terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Educacao financeira crianças

Impressionante como somos espelhos para nossos filhos.

Passei a tomar apenas água, raramente suco e nunca refrigerante. Certo, isso está acontecendo há aproximadamente dez dias ou menos. Verifico espantada o quanto meus filhos estão evitando refrigerantes. Não, não deixaram de tomar e eu não exigiria isso, porque penso que toda decisão deve ser pessoal e bem pensada, mas diminuíram em muito o consumo.

Izabel já não tomava refrigerantes e foi um exemplo a ser seguido. Pedro diminuiu bastante e ressalto seguidamente os malefícios que andei lendo por aí sobre o consumo desses líquidos. Renato, viciado em coca-cola, já consome bem menos.

Está certo, nem sei se conseguirei manter, só sei que é uma nova tentativa para eliminar um dos itens prejudiciais à saúde.

Qual a relação desse fato com educação financeira? Bem, não podemos exigir que nossos filhos poupem a mesada, deixem de exigir cada novo produto lançado no mercado, queiram a todo custo aquele tênis igual ao do colega, se gastamos desenfreadamente adquirindo essas mesmas novidades e dessa feita em relação àquelas feitas para adultos. É preciso que nós, adultos, pensemos nos exemplos que estamos dando para as crianças.

Adultos? Penso que o mercado é direcionado para o consumo infantil e continua assim quando crescemos e não amadurecemos, somente muda o tamanho do brinquedo. Ao invés de querermos o carrinhos de controle remoto, desejamos um novo e potente carro. A caixa de cor cede lugar à palheta de cores de sombras e batons. A casinha de boneca é trocada por uma linda casa devidamente decorada com as últimas tendências.

É preciso amadurecer, deixar de brincar com a vida e ensinar aos nossos filhos uma forma consciente de consumo que com o tempo os torne adultos seguros e felizes. Uma forma de sobrevivência nesses mundo hostil que não precise de muletas tecnológicas ou mesmo de itens para ser aceito socialmente.

Se você vive endividado e age de forma irresponsável com o dinheiro é possível que seus filhos venham a se tornar adultos iguais a você. Uma pessoa endividada com certeza não consegue se organizar sequer para dar uma mesada para os filhos e se a instituí não controla como o dinheiro é gasto e termina por incentivar o consumo dando valores antes da data estipulada além da mesada.

Outra situação muito comum é vermos crianças fazendo "birra" em loja e para não passar vergonha ou mesmo por pena os pais cedem e a criança acostuma e torna-se um círcula vicioso. Nesse passo os pais estão criados filhos com dificuldades em aguardar a época própria, filhos que farão empréstimo bancário para realizar um "sonho" que muitas vezes não passa de "mero capricho".

É preciso aprender a lidar com frustações, com impossibilidades, com o tempo, com a necessidade de espera que algumas escolhas nos exigem, com o planejamento necessário para alcançar algo que seja realmente um sonho a ser realizado. Aliás, muitas vezes esse tempo que pode parecer longo demais é muito prazeroso, pois quando chega o momento da realização ou da aquisição daquilo que foi esperado o sabor é por demais doce e gratificante.

Tudo que vem fácil não tem valor. Quantas pessoas ganham fortunas na loteria ou mesmo em decorrência de uma herança e pouco tempo depois estão na mesma situação difícil anterior. Tudo que demanda esforço e trabalho tem um maior peso em nossa vida e é cuidado com mais carinho.

Com meus filhos mais velhos eu ainda tinha pouco conhecimento sobre consumo consciente e talvez até não fosse um bom exemplo. O tempo, cura de todos os males, terminou por me levar a trilhar caminhos diferentes e exigir deles formas diferentes de lidar com o dinheiro, confesso que o resultado tem sido ótimo.

Renato já tem um apartamento, como já contei por aqui e Pedro divide a mesada em quatro partes (30% poupança longe - diz que comprará um Ferrari, 30% poupança perto - para comprar alguma coisa um pouco mais cara como um brinquedo, 30% para o que quiser - aqui se incluem lanches ou passeios, 10% para caridade - sempre vai para alguma campanha de cobertor, ovos de Páscoa ou cesta básica).

O interessante em relação ao Pedro é que mesmo valores ganham de aniversário tem essa divisão da mesada, algo que acredito ele já tenha interiorizado.

Izabel, que não morou comigo por nove anos, já tem seus parâmetros e diz que pretende controlar as contas e já está fazendo isso. Vive com a mesada e quando pede algum empréstimo sempre se arrepende depois, pois quando vai fazer a devolução diminui o valor do mês seguinte. Hoje mesmo prometeu não pedir mais empréstimos e certamente vai cumprir.

Quanto à mesada é necessário que haja um contrapartida da criança, caso contrário pode pensar que "dinheiro nasce em árvore". É preciso estabelecer alguma tarefa doméstica e exigir que ela seja feita.

Outro ponto a ser observado, sendo necessário chamar a atenção e não estimular, é a necessidade da criança de ter as mesmas coisas que seu "melhor amigo" ou outra criança com quem conviva. Existem pais que não dão limite e isso pode ser um péssimo exemplo para seu filho. É preciso conversar sobre a desnecessidade de certos itens para crianças e mesmo sobre a dificuldade que a família pode estar enfrentando que não permite a aquisição.

Tudo se resume ao exemplo dado pelos pais, aos limites impostos às crianças, à forma como explicamos as questões financeiras.

Faço questão que meus filhos vejam quando fecho minhas planilhas mensais e dou explicações conforme me é perguntado, isso para não ficar enchendo a paciência deles, entretanto, não deixo de comentar sobre uma aquisição feita ou a falta dela, expondo todos os motivos que me levaram a agir de uma forma ou de outra.

Acreditem, tenho colhido bons frutos nesse terreno!!!


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