sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Bolsas e fascínio!

Ontem recebi esse comentário: 

Ziula!!!!

Nunca tive empregada tbm, e não acho importante ter...sempre me virei sozinha...concordo com você!!! Basta criar uma rotina...

Agora, me diz uma coisa...como você lida com a questão da compra das bolsas...eu ainda estou refletindo sobre este assunto (meu ponto fraco - rsrs)

Porque eu vejo a questão da beleza, do design, da praticidade, da durabilidade...mas, ontem eu presenciei uma profissional do mundo jurídico que expôs 2 bolsas de marca em cima da sua própria mesa (que significava em média 10 mil reais em bolsas)...é, a bolsa de marca virou símbolo de status, poder...O que você pensa sobre isso?? Até onde eu devo me deixar influenciar por questões como essa?? Qual a imagem que quero expor??? Qual verdadeira importância disso??? E nós sabemos, que isso acontece tbm com modelos de carros, roupas, óculos, relógios, enfim...

Um super beijo!!!
Fiquei pensando sobre as perguntas e sobra as possíveis respostas.

Durante muito tempo tive muitas bolsas, isso para limitar o assunto pois na realidade tinha muito de tudo, mais de cinquenta bolsas, uma para cada roupa, combinando com o sapato (quando havia essa tendência), combinando com a cor da roupa ou com o estilo da roupa, para usar durante o dia ou durante a noita, para viajar ou para trabalhar. Bolsas, bolsas e mais bolsas de todos os tipos e sempre comprando bolsas.

Psicologicamente falando não sei o significado dessa necessidade. Sei que era compulsão, mas porque bolsas ou porque sapatos ou porque roupas, realmente não consegui ainda identificar.

Antes mesmo do ano sem compras, ou melhor, exatamente um ano antes, mais precisamente em julho de 2010 tive um problema familiar em outra cidade e voltando para casa comprei duas bolsas caríssimas, parcelando em dez vezes no cartão. Fiquei durante dez meses olhando e pagando aquilo. Uma eu adorei e a outra é pesada, de verniz preto, imensa e eu sou pequena, fica até meio desproporcional.

Nessa ocasião percebi que comprei as duas bolsas para me compensar ou para me consolar ou por raiva até de mim mesma, porque eu teria que pagar aquelas famigeradas e a pessoa que supostamente causou o problema estava lá, lépida e faceira.

Pois é. Não estou colocando a culpa em ninguém, por isso usei o "supostamente". Ninguém faz nada para outra pessoa, a pessoa é que "acha", que "pensa" que foi vítima e se torna mais vítima ainda no momento em que toma atitudes impensadas como a minha de fazer aquela compra sem sentido.

Bem, fugi do assunto. Voltando, então.

O primeiro "ano sem compras" trouxe uma consciência da acumulação de bolsas e também da desnecessidade de a cada dia trocar de bolsa para demonstrar não sei o que para não sei quem. Sim, já pensei que bolsas indicavam poder. Sim, já deixei uma bolsa diferente por dia em cima da mesa de trabalho ou em uma cadeira que ficasse visível para quem entrasse. Sim, já tomei essas atitudes para provocar outras pessoas e elas, provocadas, começaram a desfilar bolsas diferentes.

Tudo bobagem! Ocorre que é preciso deixar a consciência da desnecessidade aflorar e ela vem quando começamos a pensar no que queremos para nossa vida. 

Desfilar bolsas ou nos tornar uma pessoa melhor? 

Expor objetos ou demonstrar um pouco de carinho e dar um pouco de atenção para as pessoas que estão à nossa volta? 

Ter todos os itens da moda, desnecessários e supérfluos e sem sentido, ou ter uma conta bancária equilibrada podendo realizar sonhos, tais como ter uma casa própria, fazer uma viagem ou simplesmente não ter que se preocupar se o dinheiro chega para pagar todas as contas?

