sexta-feira, 16 de maio de 2014

Experiência compartilhada - qual o significado das nossas coisas para outras pessoas?

E ontem mais um comentário na postagem que chamou atenção pela lucidez e pela forma de pensar que desafia continuarmos resistentes com as tralhas que guardamos.

Quando eu era criança minha casa também pegou fogo e nem sei o que senti, somente lembro da geladeira e de uma espécie de algodão que estava dentro dela saindo após estar queimada, é uma imagem muito forte e que me acompanha até hoje. O que ela significa? Realmente não sei. 

Nessa época eu passava as férias com minha avó e havia levado minhas bonecas mais queridas (bonecas??? talvez explique a coleção de mais de cinquenta bonecas de porcelana!!!), minhas roupas (já superei e estou conseguindo doar mais facilmente), meus sapatos (também superado o apego). Minha mãe havia levado as fotos para a casa da minha vó e todo o enxoval dela do casamento. Sinto falta de uma boneca que aparece em uma fotografia... Enfim... deixa pra lá!!!

Vamos ao comentário:

"Bom dia Ziula,

Gostei do seu post.

Sempre fico me perguntando o porque nos apegamos tanto às coisas. Eu também era assim, e nesses últimos tempos mudei muito.

Procuro ter em mente sempre três pontos na hora de desapegar:

1) Quando minha vó faleceu, eu e minha mãe fomos nos desfazer das coisas dela. Ela guardava tantas coisas bonitas e que ela gostava, mas que naquele momento, mesmo eu sabendo disso e friamente falando, não tinha significado nenhum para mim. O sentimento era de "dó": "Coitadinha, ela gostava tanto disso, daquilo.." Porém, tudo aquilo para mim eram apenas "tralhas".

Então quando vejo que alguma tralha minha está guardada, eu penso nisso: Quando eu morrer, virá alguém aqui e vai pegar tudo isso que é meu e doar/vender, porque para essa pessoa serão apenas tralhas. Minhas coisas não terão para as pessoas o mesmo significado que tem para mim. Ninguém vai abrir um "museu" com as minhas coisas, fichando e catalogando cada item e contando minha história: "Essa foi a escova de cabelo que a Carolina penteava seus lindos cabelos toda noite." ou "Esse foi o vestido de sua formatura no ano de 2007" e etc..etc..etc. Rs

Sei que parece mórbido pensar assim, mas a verdade é que é assim que as coisas são.... uma ou outra pessoa mais próxima poderia querer fazer um "museu" com nossas coisas ... mas no fim das contas... serão tralhas, sem significado para as pessoas.

E esse pensamento vem fechar com um post que li no blog da Tati: " Coisas que você precisa entender sobre o desapego" http://apenasumenoventaenove.blogspot.com.br/2014/03/coisas-que-voce-precisa-entender-sobre.html

Ela falou tudo o que penso ali.

2) Uma vez lendo em algum outro blog sobre organização, tinha uma pergunta:
"Se você tivesse que se mudar agora, para um lugar dos seus sonhos, e levar apenas uma mala, você conseguiria?"

Então penso nisso quando estou com dó de alguma "tralha": Se eu fosse agora morar no lugar dos meus sonhos, isso não caberia na minha mala". Rs

3) Uma vez li que a casa da Carolina Dieckmann pegou fogo quando ela era criança. Perguntaram qual o sentimento que ficou e do que ela mais sentiu por ter perdido: Ela respondeu que o sentimento era de leveza... e que ela sentiu apenas pelas fotos da infância.
Então, penso nisso também: se minha casa pegasse fogo, eu realmente sentiria falta disso? Ou me sentiria leve?

E é isso... depois desses três pensamentos, ficou bem mais fácil me desapegar de coisas "queridas", que são apenas lembranças... mas inúteis.

Gosto muito do seu blog e da sua saga!

Um beijo!"

E aqui ainda pensando muito!!!

4 comentários:

  1. Oi Ziula!
    Fiquei contente que esse comentário se tornou um post e que levou você a refletir!
    Espero que leve outras pessoas a mesma reflexão!
    Beijos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Carol, obrigada de coração pelo comentário...

      Beijos

      Excluir
  2. Nunca pensei nisso... para algumas pessoas pode ser um estorvo, para outras algo sem importância, para outros algo legal, sei lá, prefiro pensar só nessa última.

    Quando eu era criança gostava muito de desenhar e dai tive um desenho publicado em uma revista dessas de colorir, que nem devem existir mais, até porque hoje antes do bico a criança ganha um iPad ou tablet de outra marca. Mas então, uma tia tinha guardado a revista como um tesouro, era ir na casa dela que ia me mostrar.

    Já na minha casa a mãe gostava de guardar nossos cadernos e um dia eu coloquei fora, acho que só ficou um de lembrança, ela guardava os de uma prima que morou lá uma época e deu pra mãe dela e não faz muitos anos isso, lembro da minha tia dizer "mas o que eu vou fazer com isso?".

    Então depende, conheço gente que usa coisas antigas de tio, avô, coisas assim, porque adoram, outros que por obrigação usam isso, eu se tenho é algo que gosto, a mãe tem umas toalhas de mesa que quer pq quer me dar, eu digo pra deixar lá e ir usando porque o tamanho das mesas teria que usar dobrada, sem contar que nem sou de toalha, acho um saco lavar e tal, dai não pego.

    Tempos atrás uma senhora que trabalha comigo disse ter perdido o celular que ganhara da irmã e que a irmã estava furiosa porque nem tinha pago a primeira parcela... dai disse pra ela: "ela te deu ou te emprestou?", ela: "me deu", disse "então pronto, ela quer o que? ia ter que pagar da mesma forma".

    Acho engraçado isso de querer controlar ou saber se tá usando ou se gostou, eu sinceramente não me importo muito com isso se dei algo pra alguém, desapego, pois o dar é isso, se não fazia um contrato de comodato e queria tudo de volta na primeira briga com quem quer que fosse.. rs

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tenho muita coisa "organizada" guardada ainda... e analisando bem somente são importantes para mim... vamos caminhando!!!

      Excluir