quarta-feira, 9 de julho de 2014

Vastas emoções e pensamentos imperfeitos!

Esse é o título de um livro de Rubem Fonseca onde sono e vigília, razão e ficção, terminam por se confundir e assim é nossa vida, um emaranhado de sentimentos que nos leva por vezes a duvidar da realidade do que está acontecendo, tudo que queremos em determinadas horas é acordar.

Desde a semana passada estou passando por alguns perrengues e se escrevesse sobre cada um isso aqui acabaria virando um muro de lamentações, como já aconteceu há algum tempo.

Lá vai. Passei um estresse muito grande na quinta-feira, não importa se pessoal ou profissional, interessa um único aspecto: é necessário, primordial, essencial, simplesmente guardar silêncio nos momentos mais tensos. Não adianta! Ninguém vai te escutar quando está no calor de um desabafo mais veemente. Silêncio, serenidade, deixar tudo se assentar e depois conversar, só isso!

Conversar no dia seguinte, calmamente e escolhendo palavras que possam ajudar porque de críticas e ofensas o mundo está cheio e ninguém precisa de mais uma dose de energia negativa. Ressaltar os pontos positivos e sugerir melhoras, sugestões que podem ser acatadas ou não, sempre com a consciência de que a partir desse ponto a responsabilidade passa a ser do outro e você já cumpriu seu papel voltando ao seu sagrado silêncio sobre o assunto.
 
É fácil? Não, claro que não! A vontade primeira é sair gritando e jogar tudo para o alto, mas quando temos a consciência de que isso não solucionará e sim somente trará piores consequências, o autocontrole se impõe sereno.

No final tudo resolvido e a energia gasta precisa ser recuperada de alguma forma. Necessário se faz um tempo para voltar ao equilíbrio anterior. Então, no sábado de manhã seu telefone toca. 

Sua neta canina, a Nankin, uma whippet de pernas frágeis como todo cachorrinho dessa raça e com problemas de depressão - foi adotada e vivia em um canil sendo usada para procriação - voa em uma praça onde tinha ido brincar. Voa de uma altura de cinco metros e cai em uma quadra de concreto fraturando as duas perninhas dianteiras. Perninhas sim, ela é quase humana, pelo menos para mim!

Ela foi adotada pelo meu filho que mora em Cornélio e ele menciona:

- Mãe, não sei mais se quero ter filhos!

Chorou muito, apavorou, está sem dormir junto com a noiva porque tem que vigiar o bichinho para que não firme as perninhas que estão engessadas! Os dois estão sofrendo muito ao ver o sofrimento da menina e o outro cachorrinho, filho da Nankin, ficou dois dias sem comer após presenciar o acidente. Só por Deus!

Já falei por aqui o quanto eu não entendia esses sentimentos por cachorros e o quanto mudei. Só puder dizer para meu filho que ele poderia sim me dar netos. O test drive estava feito! E ele certamente sentirá a mesma coisa a cada dor de barriga de seus filhos e pelo resto da vida!
 
Convenci a linda da Izabel a ir comigo, o irmão e mais um amigo dele jogar paint ball. Nos divertimos pra caramba, risadas, machucados - meu braço ficou roxo, o braço dela também. Apesar da dor foi ótimo. Segundo o Pedro, pessoas de mais idade como eu não deveriam jogar! rs

Pois bem. Saindo de lá entramos no carro e falei "nossa, deixei o porta luvas aberto!". Quase não terminei a frase e a Izabel gritou "fomos assaltadas". Só uma reação. "Desce todo mundo e vamos voltar para a quadra!". Vai saber se havia alguém por perto!

Os rapazes do paint ball até saíram atrás dos assaltantes que levaram o som e tentaram levar o estepe, mas por óbvio não acharam ninguém. Fechadura do carro estragado e a constatação de que quatro carros estavam estacionados e somente o dela não tinha alarme. Alarme? Pensei eu quando da compra há duas semanas, para que se tem seguro? Aí está a resposta!

A sensação de impotência, de injustiça, de abalo dos sonhos fez a menina chorar muito e com toda a razão do mundo. Acalmou e voltamos para casa.

Domingo para visitar meu filho, minha norinha e meus netinhos caninos. Segunda-feira para resolver o problema do carro e instalar o alarme. O som precisa esperar!

Terça-feira dia muito feliz, comemorando vinte anos de exercício da magistratura. É muito tempo e não vi passar! Estou mais para o fim da vida útil profissional e lembrava a toda hora da minha avó com noventa e poucos anos dizendo que não tinha visto o tempo passar.

Gente! Façam o que tem que fazer agora! A vida voa! O tempo passa feito um furacão e cada dia é a única chance que temos de fazer alguma coisa, de ser feliz e de mudar o rumo do que não está sendo satisfatório.

Terça-feira dia muito triste, o Brasil teve o sonho de ser campeão da Copa das Copas, em casa, interrompido por um holocausto. Não, não sou apaixonada por futebol, muito pelo contrário, mas gosto de ver a mobilização das pessoas, do povo brasileiro. O futebol é a única coisa que une os brasileiros infelizmente e é isso que temos!

Uma nação inteira focada no mesmo objetivo, na mesma esperança de felicidade, quem sabe na única forma que sabem expressar um tanto de felicidade em uma vida tão sofrida.

E aqui estamos nós seguindo em frente.

Estou de ressaca e olha que nem consumo bebidas alcóolicas. Acho que minha ressaca é moral. Espero melhorar!!!

Também espero um país melhor. Pessoas engajadas na melhora da cultura, da educação, da saúde. Pessoas que escolham melhor seus governantes, se é que isso é possível nessa terra chamada Brasil. Pessoas que se unam pelo amor, pela solidariedade, pela ajuda mútua aos que mais necessitam. Pessoas que lutem lutas justas. Pessoas que não usem produtos testados em animais e pessoas que um dia consigam parar de viver do sofrimento de outros seres.

Espero de mim que eu seja a cada dia uma pessoa melhor e tenho muitos sonhos e muitas tentativas e muitas vitórias e muitos fracassos e muitos pensamentos imperfeitos. Ainda quero parar de consumir carne. Ainda quero voltar ao trabalho voluntário. Ainda quero trabalhar por um mundo melhor.

4 comentários:

  1. E você ainda consegue escrever no blog? muito controle mental mesmo, um dia chego lá. Realmente apesar da nossa reação natural às adversidades ser verbalizar a revolta imediatamente, nem sempre é o melhor a fazer e se não há solução de maneira alguma, melhor é acalmar e pensar o que fazer depois.

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    1. Gabriela... é hábito... rs... e se não escrever não consigo ficar sossegada... rs

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  2. "Gente! Façam o que tem que fazer agora! A vida voa! O tempo passa feito um furacão e cada dia é a única chance que temos de fazer alguma coisa, de ser feliz e de mudar o rumo do que não está sendo satisfatório".Este texto mexeu comigo especialmente esta parte.Obrigada por compartilhar suas ideias.

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