domingo, 12 de janeiro de 2014

Como exorcizar bonecas?

Éramos crianças, somente eu e minha irmã, a mais nova não havia nascido. Deve ter sido Natal e ganhamos duas bonecas de porcelana. Eu ganhei uma loira que era da minha tia quando criança e minha irmã ganhou aquela que pertencia à minha mãe.

Algum tempo depois vejo a cabeça da boneca da minha mãe em um terreno baldio. Suja. Destruída. Minha boneca também apareceu quebrada, mas aquela cena da cabeça da boneca no barro eu vejo até hoje. Uma lástima. Coisa de criança com brinquedo e que depois sequer comporta arrependimento.

Também na época de criança e minha tia prometeu uma boneca que girava e tocava música. Nunca deu. Em 2011 lembrou do fato, falou que ia procurar e parece que não achou porque nunca mais tocou no assunto.

Lá pelos idos de 1992 ou 1993 começou a saga das bonecas, época coincidente com minha separação. 

Em 2010 fiz roupeiro novo para Cornélio e o espaço das bonecas ficou certinho, mas eu nunca mais as tirei das caixas. Ficaram lá, encaixotadas, dormindo para sempre e enfiadas no maleiro.

Hoje fui olhar e pensei: são apenas duas caixas e não vão incomodar ninguém. Olhei boneca por boneca e não encontrei aquela da minha avó. É claro! Havia uma terceira caixa do mesmo tamanho.

Consegui retirar alguns "cacos" bonecas que comprei em lojas de R$ 1,99. Bonecas com a cabeça quebrada. Quatro bonecas que vieram de Cuba. Uma estranha que nem de porcelana era. 

Resolveu alguma coisa? Nada! Continuaram as três caixas.

Fotografei a primeira caixa com as bonecas todas juntas. A segunda e terceira caixas fotografei boneca por boneca para ver que se chegava à alguma conclusão sobre quem iria embora. Algum resultado? Não! Foram as três caixas para a prateleira do novo quarto e pelo menos estão bem fáceis de visualizar. 

A intenção é chegar a duas caixas e depois apenas uma caixa. Será um trabalho doloroso ou nem tanto porque olhando as famigeradas hoje percebi que mais parecem seres mortos e sem sentido, embora nem isso tenha servido de estímulo para colocá-las imediatamente para doação.

Tenho a boneca da minha avó e que mandei até fazer vestido novo quando ganhei.













A Stelle que comprei em Firenze, na Itália e recebeu esse nome porque naquela noite haveria uma chuva de estrelas. Aquela ali de vestido azul claro e o chapéu acabou ficando na caixa. Uma portuguesa que incrivelmente tem os cabelos loiros, sendo a primeira da esquerda.










Os anjos que acho que usava na decoração natalina.


A boneca com ursinho que ganhei da minha mãe.
 












Uma boneca dos anos 30 que comprei no Brique da Redenção e que também ganhou vestido novo.













Um único homem que veio da Grécia. O primeiro da direita na foto. Um casal que veio da Turquia, ele está de boné preto e ela de burca vermelha (rsrsrs). Um urso intruso de pelúcia que veio de Londres porque não consegui comprar aquele de porcelana e não voltei ao local.










A Branca de Neve que veio da Disney de Paris e não encontrei a foto que tirei...

Quase toda a coleção Disney de pequenas bonecas das princesas comprada em uma série que foi lançada no Brasil. Algumas delas não tirei fotos.



Duas sobreviventes do holocausto da infância, trazidas pela avó da Europa quando eu tinha um ano, sendo uma com roupa original e outra com a roupa trocada quando minha mãe foi para a Espanha e trouxe uma de plástico do mesmo tamanho. Sei que uma da Bélgica e uma espanhola linda terminaram por se perder e estragar e nem sei como explicar.
 

Algumas estranhas para mim e que ganhei de pessoas que sabiam da minha coleção juntas com outras que comprei sei lá porque.
 














Posso falar muito mais, embora fique por aqui porque cansei só de pensar.

Como exorcizar bonecas? Ou, até que ponto vai a loucura humana?


