quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Propósito: ficar sem comprar!

Hoje encontrei essa frase na origem de tráfego do blog "propósito ficar sem comprar". O primeiro pensamento que tive foi de que a pessoa estava em apuros financeiros, considerando que normalmente as pessoas fixam esse propósito quando já estão atoladas até o pescoço em dívidas, embora não tenha sido meu caso, pois há muito controlava os "gastos".

Certo, olhem bem, controlava as dívidas e não controlava o consumo, ou seja, desde que os valores recebidos cobrissem as dívidas não importava muito o que era adquirido e poderia ser até uma composteira ou uma panela elétrica de arroz ou uma roupa nova desnecessária ou mais um vidro de perfume ou... poderíamos chegar ao infinito.

Quando comecei o "ano sem compras" as pessoas sempre perguntavam se eu havia feito uma "intenção", no sentido de "promessa", tipo aquelas "Deus, se acontecer isso, prometo que faço aquilo" e não era nada disso, na realidade tudo se resume à busca de algo diferente e mais significativo.

"Intenções" e "propósitos" são frágeis. Quantas vezes prometi que se meu filho ficasse curado eu pararia de fumar e isso não se mantinha, é claro, pois não havia um comprometimento maior comigo mesma.

Para que o consumo desenfreado cesse é preciso primeiro que você se ame, encontre o valor em si própria, dê importância ao trabalho que você desenvolve, considerando que ele é a origem dos valores que você ganha e não tem sentido ficar desperdiçando seu trabalho/dinheiro em coisas desnecessárias e supérfluas.

Aliás, quando isso acontece você também desperdiça seu tempo de lazer, sua oportunidade de ficar com família e amigos, a chance de ter uma vida sem estresse. Claro que dívidas trazem estresse e infelicidade que não compensam a alegria momentânea de uma aquisição. Claro que mais e mais itens somente levam à perda de energia preciosa, pois precisamos organizar, manter, limpar e até tomar a decisão de dispensar o que não mais nos serve. Dispensando coisas e destralhando estamos sim jogando dinheiro fora.

Pense bem, aquela blusa que custou apenas R$ 50,00 e você não suporta mais ver, vai embora por R$ 10,00 se conseguir vender ou vai para doação e é como se você tivesse simplesmente rasgado o valor da compra. Serviu para outra pessoa? Que bom! A pergunta que faço é: você precisaria realmente ter comprado?

Existem muitas maneiras de ajudar o próximo além da doação de itens que para você já se tornaram desnecessários e supérfluos! Aliás, a caridade do tempo é a melhor, ter tempo para visitar um lar de crianças e idosos, dar carinho, receber carinho, dar atenção, receber atenção, sorrir, brincar, ser útil com o seu tempo.

Lembrei de uma pessoa que sempre pedia dinheiro "emprestado". Eu sabia que não seria empréstimo e foram anos de terapia até conseguir resistir ao apelo. 

Pois bem, certa manhã recebi um telefonema desesperado solicitando valores, caso contrário... (omissão quanto às consequências por ser muito pessoal). Preocupada fui até o banco e, mesmo sem dispor de numerário, utilizei o cheque especial para salvar aquela alma.  À tarde recebo um telefonema animado da mesma pessoa comunicando que havia comprado um computador em vinte e quatro vezes sem juros. Concluam o que quiserem, mas a terapia somada à esse fato levou à recusa total de ajuda financeira para sempre.

Quando ajudamos financeiramente uma pessoa compulsiva por compras estamos apenas alimentando a doença e não ajudando. Então, cuidado!!! Você pode ter boa intenção, mas a pessoa não está preparada para ser ajudada e a ajuda deve ser de outra forma que não o estímulo a mais consumo.

Uma pessoa dessas deveria e foi aconselhada a ficar sem comprar, entretanto há casos extremos que somente tratamento pode resolver e nós, leigos, quase nada podemos fazer. A única ajuda é não atender aos apelos e tentar ensinar pelo exemplo, o resto é atribuição do pessoal da área da saúde!

Se você estava procurando "propósito ficar sem comprar" certamente já está mais evoluída e consciente de seu problema, então NÃO ADIE e comece hoje. Não compre, faça uma planilha com receitas e despesas, tente um empréstimo a juros menores para quitação das dívidas e, principalmente, não compre e não gaste com nada que seja desnecessário e supérfluo.

