O blog está meio devagar, deve ser em razão da minha pessoa estar nesse ritmo, quase parando!
Já não sei se atitudes drásticas, como essa de frear todo e qualquer consumo, fazem bem psicologicamente falando. O preço emocional é muito alto, a cabeça dá uma porção de voltas para não chegar em lugar algum.
Ontem estava novamente assistindo a série "Acumuladores" e observei o cuidado cuidado com que psicólogos, psiquiatras e organizadoras profissionais tem com essas pessoas, sempre mencionando a necessidade de não causar um trauma maior, afinal aquela é a vida delas e todas as coisas tem um componente emocional, servem para amenizar ou encobrir algum evento que lhes foi danoso.
Então, nem todas as pessoas estão preparadas para frear de forma abrupta um comportamento, sob pena de prejuízos maiores.
De qualquer forma refletir não causa problemas e da reflexão pode advir mudança consciente de comportamento, aquela mudança para a qual vamos nos preparando aos poucos. Um novo jeito de ver as situações e uma nova forma de viver.
Precisamos pensar o que nos leva ao consumo desenfreado de coisas desnecessárias, quais as consequências desse ato, não somente em nossas finanças, mas principalmente em nossos relacionamentos e bem-estar.
Todo esse movimento é necessário para alcançar a felicidade e conhecer algumas questões fundamentais que por vezes ficam soterradas em atitudes que não levam a qualquer crescimento.
É hora de rever comportamentos, reavaliar prioridades e mudar o rumo da existência.
Precisamos aprender que, por vezes, deixar de consumir, de trazer para casa determinado item de consumo é tão importante como adquirir certas coisas fundamentais.
Já confessei que ultimamente ando com muita vontade de comprar diversas coisas que não preciso, talvez movida pela proibição de compras que o ano sabático impõe, entretanto, superar essa vontade traz uma satisfação muito maior do que o "adquirir".
Certo que o consumo é uma necessidade de todas as pessoas, não há como viver sem consumir, somos consumidores desde o nascimento, o que pretendo é racionalizar o consumo e, mesmo passado tanto tempo sem comprar, o certo é que ainda não me sinto preparada para voltar para esse mundo.
Estava lendo um post de uma moça que terminou o ano sem compras, tinha uma festa, saiu para comprar uma blusa, levou duas blusas e foi na festa com uma que já estava no guarda-roupa.
Pois é, deveríamos ter consciência de que gostamos daquilo com o que já nos habituamos e essas coisas que nos deixam seguras para enfrentar o mundo. Qualquer coisa nova depende de um período de adaptação e porque gastamos energia nos adaptando constantemente se já está tudo pronto e fácil dentro de nossa casa?
Pois é, deveríamos ter consciência de que gostamos daquilo com o que já nos habituamos e essas coisas que nos deixam seguras para enfrentar o mundo. Qualquer coisa nova depende de um período de adaptação e porque gastamos energia nos adaptando constantemente se já está tudo pronto e fácil dentro de nossa casa?
Nunca vou ter essa resposta! Como identificar o que é realmente uma necessidade? Andamos por aí muitas vezes movidos unicamente pela vontade de ter alguma coisa e mostrar essa conquista para o mundo. E como andamos internamente?
Com ou sem dívidas, qual o prazer que esses itens adquiridos nos trazem? Se temos dívidas, a apreensão, nervosismo e ansiedade que elas geram, compensam a posse de determinado bem? Se não temos dívidas, os valores foram bem investidos e compensam a posse desse mesmo bem?
Sinceramente, quando não havia nenhuma restrição de consumo, e já falei isso por aqui, havia apenas um vazio após a euforia de andar com muitas e muitas sacolas pelo shopping, e sempre surgiam outros desejos de bens que deveriam ser consumidos em futuro próximo. Não havia felicidade real nessas compras, nem poderia haver, pois somente bens de consumo impostos pelo marketing.
Antes de adquirir qualquer coisa pretendo, e é apenas uma pretensão porque sei que a prática é difícil, analisar se realmente é meu sonho de consumo ou se melhor não possuir determinado bem, seja pelo trabalho para manutenção, seja pela própria desnecessidade.
Comprar qualquer coisa não é apenas gastar valores com aquilo, compreende também a energia para efetuar a compra, o tempo que deixamos de utilizar com pessoas que nos são amadas, mais lugares para guardar tudo. Enfim, possui uma dimensão maior do que possamos supor!
Dia desses li no facebook que para "ser" é preciso "ter", o primeiro referindo-se a fatores internos e o segundo a bens materiais! Ora, ora, quantas coisas preciso ter para ser uma pessoa melhor? Materiais? Penso que nenhuma! Emocionais, espirituais, éticas, morais, etc, com certeza muitas.
Para chegar a um desenvolvimento como pessoa certo que preciso de informações, exemplos, formação escolar e familiar, e para chegar a esse ponto, alguns bens e serviços necessariamente devem ser adquiridos, mas esse não era o sentido do que li e mencionei acima.
Referia-se aquela pessoa da rede social a bens de consumo que trazem algum "status" social e não àquelas que trazem crescimento ao ser humano.
Não, não precisamos levar uma vida de privações. Precisamos é avaliar melhor nossas escolhas, só isso, pararmos de "ter" achando que essas coisas materiais somos nós mesmos! Não somos o que temos, com certeza, não.
A jornada que iniciou há 243 dias me levou a mudar muitos hábitos em relação ao que ainda posso comprar e também em relação ao que armazenava em minha casa. Foi difícil concluir que as revistas de moda não eram uma extensão da minha pessoa, que aquele monte de outras tranqueiras não representavam o que sou. Por vezes ainda sinto falta dessas coisas que dispensei, mas não sou nenhuma delas e como ser humano sobrevivo melhor sem essa acumulação, mesmo que sempre organizada essa bagunça e itens!