quarta-feira, 20 de junho de 2012

Project 333 - Divagações sobre o minimalismo

Poucos dias para iniciar um período com poucas roupas, sapatos e acessórios! Ainda despreparada para ser minimalista, mas no caminho de uma vida mais simples.

De qualquer forma, tudo isso me parece estranho e pouco confortável se analisado sob o enfoque da minha pouca experiência no assunto.

Meus paradigmas são de consumo, estou ainda condicionada a ter muitas coisas, apegada a muitas lembranças físicas do passado e que não tenho condições de abrir mão por enquanto.

Desde o início do "ano sem compras" vejo as pessoas me olhando de forma esquisita e muitas fazendo piadinhas sobre minha decisão. Não, isso não me afeta e também não me afasta dos objetivos que tracei, entretanto, o risco é concluir que essas pessoas tem razão e que o mundo do consumo é mais atrativo do que o mundo do não consumo.

Penso que dificilmente isso ocorrerá, ou seja, jamais voltarei a ter o mesmo comportamento e acaso volte próximo ao que era antes, certamente o resultado emocional não será nada agradável, será uma espécie de fracasso em relação a um objetivo maior de busca da felicidade, de mudança radical de comportamento para servir de exemplo para meus filhos e família, bem como para outras pessoas que precisam também de ajuda e conscientização através do exemplo e troca de experiências.

As dúvidas que surgem especificamente em relação ao Project 333 são até infantis, por exemplo, o que as pessoas pensarão ao constatarem que estou vestindo as mesmas roupas todos os dias. E não podemos ignorar o fato de que as pessoas prestam muita atenção nos outros e principalmente nas mulheres com as últimas tendências da moda.

Boa! Vou deixar de ser assunto!

Por outro lado, serei assunto pejorativo? Acharão que enlouqueci ou pensarão que empobreci?

Como se pode perceber, tudo isso que penso e depois chego à conclusão que não tem importância, realmente não tem qualquer sentido. Não podemos deixar que as pessoas ditem como devemos viver, vestir, comer ou morar.

Desconheço se até hoje vivi a vida que eu queria viver ou se vivi conforme as expectativas que colocaram em mim desde a infância. Sempre fui a mais inteligente, a que foi bem sucedida, aquela que tem o melhor carro e uma imensa casa (quando vi minha casa pela primeira vez e decidi comprá-la o sentimento que tive foi de que estava em um filme de hollywood).

Hoje parece engraçado, porque vivemos em três pessoas em uma casa imensa, que exige cara manutenção e todo esse espaço parece bizarro, pelo tanto que amadureci e pelo sentido que as coisas materiais estão tomando na minha vida.

Confesso que já senti culpa pelo padrão de vida que tinha, pensando em todos aqueles desafortunados que desfilam pela vida sem chances (isso é matéria para outro post, porque conclui que chance e oportunidade é você quem faz). Atualmente, a culpa passa longe e sei que tudo o que conquistei em termos materiais foi devido ao meu próprio esforço e mereço tudo que tenho.

Mas, e sempre existe um mas, o que tudo isso trouxe em amadurecimento? Realmente não sei, porque quando comecei a me desfazer das coisas e buscar uma vida mais simples, com mais sentido "humano" - se é que posso chamar assim - essas mesmas coisas pareceram desnecessárias.

Tanto marketing dizendo que eu precisava comprar para ter uma boa imagem, precisava de um carro de "n" dígitos porque tenho uma posição social, precisava de uma casa imensa para mostrar/receber amigos, tudo me levando ao consumo de itens cada vez mais caros e tudo terminando em um vazio emocional imenso.

Bem, voltemos ao que interessa e a pergunta que fica é até quando conseguirei manter os objetivos de simplificar, não me importar com expectativas alheias, viver mais simples e buscar situações/relacionamentos/passatempos que tornem minha vida significativa.

Decidi já faz algum tempo que quero uma vida diferente, que tudo seja diferente de agora em diante e faço um esforço diário para mudar hábitos, buscando novas e saudáveis formas de viver.

