um pensamento recorrente e levou algumas semanas de pesquisa sem que a vontade passasse rs fiz um agrado para os velhinhos e mandei uma televisão porque a que dei anteriormente tem mais de dez anos. Mais uma vez pesquisando e diferenças de R$ 500,00 entre um site e outro mesmo pagando à vista. Alguma coisa está acontecendo na economia desse nosso País! E olha que o valor foi menor do que aquele que paguei pela minha, o espaço deles para colocação da tv é menor, e a diferença foi parecida comparando somente os preços da internet.

Pois bem. Qual a razão de estar comentando esse presente? Fosse há muito tempo e eu nem pensaria porque dependeria de parcelamento ou de outras formas de pagamento com juros ou deixaria de fazer alguma coisa para mim.

E as pessoas dizem "não consigo fazer isso". Claro que eu pensei que também não conseguiria, afinal fomos criados dessa forma e para o consumo e para atender desejos e para pensar que temos prazer no consumo.

No começo, quando me dispus a mudar, foi muito difícil e quem acompanha esse blog sabe o quanto foi difícil e consegui até alguns sintomas físicos, mas é preciso perseverança, é preciso desenvolver uma disciplina e ir saindo da roda vida do consumo. Consumir? Sim, mas racionalmente e não mais movida por emoções que nada tem a ver com o item que entra em casa.

Você já mudou algum hábito de consumo ou acha que é incapaz de fazer isso?

6 comentários:

  1. Mudei muito os hábitos de consumo. Olho diferente para as pessoas que desfilam cheias de sacolas pelo shopping. Sinto uma certa pena, por pensar que aquela pessoa está insatisfeita, mesmo com tantas compras. Não tenho nada com isso, mas é uma maneira nova de olhar a vida. São valores e "valores" que a gente passa a julgar por si mesma. Fico feliz por não desejar estar na pele dela. Quanto menos eu adquiro, mais eu pareço ter. Ter autocontrole, autoestima, prazer por respirar de graça, falar com as pessoas de graça, dar bom dia de graça, sorrir e abraçar de graça. É muito bom (re) descobrir as coisas que a gente pode fazer/ter, sem sacar o cartão de crédito ou dinheiro da carteira.

    O presente que vc deu aos seus pais, pode ter sido um "tapa com luva de pelica" para algumas pessoas, que te criticaram por ficar tão econômica.
    Você mostrou que é possível realizar sonhos, guardando os valores economizados.
    Parabéns...e obrigada pelas lições (de graça, rs) que vc tem me dado.
    Beijos.

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    1. Zilda, agora você me fez pensar nas pessoas que eu achava que eram amigas e, na realidade, não eram de graça... rs... que triste, não é mesmo???

      Ainda bem que vou mudando e algumas coisas grátis estão chegando... rs...

      Beijos e obrigada pelas reflexões a que você me leva.

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  2. Ziula, receber parcelado me faz entender os lojistas que não dão desconto para pagamento `a vista...kkkkkkkkkkk, não adianta espernear, nada de desconto! rs

    Poucas vezes recebi assim, mas já recebi, afinal era isso ou correr o risco de não receber...rs. Claro que pedir para colocar na poupança é melhor, eu fiz isso uma vez, mas acabei usando depois, afinal isso foi antes de me reeducar...

    Mas isso depende também, tem que ver se foi um empréstimo que fez, uma coisa que vendeu, um trabalho que realizou, dependendo do que foi , o retorno parcelado em conta corrente se faz mais necessário, mas com certeza se perde e muitas vezes a pessoa até esquece que recebeu aquela parcela...

    Eu mudei hábitos sim, nunca gostei de atenção de vendedor/a e tal, mas uma compra na internet... e quando teve aquelas compras coletivas então, só não era pior que uma vizinha que me disse bem faceira que tinha comprado uns negócios lá bem barato, dai pedi pra me mostrar e era em SP... sendo que ela mora em Porto... dai eu disse pra debochar que era bem barato mesmo mas se colocasse o preço da passagem + hotel + táxi.... ela ficou furiosa com ela mesmo, mas tempos depois comprou um sensor de estacionamento (novamente "barato") e não foi instalar, mas eu também fazia coisas do tipo, mas era mais restaurante, ficava com preguiça ou não lia que era dia de semana e dia de semana não tinha saco pra ir, era mais nesse sentido de coisas pela internet. No geral nunca gostei de que elogiassem só pra comprar tal coisa, ficava até do lado de fora quando a mãe entrava em lojas que faziam isso.

    Outra coisa é que parei com gastos bestas do dia-a-dia e isso no trabalho sempre foi uma diversão, esses dias uma colega que trabalha comigo estava falando que quando ela estudava nutrição comia num restaurante que custava 1 real, e disse que era bom e bem servido, e logo emendou "você que ia gostar, mão de vaca do jeito que você é, ia achar até caro..." kkkkkkkkk, passo uma boa impressão né, aliás esses tempos estávamos falando sobre paciência e minha chefe estava achando uma colega muito paciente e disse que se fosse com ela nem precisava falar 2 minutos e virou pra mim "com a Adriana 1". O Paulo uns 5. Mão de vaca impaciente, mas pelo menos não gasto com bobagens mais rs

    Tem uma senhora que trabalha pelas manhãs lá comigo e esses dias disse que a irmã dela comprou uma tv 42 por mil e poucos e nos perguntou se era barato, cada qual deu sua opinião, era de morrer de rir, enchemos ela de "grilos" mas depois a chefe disse que era um bom preço, que valia pela copa, etc, eu disse que era na média, o Paulo que ela devia esperar terminar a copa. No dia seguinte ela vem com o mesmo papo, dizendo que comprou um teclado e um mouse sem fio e falando se era bom, eu disse que depende, tinha marcas boas, ela disse "paguei 49", fui ver o site dela depois e entre os mais vendidos tem um teclado que deve ser aquele, bem como tem uma tv que deve ser aquela. Não conhecia o site mas a tv entregaram na quinta pelo que falou bem faceira, mas acho que aquela lá viciou nas compras, por via das dúvidas eu não comprei nada, mas curiosa fiquei...rs



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    1. Desconto para parcelamento só se for um milagre... rs

      Olha, depois que a pessoa comprou somente elogio... rs... quando pergunta é sinal de que já está culpada e qualquer crítica piora a situação... Não acho que o preço das televisões vá cair depois da copa e já que é para ser.. que seja antes da copa e com a função futebol... rssrsrrs

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  3. Verdade, todo dia praticamente compro sandalia na internet (melissas), ja tenho mais de 40 e nao sei mais onde por. E olha que somando meus 3 cartoes de credito passam do meu salario, mas me tornei consumista assim ha menos de 3 anos, justamente quando passei a comprar pela internet. Livros, tenho uns 70 comprados ha menos de 1 ano e li uns 2.

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    1. Cristina, amanhã sairá um post sobre compras na internet...

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