terça-feira, 7 de maio de 2013

Mãe, eu quero um mixer!

Isso veio de uma criança de onze anos. Sempre esperamos ouvir pedidos de passeios, talvez brinquedos (o Pedro nunca pediu muita coisa!), um jogo para vídeo game, um livro, mas pedir um mixer?

Tenho uma certa frustação de talvez não ter estimulado o suficiente a Izabel para continuar aprendendo violino. Com quatro anos ela pediu um violino, compramos um pequeno, lindo, próprio para idade. Fez algumas aulas e depois parou. Será que foi culpa minha? Falta de interesse? Descoberta de que não era essencial? Sei lá, só sei que desistiu das aulas, do violino e praticamente da música. Atualmente toca na bateria da faculdade e parece bem feliz. 

Como é difícil orientar os filhos rumo ao que efetivamente gostam! Como é difícil descobrir e estimular o que realmente produz um efeito tão intenso que faz com que não desistam do projeto.

Sei bem que existem fases de descobertas, de deslumbramentos, de magia. Como administrar isso para que se torne uma constante?

Fiz balé, piano, violão, curso de culinária, artesanato, passeei pelo universo da pintura de telas e quanto à esse último realmente eu não tinha o menor talento, meu traço é pesado e gosto de pinturas suaves, quase aquarelas. Minha mãe acho que até estimulava minhas incursões, mas até que ponto isso tem influência? Ai, Freud! Pai e mãe! Universo desconhecido para mim quanto ao ponto em que somos influenciados e aquele onde efetivamente temos o dom.

Queria fazer vestibular para geologia. Nunca gostei muito de lidar com pessoas, então pedras e objetos inanimados seriam mais adequados. "Não, minha filha, você não vai fazer vestibular para geologia, porque é no mesmo dia do vestibular de direito e seu pai é advogado. Você vai prestar vestibular para direito!". Quinze anos na época, pouco contestadora e acho que eu nem sabia o que fazia uma geóloga, na realidade, queria apenas me livrar das pessoas, será?

Passei, cursei, advoguei e depois concurso, esse último unicamente para morar em Curitiba, cidade fria em todos os sentidos ou no sentido humano também pode ser porque sou meio "fria", tenho dificuldades para socializar, devo sofrer de agorafobia, só pode ser! Tento vencer, mas raras as tentativas e, por incrível que pareça, até tenho algum sucesso.

Hoje perguntam se gosto do que faço. Realmente amo fazer audiências, ouvir as pessoas, tenho feeling para as mentiras, tenho raciocínio rápido, também rapidez para decidir o que fazer mesmo quando não sei o que estou fazendo, tenho capacidade de conviver harmonicamente, embora com assertividade, no ambiente de trabalho. Entretanto, não posso responder a pergunta, porque a única coisa que sei fazer há mais de vinte anos é isso, na área do direito e não sei se gostaria mais de outra coisa.

Voltando ao mixer... sequer titubeei, fui lá e comprei aquele que tinha mais acessórios, afinal o menino precisava fazer azeite de ervas, picar cebolas e misturar outras coisas. Meu domingo foi repleto de comidas maravilhosas, tivemos risoto de ervas com tomate seco e no jantar tacos mexicanos com direito à pimenta, abacate, queijo, carne temperada com um pouquinho de limão, alface. Tudo maravilhoso!

E vamos tentando achar a medida da vida!

6 comentários:

  1. Ohhh! Todo Pedro é luz na vida da gente. Meu filho tem amigos Pedros, e eu adoro cada um deles.
    Seu Pedro deve ser um encanto de garoto. Daqueles que a gente quer sempre por perto. Deu para ver o sorriso dele nas fotos. Que carinha boa, do bem.
    Ele é seu anjo, que veio para te ajudar a ver a vida com mais simplicidade. Vc se acha "fria"? Claro que não. Só não mostra sua sensibilidade e humanidade por causa da profissão. Está condicionada a ser séria,imponente talvez, mas "fria", de jeito nenhum. Espere quando aposentar, você será uma criança solta e feliz.
    No seu blog vc se expõe sem reservas. Divide com o mundo suas dúvidas e aflições. Mesmo a distância, vc humaniza as pessoas. E ainda não se deu conta disso?
    Fico por aqui.
    Beijos. Tchau Pedro!