E quanto aos outros? Como diz a música: os outros são os outros e certamente ninguém terá um acesso de raiva por eu ter resolvido viver de uma forma não convencional.

Falta muito, talvez uma vida inteira, entretanto, o pouco que eu fizer no dia a dia, se trouxer mais paz de espírito, evolução, amadurecimento e menos preocupação com coisas materiais, terá valido a pena esse exercício absurdo de nadar contra a corrente, não importando para onde os outros querem ir ou querem que eu vá!.

Os outros somente estão atualmente nos meus planos no sentido de poder ajudar a quem precisa, ser útil de alguma forma, praticando a caridade e recebendo a caridade do carinho alheio quando precisar. Afora isso, pretendo viver da forma como acho conveniente, respeitando sempre os limites das outras pessoas, mas nunca me rendendo novamente ao modo como essas pessoas acham que preciso viver.

8 comentários:

  1. Lindo post, excelentes observações sobre a vida.

    No fim é só você com você mesmo.

    Fazer o bem é o melhor tratamento contra tristeza e vazio emocional.

    Enche de alegria nosso coração!!

    Como é bom ser bom!

    As melhores coisas da vida são de graça.

    Podem parecer frases feitas mas aí se encerra a maior verdade.

    Bjx, boa caminhada!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Confesso que a caminhada não está sendo fácil, porque na realidade surgem muitos questionamentos que nada tem a ver com consumo, ou melhor, tem relação com o consumo, mas terminam por mexer com coisas muito íntimas, como você pode ver no post.

      Agora, também devo dizer que está sendo a cada dia e a cada descoberta mais gratificante.

      Obrigada pela força!

      Excluir
  2. Ziula,

    justamente por não ser fácil é que a caminhada é tão gratificante!

    Não se importar com o que os outros pensam, ou se importar menos, é muito libertador. Aí a gente começa a fazer as coisas porque elas fazem sentido para nós e nossos objetivos, e não porque "todo mundo faz assim".

    Beijos e boa sorte!

    ResponderExcluir
  3. Ziula, quero parabenizá-la pela honestidade profunda do post, onde vc expôs a sua relação com "os outros". O que são os Outros? Parece que são uma espécie de entidade metafísica, de deus, a quem devemos corresponder a todas as expectativas. Sim, amiga, é muito difícil a gente se libertar desse deus, "os outros". às vezes, dizemos para nós mesmas, que se danem os outros! Mas, depois, esse ser aparece, sorrateiro, e lá estamos mais uma vez nos importando com ele, perdendo nosso tempo e energia com ele.
    Querida, estou acompanhando com muito interesse o seu blogue e adorando cada vez mais. Tem post novo no meu. Aguardo sua visita e conselhos!
    Abraços!
    Samanta