E aqui é importante mais vez pensar e repensar no que colocamos na nossa vida, pois retirar é um processo esquisito e difícil.

Quais os critérios devemos usar para o que não é necessário, mas tem forte carga emocional, ir embora?

18 comentários:

  1. Oi Ziula, ahah
    Tenho medo de bonecas, acho q parecem mortos mesmo!
    Qdo era criança tinha medo do Fofão, que lembra mto o Chuck do filme de terror.
    Tenho medo de palhaços tbém, por causa de um livro do Stephen King chamado IT, A coisa rs

    Talvez doar para uma creche/orfanato seja uma boa opção? Se pensar no qto as crianças vão gostar?

    Bjssss

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    1. Cristina, o Pedro tem medo de palhaços desde pequeno! Dia desses passou um filme com um palhaço assassino e ele disse: viu só?

      O Renato teve o fofão que para minha felicidade desapareceu, caso contrário seria mais um item da coleção.

      Estou começando a ficar com medo das bonecas também... elas multiplicam!!!

      Quanto à creche ou orfanato tem dois aspectos: o primeiro é que visitava muito esses locais e eles tem salas e mais salas fechadas com brinquedos e nem pergunte porque não repassam para as crianças porque não sei; o segundo, para mim não podem ser enquadradas como brinquedos porque são muito frágeis... rs

      Ai ai um destino há de aparecer!

      Beijos

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  2. Rsrs É esse palhaço que o Pedro tem medo q eu tbém tenho, tem um filme do livro, tão assustador quanto.

    Pois é, são frágeis msm, pra criança talvez não sirva. Pode tbém tentar vender para colecionadores? Certeza que procurando no Google vc acha colecionadores de bonecas e daí pode doá-las ou vendê-las.

    Olha, vai um vídeo de um programa da minha infância/adolescência, rsrs, é sobre bonecas e é aterrorizante rs. Quem sabe ajuda a desapegar. ( é um dos motivos que eu não gosto d bonecas até hoje rs)
    Bjs

    http://www.youtube.com/watch?v=5kEecPx7OLE

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    1. Adorei esse seu pavor de bonecas... rsrsrs
      Já vendi algumas e as outras vamos ver o que acontece!

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  3. Muito bonitas as bonecas, tenho uma vizinha que também tem dessas de porcelana, ela tem 54 anos e sempre fiquei com medo de comentar das bonecas dela, pois uma estava exatamente como tu descrevestes: suja, destruída, escabelada e acima dos livros do escritório dela, pensava que podia ser algo relacionado à infância dela, ou isso ou ela tinha comprado assim no brique, mas pra que comprar destruída? Então o da infância me pareceu mais coerente, embora nunca tenha perguntado, deu medo de mexer em prováveis “feridas”.

    Ter uma coleção de algo era uma coisa que eu gostaria de ter tido e nunca consegui, de nada. Talvez um trabalho a menos para desfazer, ou pode identificar alguma coisa volúvel de não conseguir manter um foco numa coisa só, vai saber.

    Tenho algumas bonecas (só que as minhas são bebês grandes, fofo, fofa, bate-palminha, bem-me-quer), brinquedos e vários bichos de pelúcia que não faço nenhuma questão de me desfazer e muito aos poucos que estão saindo. Uns anos atrás vendi meus bonecos do fofão, tinha dois, um grande e um pequeno. Demorei pra aceitar vender, mas como na época a pessoa mostrou que valia a pena pela procura e antes que relançassem (tudo daquela época estão relançando) aceitei anunciar e em poucos dias já foi vendido, o último queria até mais se eu tivesse..rs

    Penso que esses objetos assim mais específicos devem ser vendidos, pois eles têm um público mais específico, mas dai é preciso termos tempo pra ver o valor de mercado, ter paciência pra anunciar, mas vale muito a pena porque às vezes valem muito dinheiro e a pessoa que compra fica satisfeita e a gente também por ter feito um destino correto que não vai ficar num canto qualquer e com o dinheiro além de usar para o nosso dia a dia ou poupança, pode fazer doação de itens de primeira necessidade até diretamente para os tantos que achamos nas ruas, embora isso não resolva problema algum mas torna menos penoso o dia a dia dos que assim vivem, além de garantir que as nossas coisas continuem em boas mãos pois quem compra vai cuidar.

