segunda-feira, 18 de julho de 2011

... crianças e educação financeira...


Cresci ouvindo dizer que dinheiro não dá em árvore e demorei muito tempo para descobrir que esta premissa fica longe da verdade.

E, distancia-se da realidade, no momento em que percebemos que administração financeira, estabelecimento de prioridades e sonhos, trabalho equilibrado, lazer na medida certa e felicidade, nos permitem transformar o dinheiro que recebemos em muito mais do que pensávamos no início.

Infelizmente muitos pais não estão preparados para ensinar seus filhos a usar o dinheiro, porque também não receberam estas instruções. Entretanto, isto hoje não é mais desculpa, temos inúmeros livros, artigos, sites e até algumas escolas com disciplina chamada "empreendedorismo", sendo que neste caso, embora ainda estejam em fase embrionária, já demonstram algum interesse em educar nossas crianças para o inevitável: a administração do dinheiro.

Só para que vocês tenham uma idéia, tenho 45 anos e no primeiro grau - considerado à época como primeira a oitava séria - tive aula de "educação para o lar" e a que era direcionado este ensino?, sei que irão rir, mas aprendi artesanato, culinária, como cuidar de uma casa, costura, bordado... tudo dedicado a ser apenas mais uma dona de casa e sem qualquer contato com dinheiro.

Ainda bem que hoje esta disciplina não existe mais!!!

Certo que uma cultura um tanto machista, mas era a época!!!

Pois bem. Nossa missão com as crianças é outra e posso falar um pouco sobre as experiências que aplico em casa... experiências sim, porque somente o tempo poderá dizer se cometi acertos ou erros.

- Educação ética - desde pequenas as crianças devem desenvolver, com a supervisão e orientação dos pais, sendo ético sólido, baseado na premissa de que nunca devem tomar o que não é seu, nem mesmo com a desculpa de que é emprestado. Acaso isto aconteça, devem os pais acompanhá-las na devolução e, se efetivamente foi um empréstimo, alertar que devem ser avisados antes que o empréstimo ocorra.

- Em bolsa de mulher não se mexe, nem em bolsa de mulher nem em bolsa de qualquer outra pessoa, nem em carteira, nem em qualquer outro compartimento. Não se mexe nem mesmo com autorização. Aqui em casa, por vezes até esqueço e digo para um dos meus filhos "pega lá o dinheiro na minha bolsa" e eles imediatamente retrucam que não podem fazer isto e não fazem, de tão arraigado que está o comportamento.

- O que é combinado não é caro. Frase que dispensa maiores comentários, porque se essa ou aquela atitude ou comportamento foi combinado, não pode ser desrespeitado de forma alguma, mesmo que importe em algum sacrifício para aquele que firmou o acordo.

- Mesada sim, desde que haja contrapartida em atividades domésticas. Nada nesta vida vem de graça.

- Dinheiro emprestado é "emprestado" e deve ser devolvido no prazo combinado. Muitas vezes fui criticada por amigas por receber valores que emprestei aos meus filhos e elas diziam, nossa como é que você tem coragem? Ora, eu não dei, emprestei... quando dou o dinheiro já falo que estou dando, caso contrário... pode devolver e o mais rápido possível!

Aqui cabe um parênteses.

Todos temos parentes ou amigos, sobre os quais logicamente não temos a ascendência nem a responsabilidade que temos sobre os filhos, e em relação a essas pessoas - parentes e amigos - a regra quanto aos empréstimos de dinheiro são diferentes. Somente empreste se você realmente não vai precisar do dinheiro, porque acaba se transformando em doação e você pode acabar frustado, irado, irritado e até perder o relacionamento. Empreste sabendo que poderá nunca mais reaver estes valores!

Posso ter parecido um pouco radical em todas as ponderações que fiz acima, mas acredite não pareço... EU SOU RADICAL, porque acaso eu venha a agir de forma diversa, amanhã ou depois o mundo vai cobrar das minhas crianças e elas não terão criado "calos" suficientes para se defender.

Tenho três filhos e venho aprendendo com a vida, mais devagar do que eu gostaria, mas sempre na hora em que estou preparada.

