sábado, 23 de junho de 2012

Epifania

Tive uma epifania ou a minha epifania da desnecessidade de consumo exagerado ao ler o blog "The Minimalists". Em um dos textos, não lembro o link de acesso, o autor contava sobre a morte de sua mãe, a linda casa onde morava, adornada com artigos de muito bom gosto e cheia de lembranças passadas.

Algumas dessas lembranças estavam guardadas em caixas devidamente lacradas e acondicionadas embaixo da cama. Retirando as caixas do local, verificou o conteúdo, constatando tratar-se de trabalhos escolares de quando ele era bem pequeno. Concluiu que sua mãe não precisou a vida inteira acessar aquelas lembranças para manter o amor que tinha por ele.

Diz, então, aquele autor que nossas melhores lembranças estão gravadas em nossas mentes e jamais poderão ser subtraídas, não havendo necessidade de itens materiais ocupando espaços que nos distraiam ou tomem tempo para outros objetivos efetivamente importantes.

Inicialmente ele pensou em alugar um barracão ou armazém para guardar o que era de sua mãe e, depois de encontrar as caixas, simplesmente resolveu digitalizar alguns papéis, fotografar outros - papéis e objetotos -, depois colocou todos os itens em circulação.

Pois bem. Essa história teve um impacto muito grande em mim, fiquei triste, angustiada e vivi o sofrimento desse autor como se fosse meu. Fiquei imaginando a dor sentida ao tomar a decisão de se desfazer de tudo.

Também analisei tudo que tenho e imaginei a dor que vou causar aos meus filhos quando morrer se voltar a ter um padrão de consumo absurdo ou não conseguir fazer um grande desapego em relação às coisas que já possuo.

Esses itens materiais podem ser supostamente importantes para mim, eles acham que é importante para mim, mas para eles não tem o menor sentido e ficarão naquela situação de pensar em desrespeito à memória de um ente ao colocá-las fora - vendendo ou doando ou na situação de guardarem tudo como um jesto de amor.

Mais uma razão para uma vida mais leve, com menos coisas, pois viveremos mais livres e não deixaremos preocupações para outras pessoas.

Estou novamente pensando nos outros? Pode até ser, mas julgo essa minha preocupação procedente e não uma forma de ceder às vontades/desejos/aspirações/anseios alheios.

Parece tétrico e sem fundamento fazer essas colocações por aqui, apenas considero que se trata do meu momento de vida e das minha reflexões, sendo importante dividí-las com outras pessoas até para que apontem se estou seguindo no caminho certo ou me façam refletir sobre novos rumos.

2 comentários:

  1. Bom, lá vou eu me meter onde devia ficar quieta.

    Primeiramente, quanto ao sofrimento do autor - Nós temos o mesmo defeito em nos angustiarmos por sofrimento alheio (ou que imaginamos que seja um grande sofrimento). Eu considero defeito porque imaginamos e não podemos imaginar nada se não vivemos a vida deles. É provável até que a dor que imaginamos foi maior que a sentida por ele. E imaginei a dor dele só pelo que comentastes, olha que assunto “deprê” para um sábado... . Em todo caso acho que isso que sentimos é errado.

    Agora, quanto ao que ele diz que as melhores lembranças ficam guardadas na mente, é uma verdade. Porém, pra que sofrer por antecipação, abrindo mão do que tem valor pra nós hoje no presente, por medo de gerar angústias futuras? E se não forem angústias? Cada pessoa tem um jeito de pensar diferente, mesmo as da mesma família. Eu não sei se estou tendo um pensamento simplista por ainda não ter filhos, entretanto isso pode ser até pior se considerar que poderia passar o sofrimento para minha mãe. Então, convenhamos, sigo achando meio sem sentido pensar tão difícil assim, pois o pior sofrimento é vivermos cheios de privações, daí nem lembranças boas ficam.
    Isso, claro, sem criticar o minimalismo, mas criticando o exagero que pode advir dele. Assim como o consumo exagerado é uma coisa ruim, viver sem as coisas que gostamos e lembranças pessoais podem tornar nossa casa sem nossa cara, virando um hotel. Prático? Talvez, mas que não conheço uma pessoa que não enjoa depois de um determinado tempo. Tenho amigos que por passarem em alguns cargos se mudam de cidade ou estado e moram inicialmente em hotel. Eu sempre achei que deveria ser divertido morar em hotel e com todos que falei, nenhum aguentou muito tempo e logo foram buscar apartamentos para levarem seus pertences e comprarem outros para deixar com cara de casa.
    A minha mãe guardou nossos cadernos e trabalhos infantis também, só nunca ficou às sete chaves numa caixa lacrada e sim num baú, assim que já pude constatar que era muito mais caprichosa quando na pré-escola do que agora, minha letra então teve uma piora tão grande que ano passado por conselho de um professor de português tive que comprar um caderno de caligrafia.

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    1. Adriana

      Muito engraçado... já é a segunda vez que vc observa que a postagem do sábado é deprê... rs... será tempo sobrando para eu escrever?
      Veja, observei no texto que a prioridade é minha qualidade de vida e depois o pensamento nos filhos e consequências de itens guardados. É claro que não abro mão dos itens que amo, mas aqueles "talvez" estão indo embora.
      Amanhã vou colocar o resultado do banheiro, realmente não dava para esperar trinta dias, estava horrível :-)))
      Obrigada pelas visitas e ponderações... amo!!!

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