quinta-feira, 15 de maio de 2014

Décadas de consumo desenfreado e acumulação...

A Zilda, uma querida que andava desaparecida do blog, deixou o seguinte comentário:

"Menina, essa sua arrumação não acaba nunca? Você tinha uma loja, fala a verdade!
Nunca vi sair tanta coisa de um lado para outro.
Estou impressionada! Como vcs se mexiam dentro da casa?
Pelo jeito vai virar o ano destralhando...rsrsrs
Beijos, sempre."

Pensei muito sobre isso e concluí que tenho referências de infância de casa arrumada e casa de acumulador. Nesse ponto terminei por criar um estilo próprio: acumulação organizada.

Conseguíamos andar dentro de casa porque tudo ou quase tudo estava "arrumado", encaixotado, devidamente enfiado em prateleiras e quartinhos que não denunciavam a tendência para o consumo compulsivo nem para o acúmulo de coisas.

Décadas de compras sem pensar. Décadas de quadros. Décadas de leilões na tv. Décadas de aquisições na internet. Mais décadas de conforto na atenção da vendedora de uma loja. 

Assim minha vida foi caminhando. Estudando organização. Lendo livros de como arrumar as coisas. Adquirindo todo e qualquer tipo de organizador para tornar a referência visual mais agradável e disfarçar a bagunça que acredito hoje que era mais interna.

Passei por terapia de todos os tipos. No caminho li muito também sobre autoajuda e outras coisas do gênero ou do mesmo caminho. Fui mudando, mudando...

Fiz alguns destralhes, realizei alguns desapegos, mas tudo muito tímido.

Iniciei o primeiro "ano sem compras". Foquei nas roupas e sapatos. Realizei o destralhe do que me era mais próximo e daquilo mais "espalhado" pela casa. Ignorei caixas de lembranças que dormem em berço esplêndido dentro de armários.

Roupas, sapatos, acessórios, cozinha, quartinho da piscina, tira caixas do meu antigo quarto e guarda no quarto da Izabel. Destralha por duas vezes o quartinho preto e ainda há o que tirar. 

Nessa caminhada toda terminei por mudar para Londrina e quando vim para o apartamento não tinha armários e eles foram chegando no decorrer de um ano. Sentindo a temperatura e o espaço venho trazendo o que me é caro ou necessário: presentes de um casamento que aconteceu há trinta anos e terminou, roupas que penso em usar mas provavelmente serão doadas e o mesmo acontecendo com bolsas.

Cheguei em um ponto que estou "quase" terminando Cornélio. Há caixas ainda que não consigo mexer e fico feliz porque são bem menos caixas. Há o quarto preto para terminar. Há a copa auxiliar com uma coleção de latas e duas ou três caixinhas com papéis. Papéis, papéis, meu ponto fraco! Muitos livros que ainda não tenho espaço em Londrina para guardar e já estou providenciando, assim virão somente aqueles que realmente não quero me desfazer e os demais vão para doação.

Se eu tivesse que dizer alguma coisa para as pessoas hoje em dia, somente diria: cuidado com o que entra na sua casa, cuidado com o que gasta, cuidado com o que acumula porque é muito difícil se desfazer dessas tralhas depois, sei lá parece que criamos um apego emocional com esse lixo todo.

Muita atenção com muita organização, pois ela pode esconder sua tendência para acumular coisas. Antes de organizadores e organização simplesmente destralhe, fique com o essencial!!!


Casa bonita é casa onde o sentimento e a forma de convívio das pessoas é mais importante do que os milhões de itens que alguém possa adquirir por aí colocando seu rico dinheiro fora e trazendo para si mais trabalho e ocupando um tempo que poderia ser usado para melhor qualidade de vida!!!

8 comentários:

  1. Bom dia Ziula,

    Gostei do seu post.

    Sempre fico me perguntando o porque nos apegamos tanto às coisas. Eu também era assim, e nesses últimos tempos mudei muito.

    Procuro ter em mente sempre três pontos na hora de desapegar:

    1) Quando minha vó faleceu, eu e minha mãe fomos nos desfazer das coisas dela. Ela guardava tantas coisas bonitas e que ela gostava, mas que naquele momento, mesmo eu sabendo disso e friamente falando, não tinha significado nenhum para mim. O sentimento era de "dó": "Coitadinha, ela gostava tanto disso, daquilo.." Porém, tudo aquilo para mim eram apenas "tralhas".

    Então quando vejo que alguma tralha minha está guardada, eu penso nisso: Quando eu morrer, virá alguém aqui e vai pegar tudo isso que é meu e doar/vender, porque para essa pessoa serão apenas tralhas. Minhas coisas não terão para as pessoas o mesmo significado que tem para mim. Ninguém vai abrir um "museu" com as minhas coisas, fichando e catalogando cada item e contando minha história: "Essa foi a escova de cabelo que a Carolina penteava seus lindos cabelos toda noite." ou "Esse foi o vestido de sua formatura no ano de 2007" e etc..etc..etc. Rs

    Sei que parece mórbido pensar assim, mas a verdade é que é assim que as coisas são.... uma ou outra pessoa mais próxima poderia querer fazer um "museu" com nossas coisas ... mas no fim das contas... serão tralhas, sem significado para as pessoas.