    ResponderExcluir
  4. Mas seguir o minimalismo atualmente também não seria atender às expectativas de terceiros? Eu sou favorável a compras menos frequentes e mais inteligentes, sem compulsão, utilizando efetivamente tudo o que se tem em todos os setores: roupas, móveis, utensílios domésticos e eletrodomésticos(as pessoas não acreditam que tenho uma tv de 14 polegadas e não tenho antena parabólica - pois quase não vejo tv e muito menos tenho tv por assinatura) mas sair jogando tudo fora acho que é um desperdício dos valores que já foram gastos anteriormente. Estou tentando comprar menos, bem menos (apesar de ser um hábito difícil de quebrar, os passeios no shopping se impõem, ainda mais que onde moro não tem muito o que fazer na rua) mas não vou me privar do que gosto e do que me dá conforto, por exemplo se eu tomo vinho eu gosto que seja em taça de vinho, não em copo de requeijão, café só em xícara, não em caneca, meu colchão custou caro, é confortável, durmo bem, não vou me desfazer dele só porque o tipo de lençol é mais caro para caber nele, viajo para audiências quase todos os dias, não quero ir de ônibus ou Ford Ka, sacolejando e desconfortável etc. Se a vida não tiver um pouco de facilidade não vejo sentido em ganhar dinheiro, só para economizar por economizar (economizei muito até comprar minha casa, depois sosseguei). Economizo uns 20% do que ganho por mês e chega.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Gabriela, não vejo no meu círculo físico de convivência nenhuma pessoa apoiando minhas idéias. Pelo contrário, a maioria acha que tenho que voltar a comprar, a consumir, enfim contestam qualquer movimento para o simples porque desconhecem como viver sem o consumo.
      Quem seriam meus terceiros para atender ao minimalismo? Ninguém! É um movimento meu que está levando a muitos outros caminhos além da simplificação.
      O minimalismo não prega ausência de compras, apenas indica que devemos focar naquilo que é realmente essencial.
      E também não se trata de jogar tudo fora, pois é descartado aquele item que somente está ocupando um espaço sem uma utilidade efetiva.
      Claro que tomo vinho tinto seco naquelas taças imensas de cristal (isso quando tomo, porque restringi toda e qualquer bebida alcoolica somente para ocasioes muuiiiitttooo especiais) e as taças permanecerão porque tem utilidade, mesmo que esporádica e não faria sentido e eu nem tomaria vinho em copo de requeijão. Isso é importante para mim!
      Necessário manter compras focadas em qualidade e não em quantidade e certo que um confortável colchão é necessário, mesmo que caro, pois passamos 1/3 da vida no mínimo na cama... rs...
      Carro! Bem, sou suspeita! Somente posso dirigir carro automático e até tentei trocar o meu carr novo que comprei em dezembro por outro mais simples, mas simplesmente não consegui retroagir e percebi o quanto é importante esse veículo para mim. Logo, não seria minimalismo e sim falta de inteligência sair dele.

      Excluir
  5. Hoje em dia não podemos mais considerar que somos influenciados só pelo círculo físico de pessoas. Tem o virtual também. Além disso, comerciais, propagandas seja numa sinaleira, seja em um catálogo, em uma vitrine, na internet em vários sites. Tudo isso em conjunto influencia e dai que pode não ser o que a gente quer realmente, mas que viu, leu, ouviu e achou que é o ideal, mas muitas vezes pode não ser.
    É absolutamente natural as pessoas não compreenderem, eu me incluo nelas, a razão para se privar tanto de algumas coisas. Já disse e repito: (não me interprete mal, é sem intenção alguma de criticar a escolha) não te cobres tanto! Nem tenhas medo caso volte ao consumo. Evidente que não irás consumir como antes, todo esse período serviu de base para ver o que é bom e o que não faz falta nenhuma. E mesmo que em uma remota hipótese, volte ao que era antes, não precisa ter culpa ou qualquer coisa do tipo. Ainda poderás dizer que experimentou a fase do não consumo e que pode falar como "autoridade" no assunto!
    Se cumprir ou não mais esse projeto minimalista, não se culpe. E nem fique pensando no que vão pensar, pois as respostas mais óbivias já tens, é só te imaginar na situação anterior onde não pensava sobre esse assunto e alguma colega tivesse entrado no projeto. Não recomendarias até um psicólogo para ela? Seria uma atitude automática e que geraria as piadinhas e estranhamentos normais, pois nenhuma pessoa, salvo muito interesse no assunto, é propensa para o não consumo.
    Consumir é bom, não é pecado, se trabalha para isso. Mas ele deve ser racional. Agora, antes do consumo existem coisas mais importantes que não tem dinheiro que pague. E geralmente quando só pensamos em consumo esquecemos ou deixamos para segundo plano essas coisas mais importantes, que junto com o consumo (racional), tornam a vida completa e feliz.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Adriana, tenho pensando nas suas ponderações sobre cobrança, de verdade! Já tenho algumas conclusões que um dia escrevo por aqui. Obrigada pelas visitas e por todos seus comentários!

      Excluir