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    1. O meu Pedro não é desse mundo... rs... ele tem suas manias e suas virtudes... adoro!!!
      Adorei o comentário!!!

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  2. Engraçado esses traumas de mães. A minha acha que não simpatizo com cozinhar porque não fui incentivada por ela, mas nada a ver. Já nasci assim..kkkk. Na verdade meu problema não é nem com a cozinha mas com o lavar louça e só de pensar na quantidade de louça que suja para fazer alguma coisa já desisto.

    Agora pedir um mixer, esse guri... rs.

    Acho que incentivar os gostos dos filhos ou eventual talento é ótimo. Eu tive meu talento artístico tentado de diversas formas pelo colégio, era balé, era isso e aquilo. Tive que ser trocada de colégio para um da rede estadual, sem aquelas coisas todas pois uma vez me expulsaram da sala pois não quis fazer alguma coisa e eu lembro que a professora perguntou se eu queria sair da sala e eu disse que sim. Como nunca tive padrão bagunceiro me expulsar da sala é algo muito forçado mesmo, era crítico o negócio, eu não gostava mesmo daquela frescurada toda que tinha que fazer no colégio, que depois acabei voltando por ocasião do 2º grau uma vez que o estadual era só até a 8ª série. Quando voltei novas apresentações e teatro e novamente a mãe chamada lá uma vez que não quis ir em um acampamento solidário. Só porque justifiquei que não fui porque não quis. Coisas da vida.

    Ainda nisso, tal colégio, no 2º grau tinha que na aula de artes fazer bordados ponto cruz. Eu fazia que estava bordando, batia o sinal e dizia que ia trazer na outra aula. Dai na outra aula a professora elogiava(e sim,claro que dava pra minha mãe fazer). Fiquei em recuperação quando a professora descobriu.

    Talvez um talento perdido. Uma vez tive um desenho publicado numa revista infantil, na época eu tinha 7 anos e uma tia guarda essa revista como algo precioso.. coitada... kkkkkkkkkkkk

    Porém não posso reclamar que não tive os "talentos" tentados e ao mesmo tempo nada forçados pois não fui obrigada a continuar e tudo mais. Acho que não é caso de culpa por não incentivar , é deixar livre para optar pelo que gosta e quando deixar de gostar também. A única coisa que não acho que tem que ser livre é o estudo de línguas. Nisso eu queria ter sido obrigada a ter todas as provas de proficiência, mas fui deixada livre...

    Quanto à escolha profissional a minha também foi meio que por ser "o melhor", embora eu tenha demorado para gostar e hoje apesar de sentir uma vontade de ter feito contabilidade ou medicina (rs) , gosto do que faço.

    Mas quanto à isso, por mais direção x que se dê sempre tem o que nos adequamos mais ou menos.

    Quando me acertei em uma área e de saber que todo dia por mais aborrecimentos que eu tenha durante o dia , gosto daquilo, mesmo que nem minha mãe goste da minha área escolhida, nem meus primos do mesmo curso, meu tio odeia e pra ele eu devia seguir a carreira dele , a maioria dos meus amigos também detesta, eu gosto. E então isso que é válido né.

    Agora essa fobia aí mencionada que nem o google deve saber o que é, pegou pesado hein? Depois o guri diz que vai ter medo de lugar apertado e nem vai dar para reclamar dele!!! Olha com quem está aprendendo....rs

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    1. Mãe é assim mesmo. Fico pensando o que pensa minha mãe a respeito, acho que nunca falamos sobre isso.
      O sistema de ensino somente agora está começando a modernizar. Eu sempre contestei a forma depois que a informática passou a fazer parte do dia a dia, agora já estou mais feliz e parece que as crianças também... rs
      Passamos essas fobias para os filhos, né? rs
      Você está sumida desde ontem... está triste porque o Grêmio saiu da Libertadores? Eu sabia que esse coração continuava gremista... rs

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  3. Nessa idade eu pedi um mini-aspirador de presente, para poder manter meus livros limpos, acredita?

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    1. Criança é um ser iluminado... cada uma com sua beleza. Adoraria ver você limpando os livros assim pequenininha...

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