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    1. Essas bonecas realmente não servem para brincar...
      Já vendi três e estou esperando o destino das demais...
      Tirei aquelas muito horríveis, estragadas ou que não são exatamente do tipo que gosto.
      Devagar chegou lá!!!

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  4. Qrda Ziula, concordo com a Cristina. Eu tenho três bonecas da minha infância que vou vender a uma loja especializada. O soldadinho da guarda da rainha de Inglaterra, que tem 50 anos na minha vida, foi para a minha irmã mais nova. Se não tivesse a quem «entregar», doava-os ao museu dos brinquedos. Também os meus três chapéus dos anos 20 aguardam ordem de marcha para o museu do chapéu que os quer. Os outros ainda vou usando e não têm valor histórico. A minha coleção de dezenas e dezenas de lápis está há dois anos em uso e, quando conhecer alguém que vá para África, peço-lhe que leve os melhores... Os livros vão levar também um desbaste: dos que não quero, o primeiro a escolher será o pai do meu filho e os outros irei dá-los a um jovem alfarrabista de que gosto muito; a coleção de centenas de livros infantis ilustrados vai na sua maioria para a Biblioteca de literatura infantil de Lisboa...

    Contudo, estes são exemplos de objetos que presentemente já se se autonomizaram de mim e por isso é-me relativamente fácil distribuí-los. Aquilo de que gosto mesmo: alguns quadros, algumas jóias, algumas peças de roupa, algumas esculturas, essas quero-as comigo. Pelo menos por enquanto ainda fazem parte de mim.

    Penso que, com o tempo, neste nosso caminho por uma vida mais simples, vai-se criando um espaço entre as nossas coisas e nós, até ficarmos apenas com o essencial para iluminar o nosso coração. Contudo, é preciso dar tempo ao tempo, como se diz, sem o que podemos entrar num turbilhão emocional que nos vai com certeza magoar. O que, penso, não faz qualquer sentido, Vai devagarinho. Bj grande.

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    1. Nem me fale em livros, Maria, pois ainda preciso mexer neles e será ainda pior que as bonecas... rs... tanto tempo para juntar, preciso respeitar o tempo para desapegar, não é mesmo?
      Beijos

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  5. Boa noite. Estarei indo para Gramado dia 28 de janeiro, moro em Maringá e também vou de carro. O meu GPS está mostrando um caminho e o google mapa outro. Gostaria se possível de me informar qual caminho você pegou. Tipo, as cidades pelas quais passou, o tempo da viagem e se as estradas são perigosas. Você pode me ajudar? Fico no aguardo. Email: juliocezar.informática@gmail.com

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    1. Bem, a essas alturas já conversamos por e-mail ... rs...
      Espero notícias da viagem!!!

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  6. Essas bonecas não dá para se desfazer. Guarda para as eventuais netas, pelo menos a da sua avó, a da sua mãe e a da sua tia. Coisa mais triste é chegar em uma casa que parece um hotel, impessoal, pois os donos nada têm que seja herdado ou porque jogaram tudo fora como velharias.

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    1. Tenho pavor de coisa muito parecendo hospital ou hotel... adoro ter minhas "coisinhas" e sim quero netas... rs... e também quero aquelas que mais gosto... devagar vou conseguindo deixar somente as essenciais...

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  7. Não tenho medo de bonecas, mas sim das histórias que elas carregam.
    Dias desses, fui visitar uma tia que só teve dois meninos, e seu sonho era ter uma menina. Meu tio tem a mania de levar bonecas de presente para ela. Nunca entendi essa relação dos dois. Ela (avó) herdou todas as bonecas da neta, hoje já universitária. Pedi para usar o banheiro, e no caminho levei um baita susto com o "santuário" das bonecas dela. Coisa estranha, ela as trata por filhinhas.
    Acho que em encarnação passada ela teve um orfanato de meninas e algo trágico aconteceu. Por isso o apego e proteção, sem explicação. Sei lá, entende?