    E esse pensamento vem fechar com um post que li no blog da Tati: " Coisas que você precisa entender sobre o desapego" http://apenasumenoventaenove.blogspot.com.br/2014/03/coisas-que-voce-precisa-entender-sobre.html

    Ela falou tudo o que penso ali.

    2) Uma vez lendo em algum outro blog sobre organização, tinha uma pergunta:
    "Se você tivesse que se mudar agora, para um lugar dos seus sonhos, e levar apenas uma mala, você conseguiria?"

    Então penso nisso quando estou com dó de alguma "tralha": Se eu fosse agora morar no lugar dos meus sonhos, isso não caberia na minha mala". Rs

    3) Uma vez li que a casa da Carolina Dieckmann pegou fogo quando ela era criança. Perguntaram qual o sentimento que ficou e do que ela mais sentiu por ter perdido: Ela respondeu que o sentimento era de leveza... e que ela sentiu apenas pelas fotos da infância.
    Então, penso nisso também: se minha casa pegasse fogo, eu realmente sentiria falta disso? Ou me sentiria leve?

    E é isso... depois desses três pensamentos, ficou bem mais fácil me desapegar de coisas "queridas", que são apenas lembranças... mas inúteis.

    Gosto muito do seu blog e da sua saga!

    Um beijo!

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    1. Bem, adorei o comentário e vou transformar em post para que não se perca... beijos

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    2. Carolina, aqui em casa a resposta da mala seria diferente: não iríamos a parte alguma. Aqui é fácil destralhar coisas quebradas que não serão consertadas, roupas inservíveis, coisas repetidas, mas coisas antigas não saem, só entram, mesmo que tenham sido de outros, se gostamos e recebemos, não conseguimos nos desfazer, não tem solução. Tentei melhorar a quantidade de livros em casa, fiz uma caixa e levei para a biblioteca municipal, que não aceitou!!! voltou e está por ora na varanda, aguardando uma nova idéia. Comprei um kindle mês passado para diminuir a compra de livros e aumentar a leitura. Realmente, desde que chegou, li três livros em sequência, mas aí a Amazon me manda uma propaganda de livro que me interessei, em papel! (não tem versão para kindle). Vamos indo conforme é possível. Prevenir é melhor do que remediar, você está certa em nem aceitar ficar com nada que para você sejam tralhas, depois haja preparo psicológico para se desfazer!

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  2. Ziula, parece até que os comentários foram reduzidos para te ajudar a deixar, pelo menos a página, limpa. Rsrsrs...Sua cabeça já está tão cheia de desapegos, que seria ousadia te alugar com comentários a responder. Rsrsrs.
    Só queremos te ajudar. Você está chegando lá! Não é possível que não chegue!!!
    Tô quase mandando um caminhão aí, buscar o que vc não quer mais. Vou montar outra casa com tudo que sair daí. Rsrsrs.
    Paciência e persistência você tem de sobra.
    Boa sorte, de novo!
    Continuarei por aqui, ok?
    Beijos.....

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    1. Zilda, adoro os comentários!!! Graças a eles mudei muita coisa... principalmente aqueles que são "puxões de orelha"... rsrsrsrs estou um pouquinho atrasada nas respostas, mas isso já é meu normal, né??? rs

      Penso que precisaria de um caminhão mesmo se fosse fazer tudo de uma só vez... rs... agora já está bem melhor... e um dia chego lá... lá não sei onde, mas em um lugar em que eu tenha menos trabalho para manter e não tenha tanto para destralhar...

      Beijos

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  3. Oi Ziula, adorei o post e o comentario que o inspirou. Todas as tralhas q carregamos, fisicas e emocionais, são resultado do que vc diz, referências de anos, desde a infância.
    E sobre os organizadores para a bagunça, lendo o que vc escreveu reflito q fiz isso com questões emocionais, arrumei espaço para coisas q não servem pra nada, qdo devia ter jogado fora, mas ainda é tempo.
    Hj não me sobram coisas físicas mas coisas emocionais sim, enfim...destralhar e a palavra de ordem. Obrigada por escrever e dividir.
    Sabe q consigo vizualizar vc arrumando, limpando, destralhando e fico feliz q esteja sendo bem proveitoso este período.
    Deus te ilumine
    Bjsssss

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  4. correção: viSualizar

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    1. Cristina, como é difícil lidar com tudo isso, não é mesmo? Mas o jeito é não desistir e enfrentar todos nossos fantasmas, mesmo que um por dia...
      Beijos

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