Com meu filho mais novo, de nove anos, adotamos um sistema de "mesada" diferente e que funciona muito bem, desenvolve o amor ao próximo, cria sonhos para o futuro, permite realizar desejos de médio prazo e ainda cuidar do dia a dia.

A idéia veio do livro "Dinheiro Não Dá Em Árvores", de Carolina Edwards e Neale Godffrey, isto se a memória não me falha e se isto tiver ocorrido, quem souber me avise que corrijo, sendo as idéias adaptadas para minha realidade.

Vejamos como funciona aqui em casa!

Quando Pedro recebe a mesada ele:

- imediatamente separa 10% (dez por cento) para a caridade, e fica muito feliz quando participa das campanhas que promovo através do Movimento Cornélio Solidária, somente nesta campanha de inverno ele colaborou com quinze cobertores, aqueceu quinze crianças.

- o valor que sobra 90% (noventa por cento) é distribuído da seguinte maneira:
  • 30% (trinta por cento) para o que quiser, mas ele nunca quer muita coisa, nem de comprar doce não gosta
  • 30% (trinta por cento) para gastar em algo mais caro para o qual ele tem que juntar muitas semanas, como um skate de dedo, beyblade, pista para o beyblade, uma chuteira, dentre outros
  • 30% (trinta por cento) para seus "sonhos", chamamos poupança a longo prazo e o dinheiro vai para o banco, e ele diz que é para comprar sua Ferrari, só que ainda não sabe se vermelha ou amarela... rs
Não pensem caros leitores que esta mesada é alta... até estou pensando em aumentar, mas considerando a forma de gasto do pequeno, os R$ 30,00 por semana estão se mostrando suficientes.

O interessante de observar é que a ansiedade dele também diminui bastante, pois toda criança é ansiosa quando se trata de novidades. Ele fala, nossa comprei este item, agora vou esperar trinta dias até comprar outra coisa e vai administrando sem deixar de ter os objetos que mais quer.

Portanto, dinheiro é bom, é fácil e realiza os sonhos! Não deve ser prioridade, mas resultado de um trabalho bem feito em todos os sentidos! E, assim deve ser encarado, porque se você enxergar prosperidade em sua vida, é isto que terá!

Lembrem-se também que eles crescem muito rápido e uma calça que ficou curta, pode virar uma bermuda, tudo é uma questão de irmos lançando um olhar diferente sobre o consumo e deixar de atender àquele apelo desesperado da mídia que está usando até a neurolinguistica para nos fazer gastar mais.

E tudo acaba virando uma receita... um pouquinho de sal aqui... outro de açucar ali... fermento para ficar mais macio... e sempre muito, muito AMOR!

ATENÇÃO E CUIDADO SEMPRE!!!

4 comentários:

  1. Quando eu era criança via todos os dias a minha mãe ligando para o banco, conferindo o saldo e anotando tudo numa agenda junto com os gastos do dia. Meu pai senmpre teve o hábito de fazer orçamentos em planilhas e incluía toda a família na discussão sobre o destino do dinheiro.. claro que eles é que decidiam realmente o que acontecia mas eu ajudava dando palpites sobre quanto dinheiro era adequado gastar com o lanche da escola ou percebendo como o preço das aulas de inglês pesava no orçamento. Isso me ajudou muito e todo mês faço meu orçamento pessoal. Uma coisa que descobri a duras penas é que vida de adulto sempre tem imprevistos reais e muitas vezes aparecem gastos importantes ou contas inesperadas que não tem como evitar como, por exemplo, um conserto no carro ou na casa, uma medicação cara, um presente de aniversário com que a gente não contava..então é importante se organizar para não ficar sempre correndo atrás do prejuízo e ter uma reserva ou uma folga no orçamento para essas situações. Abraço!!!!!

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  2. Marina, ao contrário do que acontecia com você, estou aprendendo a duras penas como lidar com dinheiro, isto desde que comecei a receber o meu.

    Na minha casa somente se falava de dinheiro para reclamar que ele nao existia... rs... as pessoas mantem relações esquisitas com o dinheiro, né?

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