    Até me lembro de alguns brinquedos da infância, mas sempre foram só brinquedos.
    Nada me acompanhou até a vida adulta.
    Nem no baú da memória eu gosto de mexer!!! Quem dirá em caixas do passado.

    Doe logo essas bonecas e seja feliz com o que o presente e futuro lhe trazem.

    Beijos.

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    1. Bonecas expostas eu só tinha no quarto. Mentira! Em certa época estiveram pela sala também... rs... agora estão nas caixas, mas logo consigo desapegar daquelas menos importantes.
      Beijos

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  8. Ziula, talvez vc consiga ficar so com algumas, as q tem mais valor emocional, e vender as outras?

    Olha, procurei pra vc, segue o link, parece q a moça dona do blog ama bonecas, e separei o link tbém de uma moça q quis doar para ela com o msm pensamento que vc, para alguem q cuide delas. Espero q ajude de alguma forma. Se tiver mais alguma ideia volto pra dividir.
    Ah tbém penso que pode ir devagar e não se desesperar pra fazer tudo de uma vez. São importantes pra vc, talvez ficar com as q tem mais valor emocional ?
    E se não conseguir, ué, vai exercendo o minimalismo em outras coisas por enqto.

    Não gosto de bonecas, mas pelos comentários vejo q realmente têm um apelo emocional mto forte, enfim. Keep Calm :)
    Bjs


    http://anacaldatto.blogspot.com.br/

    http://anacaldatto.blogspot.com.br/2013/02/doacao-bonecas-antigas-ao-meu-acervo-de.html



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    1. Cristina, obrigada pelas dicas, pelo jeito essa moça cuida bem das bonecas...
      Beijos

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  9. Ziula, então, qdo li a primeira vez a saga bonecal achei mto engraçado, depois é que fui vendo o peso emocional... qdo li a primeira vez só pensei no meu medo de bonecas msm.

    Pois então, eu tenho um caso bonecal tbém rs

    Como disse, não gosto de bonecas... mas tenho uma amiga q adora...e ela me deu uma boneca. Dessas bonecas de louça, não sei se é bem louça o material, mas parece, com roupa de época e tal.
    Achei linda... mas...não gosto de bonecas. Só q a amiga me deu com todo amor ...e eu qria me desfazer da boneca mas não tenho coragem..pq penso se ela vir um dia em casa e não esta aqui a tal boneca.

    Só q fiquei pensando, pensando... ela mora em outro Estado... já me deu a boneca há qse 3 anos... a probabilidade dela vir aqui é bem remota...eu acho q vou me desfazer da tal boneca. Pq eu ganhei, achei linda mas guardei em um lugar q eu não posso ver...pq eu tenho medo de bonecas msm.
    Daí entendo como vc se sente...pq me sinto meio mal por pensar em me livrar da boneca, parece como uma ingratidão com a amiga..enfim...e não é. Achei lindo o gesto, ela não tinha como saber q eu tenho medo d bonecas né.

    Eu nem sei onde está agora, tô procurando aqui enqto arrumo a casa...mas é uma coisa né...um peso emocional... uma coisa tão pequena...e é uma boneca

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    1. Cristina, é isso aí mesmo... é um peso emocional imenso e por isso penso muito hoje em dia quando aceito que um presente fique na minha casa ( se não gosto já dou um jeito no dia seguinte para não ficar pensando) ou mesmo penso muito quando vou comprar alguma coisa, isso ajuda a evitar compras por impulso e também ajuda a evitar o apego emocional do tipo eu estava assim ou assado quando comprei, eu gastei tanto e preciso valorizar meu dinheiro, esse tipo de coisa...

      Coisas pequenas que ocupam imenso espaço emocional ... vamos brigando com nossos próprios problemas e limitações... e vamos tendo uma vida mais leve...

      Quem riu muito agora fui eu... imagina uma pessoa com medo de boneca e tendo que conviver com uma .. kkkkk

      Um grande abraço

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