Mais de uma década atrás um amigo dizia que eu era visceral e eu achava o máximo ser assim, pensava até que era um elogio. Na mesma época, outra amiga falava sobre meu comportamento kamikaze nos relacionamentos com as pessoas e também com as coisas, fato que eu negava dizendo apenas procurar a felicidade em cada atitude tomada.
Analisando o significado destas palavras e meu atuar no mundo tanto tempo depois, concluo ter sido um alerta para a impulsividade que eu insistia em defender e a compulsão muitas vezes inconsciente.
Visceral em alguns dicionários quer dizer profundo. Seria lindo! Entretanto, buscando outras definições compatíveis com as atitudes daquele tempo, poderia utilizar descontrolada, maluca, aquela que age sem pensar somente por conta da emoção, insana. Nossa! Melhor parar por aqui, considerando que não era uma palavra para manter aquele modo de ser e sim um indicativo para a mudança, embora alguns achem como sinônimo de visceral apenas uma pessoa intensa.
Comum encontrarmos a expressão inimigo visceral e jamais a expressão amigo visceral. Logo, indica mais algo ruim do que bom.
Quanto ao comportamento kamikaze, dispensa maiores comentários. De conhecimento geral que os aviadores militares do Império Japonês empreendiam ataques suicidas contra navios dos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial. Assim, poderia dizer que este "comportamento kamikase" era totalmente inconsequente e praticado sem qualquer medo, mesmo que pudesse trazer danos aos outros e a mim mesma.
Muito tempo passou e hoje acho engraçadas as situações em que me envolvi. Confesso, nem todas são engraçadas, mesmo assim todas foram necessárias para que eu chegasse onde estou e aqui estou confortável, confiante e feliz, sempre em busca de evolução.
Essa mudança na forma de ver e agir trouxe mais paz e discernimento. Hoje olho para situações estressantes com cara de "bolacha traquinas" ou de "paisagem" e depois que passsam a conclusão é sempre a mesma, realmente eu não precisava ter reagido, respondido ou tido qualquer reação impensada geradora de sentimentos ruins.
Isso tudo, somado ao ano sabático, faz sobrar tempo para pensar e até pensar bobagens, como as inúmeras aqui escritas. Na verdade, para mim são bobagens muito sérias, levando a caminhos jamais trilhados.
A pausa nas compras está abrindo espaço para recordações, limpeza, convívio, organização, passeios, brincadeiras, viagens, enfim, para outras atividades de certa forma negligenciadas pelas inúmeras vezes em que sai somente para adquirir algo supérfluo ou desnecessário.
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