quinta-feira, 21 de junho de 2012

Organização ou desapego?


Sempre gostei de ter tudo organizado, herança do período em que morei com minha avó em Porto Alegre, e do tempo em que vivia andando naqueles sites que vendem "organizadores" de todos os tipos, comprando também esses materiais em todo e qualquer catálogo que me era oportunizado olhar, também estudava, comprava livros e assistia todos os vídeos possíveis com todas as formas de organização que poderia ser imaginada por um ser humano.

Quando fiz meu closet dos sonhos em 2010 comprei inúmeras caixas pretas com pesponto branco, o que permitiu organizar todas as minhas coisas e localizá-las considerando que cada caixa possuía uma etiqueta identificando o conteúdo.

Gastei um bom dinheiro nas caixas e já falei por aqui que hoje tenho muitas e muitas delas vazias. 

Com meu conhecimento atual, certamente eu tiraria tudo que não quero para somente depois verificar o que precisaria de espaço de armazenamento e esse infelizmente não é o primeiro ensinamento daqueles que se dispõem a ensinar como organizar uma casa ou posso estar sendo injusta, considerando que somente presto atenção e apreendo o que me interessa no momento.

Também já falei dos cabides - comprei 150 cabides de acrílico e hoje muitos e muitos estão vazios.

Quando paro a pensar no tempo e dinheiro perdido, quando essa sensação quer trazer uma tristeza, logo me conforto dizendo que nada ocorre antes do tempo e somente podemos respeitar as decisões passadas, pois naquela época era o melhor que podíamos a fazer.

Depois que passei a ter contato com os princípios de uma vida simples e do minimalismo, o que somente veio no decorrer do "ano sem compras", tudo é questionado e as perguntas resultam em respostas que para mim são muito produtivas, sempre levando à escolha das melhores opções dentre aquelas disponíveis e sempre considerando aquelas com menos gastos em coisas desnecessárias.

Um parênteses. Passei anos com um colega mostrando como era controlado, dando aulas de economia para todos nós, até achando engraçado ou até rindo de nossos (meus e de outros colegas) deslizes financeiros. 

Pois é. A vida ainda não tinha mostrado tudo para ele! Casou, agora teve um filho e a esposa passará a trabalhar meio período. Quando ele contou, o primeiro pensamento foi de que as despesas tinham aumentado e as receitas estão diminuindo, tendo feito o comentário na hora.

Fiquei pensando como desenvolvi um raciocínio financeiro, capacidade que me faltava totalmente e os fatos diários relativos à economia passavam totalmente despercebidos. Além disso, percebi o quanto temos mania de criticar ou zombar de pessoas com realidades diferentes até que a mesma realidade bate à nossa porta.

Voltando à organização e minimalismo, tenho a dizer que as pessoas que pretendem se aventurar por uma vida sem tantos itens não precisam ter medo, pois minimalismo não significa abrir mão de tudo e sim viver com o que é essencial conforme critério pessoal de cada um. Assim, para alguns é possível viver em uma casa sem sofá e para outros pode ser essencial meia dúzia de almofadas sobre um sofá.

A questão toda é identificar claramente o que você necessita para ser feliz e controlar seus desejos de ter tudo que o mercado oferece, porque sinceramente você não precisa de tudo que é oferecido.

Com certeza é necessário fazer um desapego intenso antes de iniciar qualquer movimento de organização, evitando novas compras desnecessárias, seja aquelas de roupas e outros itens de uso pessoal, seja aquelas supostamente necessárias para organizar o que se tem.

Desconhecemos no início por onde devemos começar, considerando eventual confusão instalada em tantos aspectos ou mesmo em tantos cômodos diferentes, mas basta um único movimento para que tudo comece a se encaminhar como que por mágica.

Por exemplo, uma gaveta, depois outra gaveta, uma pequena prateleira e vamos avançando mesmo que em passos de tartaruga, mas vamos avançando!

É fácil? Não, com certeza é um exercício com mais conteúdo emocional do que possa supor nossa vã filosofia, embora muitíssimo gratificante.

A despedida quando se refere a uma pessoa é muito difícil, imagine então o conteúdo emocional que muitas coisas possuem para você e comece a treinar suas despedidas diárias que tornarão sua vida menos carregada de itens materiais e emocionais, tornarão você mais leve para aproveitar o que realmente interessa.

10 comentários:

  1. Olá Zuila!
    Depois que os conceitos de necessário, essencial ou desejo ficam claros na hora de comprar, o resultado é uma compra bem menor. [sorrio]
    Abraços.

    “Para o legítimo sonhador não há sonho frustrado, mas sim sonho em curso” (Jeferson Cardoso)

    Convido para que leia e comente “AGORA OLGA FEZ YOGA” no http://jefhcardoso.blogspot.com/

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    1. Jeferson, como é difícil estabeler, ou melhor, mudar conceitos arraigados... mas como é divertido tentar!

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  2. Sempre digo que não existe organização sem destralhamento... mas não é isso que as pessoas querem ouvir. Querem encher a casa de badulaques inúteis e ter tudo organizado e funcional. Por isso ainda não me aventurei a ser organizadora profissional - a atividade amadora já me tira do sério às vezes.

