quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Desapego!

 

Vivemos uma época de celebridades, apelos fáceis à riqueza, ao consumismo, às paixões avassaladoras. Transitamos aturdidos por um mundo em que o destaque vai para aquele que mais tem.

E a todo instante os comerciais de televisão, os anúncios nas revistas e jornais, os outdoors clamam: "Compre mais. Ostente mais. Tenha mais e melhores coisas."

É um mundo em que luxo, beleza física, ostentação e vaidade ganharam tal espaço que dominam os julgamentos.

Mede-se a importância das pessoas pela qualidade de seus sapatos, roupas e bolsas.

Dá-se mais atenção ao que possui a casa mais requintada ou situada nos bairros mais famosos e ricos.

Carros bons somente os que têm mais acessórios e impressionam por serem belos, caros e novos. Sempre muito novos.

Adolescentes não desejam repetir roupas e desprezam produtos que não sejam de grife. Mulheres compram todas as novidades em cosméticos. Homens se regozijam com os ternos caríssimos das vitrines.

Tornamo-nos, enfim, escravos dos objetos. Objetos de desejo que dominam nosso imaginário, que impregnam nossa vida, que consomem nossos recursos monetários.

E como reagimos? Será que estamos fazendo algo - na prática - para combater esse estado de coisas?

No entanto, está nos desejos a grande fonte de nossa tragédia humana. Se superarmos a vontade de ter coisas, já caminhamos muitos passos na estrada do progresso moral.

Experimente olhar as vitrines de um shopping. Olhe bem para os sapatos, roupas, jóias, chocolates, bolsas, enfeites, perfumes.

Por um momento apenas, não se deixe seduzir. Tente ver tudo isso apenas como são: objetos.

E diga para si mesmo: "Não tenho isso, mas ainda assim eu sou feliz. Não dependo de nada disso para estar contente".

Lembre-se: é por desejar tais coisas, sem poder tê-las, que muitos optam pelo crime. Apossam-se de coisas que não são suas, seduzidos pelo brilho passageiro das coisas materiais.

Deixam para trás gente sofrendo, pessoas que trabalharam arduamente para economizar...

Deixam atrás de si frustração, infelicidade, revolta.

Mas, há também os que se fixam em pessoas. Vêem os outros como algo a ser possuído, guardado, trancado, não compartilhado.

Esses se escravizam aos parceiros, filhos, amigos e parentes. Exigem exclusividade, geram crises e conflitos.

Manifestam, a toda hora, possessividade e insegurança. Extravasam egoísmo e não permitem ao outro se expressar ou ser amado por outras pessoas.

É, mais uma vez, o desejo norteando a vida, reduzindo as pessoas a tiranos, enfeiando as almas.

Há, por fim, os que se deixam apegar doentiamente às situações.

Um cargo, um status, uma profissão, um relacionamento, um talento que traz destaque. É o suficiente para se deixarem arrastar pelo transitório.

Esses amam o brilho, o aplauso ou o que consideram fama, poder, glória.

Para eles, é difícil despedir-se desse momento em que deixam de ser pessoas comuns e passam a ser notados, comentados, invejados.

Qual o segredo para libertar-se de tudo isso? A palavra é desapego. Mas... Como alcançá-lo neste mundo?

Pela lembrança constante de que todas as coisas são passageiras nesta vida. Ou seja: para evitar o sofrimento, a receita é a superação dos desejos.

Na prática, funciona assim: pense que as situações passam, os objetos quebram, as roupas e sapatos se gastam.

Até mesmo as pessoas passam, pois elas viajam, se separam de nós, morrem...

E devemos estar preparados para essas eventualidades. É a dinâmica da vida.

Pensando dessa forma, aos poucos a criatura promove uma auto-educação que a ensina a buscar sempre o melhor, mas sem gerar qualquer apego egoísta.

Ou seja, amar sem exigir nada em troca.

Texto retirado do site http://www.reflexao.com.br/

4 comentários:

  1. Ziula, sua produção bloguística é tão intensa e tão densa que nem sempre eu consigo acompanhar devidamente com comentários, mas esrtou aqui lendo tudo. Achei interessante vc ter mencionado como às vezes as pessoas chegam a roubar para ter os produtos de marca que acabam servindo como passaporte e ingresso em determinados grupos. Isso é realmente muito triste.

    Abraço!

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  2. Marina,

    Normalmente nao copio textos, mas este nao podia passar sem publicar... tem tudo a ver com o assunto, inclusive com as consequencias mais drásticas.

    Obrigada por acompanhar!

    Bjs

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  3. Ziula, amei este texto principalmente porque ele fala de coisas reais e urgentes, que existem ali na esquina, na casa do vizinho, na nossa casa... é a mais pura verdade. Nós estamos vivendo a era do "TER" (e a aparência conta muito).
    Vi outro dia uma reportagem que dizia que Curitiba é a capital onde as pessoas tem o maior índice de endividamento familiar, e outras matérias (e atitudes dos nativos locais) que me levaram a perceber como, aqui, as aparências são importantes. Quando minhas filhas eram pequeninas, sempre que me pediam algo, eu perguntava o porque de elas quererem: muito cedo elas aprenderam que o argumento "porque fulana tem" ou "porque está na moda" era caminho certo pra elas não ganharem...
    Acho que no final, sabe, pra mudar isto a gente tem que ter muita coragem: prá não comprar o sapato que todo mundo usa, o perfume mais caro, e por aí vai.
    O engraçado é que nunca dei valor à marcas, mas sempre fui muito apegada a coisas de "valor sentimental", e neste meu ano estou tentando rever este traço da minha personalidade - ainda não consigo exercitar o desapego total, mas já estou praticando no dia a dia...
    Agora o que mais gostei no texto é que ele fala sobre exercitar o desapego emocional - às pessoas, à cargos, à status. E este, acho, é o que mais exige de cada um.
    Beijo,
    Lu

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  4. Lu,

    Morei em Curitiba quatro anos e meio, mantendo algum contato em razão do trabalho, mas somente vou quando sou "obrigada" mesmo, o que ocorrerá na segunda semana de setembro.

    Acho muito complicado. Você está em uma reunião e a pessoa usa para a peça que você está usando e diz: tenho uma igual ou onde você comprou ou... outras coisas neste nível energético.

    Nao tenho vontade de voltar! E realmente é preciso ter muito cuidado para a motivação não ser aquela: porque a fulana está usando.

    Beijos

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