Acaso queira conversar, mande um e-mail (visagem26@hotmail.com) e podemos trocar experiências, podemos nos fortalecer mutuamente, podemos seguir um mesmo caminho pelo consumo consciente e pela sanidade financeira, levando a uma melhor qualidade de vida.


6 comentários:

  1. Oi Ziula,

    Li o seu post e me identifiquei totalmente. Uma amiga minha em Março de 2011 pediu-me dinheiro emprestado porque estava numa situação financeira difícil (vários pagamentos em atraso, condomínio, telefone, etc). Eu não emprestei e ofereci-me para ajudar. Fizémos uma limpeza na casa, vendemos algumas coisas, fizámos plano em excel para ir liquidando todas as dívidas, enfim tudo no bom caminho. Eu já tinha percebido que a pessoa em causa era bastante consumista e eu alertei que só valia a pena vender algumas coisas (joias) se fosse para ficar numa situação melhor. Pois é, passado todo esse tempo, continua com um crédito no cartão enorme pois não abdica de férias (caras!!!), de "promoções" e mais mil coisas. A conclusão é só uma: há que ter a maturidade necessária para uma coisa destas. A vida até pode te ir empurrando para lá mas cada um tem que decidir quando é a hora de mudar. E ainda bem que não emprestei o dinheiro...ficava doida de ver que não me era devolvido e andava a ser gasto em coisas inuteis. Beijos

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    1. A melhor coisa para manter a amizade é manter a parte financeira afastada, pois corremos o risco de perder o amigo e o dinheiro. Penso que você agiu da forma correta, entretanto algumas pessoas não tem jeito mesmo... nem com ajuda conseguem se endireitar e estabelecer prioridades... Beijos

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  2. Ziula, eu acho tão interessante descobrir os termos que as pessoas pesquisaram nos sites de busca para chegar ao meu blog! Tenho a impressão de que essa pessoa que chegou ao seu blog queria informações sobre o desafio de ficar sem comprar, não acho que seja uma promessa ou coisa do tipo (embora muitas pessoas façam promessas). Também já me perguntaram se foi por isso que fiquei um ano sem comprar. Beijos!

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    1. Marina, penso que aprendemos muito com os exemplos e você foi um grande exemplo para mim... nunca esqueço e quero sempre agradecer... obrigada!!!

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  3. Hoje perguntei para minha colega se estava usando a escova que comprou mandando vir da china, tendo demorado meses para chegar e ainda tendo sido bem taxado na receita. A resposta foi “usei uma vez, não era como eu pensava”. Mas ainda está pagando...

    Temos que ter controle nessas compras por impulso, mas é bem difícil, a sensação de que vai fazer um excelente negócio comprando determinada coisa pode trazer tantos problemas, só que na hora não pensamos. Só que temos que pensar, seja por questão financeira, seja por questão ambiental, seja para não compactuar com tantos abusos que existem, como a multiplicação do produto que no exterior custa 1X e aqui 8X, e ainda justificam dizendo que são os impostos...

    Devia ser obrigatório ter educação financeira nas escolas mas se a pessoa tiver um pouquinho de vontade, hoje tem tanta informação útil e gratuita na internet, no youtube mesmo, no site da FGV tem um curso grátis não muito diferente do que eu fiz onde paguei uns 100 reais, então com um pouco de vontade dá sim para mudar e essa de somar tudo que gasta e o que recebe funciona bem, como um choque mas funciona.

    Sobre o"dinheiro emprestado" que horror hein, eu diria não sumariamente e deu, mas claro que falar é fácil ainda mais sem conhecimento dos fatos.


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    1. Olha, já comprei algumas coisas bizarras... fiz meu filho importar um chá que era uma "trouxinha", colocava na água e virava uma flor... dois pacotinhos... um eu fiz, não gostei e o outro o Pedro mostrou ontem... rs... deve até estar vencido...

      Já me inscrevi nesse curso da FGV, só que ainda não fiz... rs... pura preguiça..

      Quanto ao dinheiro emprestado... o texto é um alerta, porque é muito fácil cairmos nessa armadilha...

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