quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Ziula, vc já sabe como viverá após o ano sem compras? Já pensou nisso? (pergunta da Marina)

Ótimos os comentários ao post "Mais compras bizarras..". É muito bom voltar a me sentir normal e deixar de pensar na insanidade das minhas idérias, principalmente quando expostas em espaço público, mas como já disse não quero e não vou me policiar, além de ter desligado meu senso crítico.

Marina, tenho pensado em como será quando acabar este desafio, mesmo porque já estou quase na metade. Por enquanto tem sido difícil, fácil, frustante, gratificante e, principalmente, muito engraçado ao verificar as conclusões que vem surgindo com toda essa experiência.

Acredito que minha relação com o consumo nunca mais será igual. No ano de 2010 sequer tinha tempo para pensar em consumir em razão do excesso de trabalho. Nesse ano de 2011 já foi bem diferente, tinha tempo, poderia consumir sem maiores preocupações, embora já estivesse devagar, quase parando, quando encontrei seu blog e resolvi seguir o projeto do "ano sem compras".

Já fiz algumas conjecturas, tipo comprar somente em liquidações e desde que o produto realmente seja de excelente qualidade. Assim, compraria apenas duas vezes por ano - na liquidação de verão e na de inverno.

Pensei também em comprar somente quando fosse extremamente necessário, como por exemplo quando todas as minhas roupas, sapatos, roupa de cama, mesa e banho, coisas para casa, estivessem gastas ou estragadas e sem nenhuma condição de uso. Seria radicalizar?

Comprar quando me apaixonar, como fiz com o carro, não teria bons resultados, porque me apaixono fácil em relação aos itens desnecessários e supérfluos. Então, o critério que penso adotar é mesmo o da necessidade.

Eu sou uma pessoa perigosa em relação às compras por impulso e quando menos esperava lá vinha com uma sacola. Logo, esse período sabático está sendo útil até demais para controlar a ansiedade e a impulsividade, esperando sirva como parâmetro e freio para todas as outras compras futuras.

Para você ter uma idéia, meu filho mais novo disse que era para eu escolher o presente de aniversário que ele pagaria. Como só tem nove anos, realmente escolhi para ajudar. Aqui um parênteses: se posso dar presentes, também posso ganhar e até escolher.

Bem, ele estabeleceu um limite de preço e demorei trinta dias para decidir, isto porque seria um dos únicos presentes! Ele ficou com dó e disse que considerando a proximidade do Natal eu poderia escolher dois.

A essa altura, eu fiquei com dó e escolhi um só, dizendo para ele que serviria tanto para o aniversário como para o Natal, mas o interessante da compra que fiz on line, para não ter que entrar em loja, é que simplesmente surtei no site e por pouco não escolhi dois sapatos! 

Escolhi um só, vermelho, de um fabricante conhecido e que eu sabia que serviria perfeitamente. Uma escolha bem criteriosa que demorou muito e antigamente teria a duração de segundos.

Orai e vigiai já diz a Bíblia, sendo que há algum tempo já me coloquei em constante vigilância.

Sábado fomos a um restaurante, somente havia local para estacionar e para facilitar em frente a uma loja de decoração. Fiquei fora de mim com as almofadas com papai noel, mantas para sofá vermelha e verde, até cortinas natalinas estavam expostas. Saí caminhando com os olhos ardendo e nem entrei na loja.

Cheguei em casa e encontrei duas colchas vermelhas com dourado que sequer lembro onde comprei, joguei nos sofás e finalmente relaxei.

Hoje, quando li seu comentário, fiquei pensando para que eu precisaria de todas aquelas coisas natalinas e a resposta é "para nada", embora antes do "ano sem compras" sequer faria a pergunta e traria tudo para entulhar a casa.

Penso também nas sábias palavras de Estamira - documentário simplesmente incrível! - ditas junto ao aterro sanitário Jardim Gramacho onde separava recicláveis:

"Isso aqui é um depósito de restos. Às vezes é só resto, mas vem também descuido. Resto e descuido. Conservar as coisas é proteger, lavar, limpar e usar mais o quanto pode..."

"...Economizar as coisas é maravilhoso..."

"...Prestar atenção no que eles usam, no que eles tem..."

Na realidade, tudo que adquirimos vira resto, mais dia ou menos dia isso acontece. Então, precisamos descobrir o poder de usar tudo até o final, até não ter mais jeito. Porque precisamos tanto de coisas novas? Não será nossa mente que está precisando de reciclágem? Nossos valores atuais devem permanecer ou modernizar em prol de um mundo sem tanta tranqueira e mais sustentável?

Vamos procurando respostas!

Fico pensando também nas reações das pessoas que olham ironicamente para o propósito que fiz e vivem dizendo que devo ceder um pouco, que isto é bobagem, enfim as críticas que todas nós que estamos neste projeto recebemos diariamente.

Pretendo, então, também encontrar o que realmente quero, dizer "sim" e "não" ao consumo por minha exclusiva vontade e não por opiniões de outras pessoas ou mesmo por crenças arraigadas desde a infância sobre como deve ser a relação com o dinheiro.

Olha, eu quero consumir de forma consciente, sempre baseada na necessidade, quando terminar o "ano sem compras", se conseguirei? Somente o tempo irá dizer! Vamos ver se terei persistência com o blog e no futuro você também saberá.

2 comentários:

  1. Aposto que as mesmas pessoas que dizem que você deve ceder um pouco agora também te criticavam antes, dizendo que você comprava demais...

    Ou seja, tem gente que gosta de perturbar mesmo!

    O ideal é que fato sejamos fiéis às nossas próprias convicções.

    Abraço!
    CHS

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    1. Traçar o caminho e seguir por ela, independentemente do que os outros pensam e até onde tenhamos bem estar!

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