Estamos caminhando, para minha felicidade e embora ainda em número reduzido de pessoas, para um mundo onde as aparências deixam de ser essenciais. O crescimento interior, a satisfação com o próprio corpo, a busca do conhecimento e do desenvolvimento em todas as áreas, enfim, uma busca de um melhor ser humano está surgindo. Faça parte desse mundo! Priorize o que é realmente importante. Sempre ouvimos por aí "caixão não tem gavetas", logo pergunte-se o que quer levar desse mundo: uma pessoa preocupada com futilidades e aparências ou uma pessoa desenvolvida emocional e intelectualmente? O que realmente importa para você?

Claro que precisamos de uma roupa bonita e limpa sem ostentação, uma boa bolsa que atenda nossas necessidades de armazenamento, um bom óculos (perigosos óculos de camelô pela proteção que não oferecem), um sapato confortável. Mas, será que precisamos de duzentas peças de roupas, cento e vinte bolsas, quarenta e cinco óculos e mil pares de sapatos?

Chico Xavier dizia que não entendia porque as pessoas tinham tantos sapatos se possuíam apenas dois pés. É por aí! Não precisamos viver uma vida monástica, nem passar necessidades. Você não vai precisar passar frio, entretanto e com imensa certeza posso dizer que você não precisa de um casaco diferente para cada dia do mês. E, mais, o que todos esses itens influenciam na pessoa que você é?

Respondendo às outras questões:

- Não lido mais com compra de bolsas porque parei de comprar até que todas as que eu tenho deixem de ter condições de uso

- A profissional que expôs duas bolsas no importe de R$ 10.000,00 está precisando se autoafirmar, eu acho por já ter passado por isso. Certamente está com algum problema emocional sério. Ora, Ziula, e se a pessoa tiver muito dinheiro? Sei lá, ninguém precisa mostrar que tem tanto dinheiro assim! E estou sendo cruel e talvez invejosa (rs)? Sei lá, as pessoas que conheço e agem assim com demonstrações desnecessárias não são felizes, pode não ser o caso da profissional, mas normalmente é assim

- Você não deve ser deixar influenciar por símbolos de statos e poder. Vá fazer uma dieta saudável mesmo que não tenha problemas com falta ou excesso de peso. Exercícios físicos e até alguns cuidados estéticos. Um bom corte de cabelo e um cabelo bem tratado. Use cremes, não pelos cremes em si, mas pelos momentos em que você sente que está se cuidando. Um bom filme. Um ótimo livro. Um maravilhoso curso de aprimoramente na sua área de trabalho ou não. Escrever. Brincar com os filhos. Aproveitar um companheiro ou chutar o que você está se não lhe faz feliz. Procurar bons relacionamentos. Tudo isso e outras atitudes que não me ocorrem agora podem levar ao que realmente importa nessa vida e te garanto que aparências não importam

Agradeço imensamente à leitora que fez o comentário e o texto que ficou longo foi em decorrência de inúmeras lembranças que o comentário fez surgir, além das reflexões que ele proporcionou.

Vamos pensando e vamos mudando!!!

6 comentários:

  1. Ziula!!!!!!! Que surpresa, meu comentário virou post!!!!! Emocionei!!! Muito obrigada!!!!! De coração!!!

    Porque tudo isso tem mexido muito com minha cabeça, estou vivendo um tempo de muita reflexão, sim...do que realmente vale a pena!!!

    E vc tem me ajudado muito a reconhecer a verdadeira importância de todas as coisas...e é fato: daqui não levaremos nada, então o que realmente importa para nós, como seres humanos?? Sabe aquele ditado que diz "O importante é a vida que se leva..."

    Sim, cadê minha qualidade de vida??? Eu quero ter condições de me tratar com carinho, claro...mas não precisar ser escreva da moda...

    Quando eu comentei dessa profissional, eu realmente tenho admiração, ela é minha professora na faculdade, muitíssimo dedicada (quase obstinada) pela profissão...gosto de "seguir" exemplos positivos na minha vida...mas até aonde devo admirar algo que para a pessoa pode significar um problema psicológico que está enfrentando...

