quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Pensando sobre o consumo!!! Presidente do Uruguai, José Pepe Mujica


Vale muito a pena! Reserve dez minutos do seu tempo para assistir ao vídeo, pense sobre as ponderações feitas e tome uma atitude!

Para aquelas pessoas que preferem ler, minha filha Izabel, gentil e carinhosamente, fez a transcrição especialmente para o "Hora de Mudar":

"Autoridades presentes, de todas as latitudes e organizações, muito obrigado. Meus agradecimentos ao povo do Brasil e a sua senhora Presidente. Muito obrigado à boa fé, que certamente todos os oradores que me antecederam demonstraram. 

Expressamos a íntima vontade, como governantes, de acompanhar todos os acordos, que esta nossa pobre humanidade pode assinar. 

No entanto, deixem-me fazer algumas perguntas em voz alta. 

Durante a tarde toda, falamos sobre desenvolvimento sustentável. De como eliminar o imenso problema da pobreza. 

Que se passa em nossas cabeças? Qual o modelo de desenvolvimento e consumo que atualmente vivem as sociedades ricas? 

Faço esta pergunta: o que aconteceria com este planeta se os habitantes da Índia tivessem a mesma proporção de carros por família que os alemães possuem? Quanto oxigênio teríamos para respirar? O mundo de hoje teria os elementos materiais para que 7 a 9 bilhões de pessoas possam desfrutar de mesmo nível de consumo e desperdício que têm as sociedades mais ricas do Ocidente? Isto é possível? Ou será que teremos que ter um dia um outro tipo de discussão? 

Porque nós criamos esta civilização em que estamos: filha do mercado, filha da competição, que se deparou com o progresso material enfático e explosivo. A economia de mercado criou sociedades de mercado. 

E nos deparamos com esta globalização, que significa olhar por todo o planeta. Estamos governando a globalização ou é a ela que nos governa? 

Possível falar de solidariedade e que estamos "todos juntos" em uma economia baseada na concorrência impiedosa? Até onde chega nossa fraternidade? 

E não digo nada disso para negar a importância deste evento. Pelo contrário, o desafio que temos pela frente é de uma grandiosidade colossal. 

A grande crise não é ecológica, é política. O homem não governa hoje! Não há forças envolvidas, senão as forças que governam o homem e a vida. 

Porque não viemos ao planeta para nos desenvolvermos, em termos gerais. Nós viemos ao planeta para sermos felizes. Porque a vida é curta, e rapidamente se vai. E nenhum bem vale mais que a vida, isto é claro! Mas a vida vai se passando, e nós trabalhando e trabalhando para consumir sempre mais e a sociedade de consumo é o motor, porque, em última análise, se o consumo está paralisado, a economia para, e se parar a economia, o fantasma da estagnação econômica aparece para cada um de nós. 

Mas este hiper consumo, este que está agredindo o planeta. E eles têm que acelerar este hiper consumo, fazendo coisas que durem pouco, porque é preciso vender muito. 

E uma lâmpada elétrica, então, não pode durar mais de 1000 horas. Mas existem lâmpadas que podem durar 100 mil, 200 mil horas! Contudo estas não podem ser feitas porque o problema é o mercado, porque temos que trabalhar e temos de sustentar uma sociedade que "usa e joga fora", e por isso estamos em um círculo vicioso. 

Estes são problemas de caráter político, que estão dizendo que está na hora de começar a lutar por outra cultura. 

Não se trata de retornar para os dias do homem das cavernas, ou ter um "monumento ao atraso". Não podemos continuar indefinidamente sendo governados pelo mercado, e sim, temos que governar o mercado. 

Então eu digo, na minha humilde forma de pensar que o problema que temos é político. 

Os antigos pensadores - Epicúreo, Séneca, inclusive os Aymaras, definiam: " Pobre não é aquele que tem pouco, mas sim aquele que necessita infinitamente de muito, e deseja, e deseja, mais e mais!" Isto é crucialmente de caráter cultural. 

Então, eu saúdo os esforços e acordos que estão sendo feitos. E eu vou segui-los, como governante.

Sei que algumas coisas que estou dizendo "perturbam". Mas devemos perceber que a crise da água e a agressão ao meio ambiente não são a causa. A causa é o modelo de civilização que nós construímos. E nós temos que rever nosso modo de vida. 

Eu pertenço a um país pequeno e bem dotado de recursos naturais para viver. No meu país há 3 milhões, pouco mais, 3 milhões e 200 mil habitantes. Mas há cerca de 13 milhões de vacas, das melhores do mundo. E cerca de 8 a 10 milhões de excelentes ovelhas. O meu país é um exportador de alimentos, laticínios e carne. É uma planície onde quase 90% da terra é aproveitável. 

Meus amigos trabalhadores lutaram arduamente para conquistar as máximas 8 horas de trabalho. E agora eles estão conseguindo o direito as 6 horas. Mas aqueles que conseguiram as 6 horas, precisam agora ter dois empregos, portanto, trabalham mais do que antes. Por quê? 

Porque eles têm uma infinidade de despesas: a motocicleta que comprou, o automóvel, e pagar as contas, e contas. E quando você acordar perceberá que é um velho reumático como eu e se passou toda a vida. E fará esta pergunta: este é o sentido da vida humana? 

Essas coisas que eu digo são elementares: o desenvolvimento não pode ir contra a felicidade. Tem que ser a favor da felicidade humana, do amor à Terra, às relações humanas, do amor aos filhos, de ter amigos, ter somente a necessário. Precisamente, porque este é o tesouro mais valioso que temos. 

Quando lutamos pelo meio ambiente, devemos lembrar que o primeiro elemento do meio ambiente se chama FELICIDADE HUMANA. Muito Obrigado!"

Esse discurso deve ser difundido, compartilhado com o maior número de pessoas possível. Publique no seu blog, na sua página, no seu Face!!! 

8 comentários:

  1. Nossa, adorei, quem dera todos os governantes pensassem assim...muito obrigada por compartilhar!! ;)

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    1. Carol, devagar vou pesquisando mais sobre ele e trago aqui no blog... :-)

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  2. É maravilhoso e estou supresa que um presidente tenha tido a coragem de dizer o óbvio ululante!

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    1. O vice dele que optou por maior consumo e uma vida com mais opulência tem maior aceitação pública... o ser humano é esquisito mesmo!!!

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    2. "ululante", "opulência" ...

      Acho que a tua filha Izabel vai ter que traduzir os comentários daqui a pouco! ;-)

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  3. As ponderações do Presidente Uruguaio foram ótimas!

    Já postei no meu facebook o link e já teve gente "curtindo" :)

    Muito embora a gente saiba que essas coisas que ele falou ainda causem muita revolta pois criou-se uma cultura de consumo que quase não tem limites mais, mas aos poucos vamos percebendo e realizando um consumo mais consciente e sendo mais feliz!

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  4. Olá Ziula,

    Parabens pelo trabalho e agradeça a sua filha pela transcrição do vídeo.

    Abraço

    Ricardo

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    1. Adorei ela ter solicitado fazer a transcrição... muito importante esse contato com pensamentos diferentes, principalmente na adolescência onde o apelo para o consumo é bastante grande e onde se formam os hábitos.

      Abraços

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