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    1. Lu, meus parentes tem até medo quando vou visitar, porque não faço uma visita normal e sim começo a organizar tudo e a querer tirar tudo que acho que não presta... rs... é claro que eles colocam um pouco de freio, mas na realidade adoram (aqueles que deixam eu mexer nas coisas... rs).
      Minha irmã tinha um problema no banheiro e peguei os frascos pela metade de shampoo e condicionador, coloquei todos em um frasco só, joguei fora as embalagens vazias. Na outra vez que fui visitar, quando entrei no banheiro, minha sobrinha tinha corrido na frente e colocado os frascos vazios no lixo. Nunca dei tanta risada!!!
      Eu estava na primeira fase - badulaques inúeis organizados (e estavam organizados mesmo)... agora que estou no destralhe meus organizadores estão sobrando... quem sabe sirvam para alguém, não é mesmo???
      Beijos

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  3. Eu também gosto de tudo organizado, só sou bem menos ativa para que isso se torne um hábito diário e uma realidade.

    O problema é que tudo parece que pode ser útil, que um dia posso precisar. Eu sei que esse pensamento é errado e é o causador da desorganização, ou ao menos, uma organização não muito organizada... só que não consigo deixar de ter esse pensamento..rs

    Mas dei uma melhorada, meu roupeiro já está ok, e vi por aqui no teu blog. Engraçado como uma leitura despretensiosa há quase um ano atrás fez eu cair nesse site que tenho tirado boas idéias e tornado uma leitura diária. E o site que me fez cair aqui nunca mais vi, olha que coisa... ah, e quando eu estiver enchendo o saco com os comentários é só avisar! às vezes acho que devia ficar quieta mas por achar interessante resolvo comentar... :)

    Quando terminar o desafio daquela caixa pouco organizada da cozinha coloca a foto daqui do que sobrou, penso em fazer isso nas gavetas da mesa do computador, precisaria esvaziar alguma para colocar só folhas, entretanto parece que as coisas que tem poderão ser úteis um dia.. :) <- viu meu defeito? lá voltou o que posso precisar...

    Quanto à nossa capacidade de criticar os outros tem razão, depois estamos fazendo igual e cometendo os mesmos erros. Mas às vezes sempre escapa uma que outra, sem querer..rs

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    1. Adriana, adoro todas suas visitas e todos seus comentários, mas acho que já disse isso :-)
      Preciso ser alertada para não me perder no caminho!
      Muito difícil o desapego, não é mesmo? Até concluirmos que efetivamente não vamos precisar daquilo é um longo e doloroso caminho.
      O sistema das caixas vai me curar de pensar que preciso de algo! Ora, se não usar durante trinta dias, é claro que não vou precisar nunca mais.

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  4. Os potes de Tupperware são uma cilada! Quanto mais a gente compra (empurrada pelas vendedoras) mas comida a gente compra para colocar neles e esquece na geladeira e estraga. Outro drama consumerista é o que chamo de "mascates de repartição". Uma vez cheguei no trabalho e tinha uma caixa decorativa de artesanato me esperando, pois supostamente eu teria feito tal encomenda! Nunca vi um marketing mais picareta. Claro que não tinha pedido nada. Só para me livrar desse(a)s mascates falo que não uso nada: nem Natura, nem Avon, nem Tupperware....Melhor ser antipática que falida. Mas vou melhorar a bagunça em casa- algo que sempre acumula é aqueles sacos que vêm junto com os sapatos. Ainda não tive coragem de jogar fora, mas terei um dia!

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    1. Gabriela, já fiz um post das coisas que não vou comprar e dentre elas está tupperware de plástico. Estou usando recipientes de vidro pequenos e com tampa para armazenamento de sobras que resistem mais, são mais fáceis de lavar e não ficam com cheiro do que foi colocado por lá. Quanto aos "mascates de repartiçào" confesso que não tenho problemas, como já falei também, é só colocar limites, porque realmente tem alguns produtos que uso, como um produto para lavar o rosto da Avon e preciso pedir pelo menos uma vez por ano :-)
      "Melhorar a bagunça" foi ótimo, eu vivia fazendo isso, organizando a bagunça... até que decidi acabar com ela... desculpe a brincadeira, mas não resisti :-)
      Tenho uma caixa de saquinhos de sapatos/bolsas, caixa grande e também não consegui ainda, mas estou no caminho... rs

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  5. Mas, complementando o meu comentário de ontem, Ziula, o minimalismo está ficando na "moda" entre as pessoas mais jovens. Quem é mais velho é que não compreende e pode ficar questionando a sua escolha. Tem gente que vem na minha casa e fica: se tem tudo em pdf por aí para quê você fica comprando livros? Ora, é uma questão de 1º direito autoral, 2º ergonomia (eu não consigo ficar sublinhando e lendo com a mesma desenvoltura diretamente numa tela de notebook ou kindle). Sou "nova" mas sou antiga. E para andar de "carroça" como diria o Collor, prefiro pegar "condução" - isso não tem jeito, ficar remendando carro velho é muita perda de tempo e um trabalho infinito ( e no final sai caro).

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    1. Sou resistente com uma porção de mudanças, tanto que já tive oportunidades para mudar de cidade e continuo aqui na minha Cornélio Procópio e poderia estar em qualquer cidade do Paraná. Tenho sérios problemas com mudanças, mas parece que após esta confusão toda que estou fazendo, vou conseguir me curar, espero!
      Livros eram um problema até que me convenci que, exceto alguns queridinhos, os demais eu não lia mais do que uma vez, então doei quase todos para o "Projeto Livro de Rua" da Vara do Trabalho de Cornélio Procópio e eles estão felizes circulando sabe-se lá em que lugares!

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