    Ziula, seu post foi edificador, daqueles que dá vontade de ler e reler várias vezes (e certamente vou reler "n" vezes! rsrs) para refletir e buscar entender mais não só a gente, mas toda um complexo social que estamos envolvidos, e às vezes nem damos conta...por mais que sabemos que somos influenciados pela mídia, pela propaganda, pela TV, é importante manter um exercício constante dos nosssos verdadeiros valores de vida...

    Obrigada sempre por expor aqui suas experiências!!!!

    Com carinho,

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    1. Sandra. essa reflexão que estás fazendo é muito produtiva. Pode ser que não haja um resultado imediato, mas é o primeiro passo e identificar o problema, como diz a Adriana, é o mais importante que podemos fazer.

      Obrigada por passar por aqui!!!

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  2. Sinto me mais forte quando leio seus textos, o de hoje vai ao encontro do que penso a respeito de marcas, status e aparências. Já gastei muito dinheiro em bolsas, sapatos, perfumes e hoje olhando os muitos vidros de perfumes ainda pela metade penso o quão vazia me sentia pra me apegar a essas coisas. Um bom perfume é delicioso, mas fazer disso uma forma de autoafirmação é um tiro no pé rs. Diante de tanta imposição pelo consumo tem que ter muita determinação pra seguir a corrente contrária!

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    1. Claudia, já tive cinco e seis vidros de perfume em uso ao mesmo tempo. Resultado? Perfumes estragados.

      Depois resolvi colecionar vidros de perfume, dezenas de vidros e uma trabalheira danada para tirar pó.

      Um dia resolvi jogar todos aqueles vazios fora, usar todos os abertos e só comprar ou pedir de presente outro quando não tivesse mais.

      Realmente, não fazia sentido o que eu estava fazendo ao colecionar ou abrir diversos. Hoje tenho apenas um vidro aberto e já cheguei a ficar uma semana sem perfume, daí roubava da minha filha até comprar outro (rs)

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  3. Engraçado, me falaram que nos EUA os americanos não entendem duas coisas dos brasileiros, ficam curiosos sobre o motivo de levar tantas malas com compras e porquê gostam tanto de roupas de marca.

    Eu gosto e não vejo nenhum mal em coisas de marcas. Mas só as compro se em viagem fora do brasil ou se tenho condições, se não certamente não é uma coisa que atrapalha meu sono. Temos que ter consciência do ser e ter e que o ter sem ser não funciona bem, já o ser puxa o ter.

    A única coisa que critico é quando fazem só para aparecer ou mostrar o que não é, e isso fica tão na cara algumas vezes.

    Um carrão por exemplo, acho legal e jamais criticaria dizendo que um mais barato faz a mesma coisa. Mas se tal motorista for irresponsável, grosseiro, mal educado já passa uma imagem pior que um caco velho com uma pessoa educada ao volante. O mesmo para todos itens. A atitude ainda é mais que uma roupa, que uma bolsa, que qualquer bem material.

    Esses dias indo almoçar no lugar de costume a moça do elevador falou que a colega dela teve trabalho de parto no elevador e um juiz que estava ali levou a moça para o hospital. O comentário era como ficaram incrédulos na atitude dele de levar, o que foi muito bonito pois muitas pessoas viram as costas e nem querem saber e ninguém e jamais imaginaria que um juiz fosse fazer o que fez. A atitude nobre dele foi muito admirada.

    É bom ter coisas boas mas mais importante que isso é a atitude com o próximo, isso causa mais admiração que um item de status e é tão mais barato, qualquer um pode fazer.

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    1. Atitudes simples do dia a dia fazem toda a diferença. Por exemplo, ensino meus filhos a deixaram uma pessoa mais velha sair primeiro do elevador ou mesmo qualquer outra pessoa, dar a vez, não furar fila, não estacionar em lugar proibido, respeitar a faixa de segurança. Importa é tratarmos bem as pessoas!!!

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