domingo, 1 de setembro de 2013

- E agora? Vai ao shopping?

Essa frase soa na minha cabeça desde dezembro de 2009 e semana passada ouvi novamente essa pergunta. Penso que eu olho tão indignada que a pessoa até fica sem jeito.

O Prêmio Anamatra de Direitos Humanos, prêmio que tenho muito orgulho, foi entregue em 2009 e, além de uma estatueta representando o Cilindro de Ciro, aliás tenho que trazer para Londrina, foi entregue um cheque de R$ 6.000,00. 

Pouco antes da cerimônia, uma das meninas que estava organizando perguntou se no dia seguinte eu iria ao shopping. Perguntei: Shopping? e já respondi: esse valor será para comprar cestas básicas para as pessoas carentes!!!

Afinal, havia ganho tal prêmio em razão de diversas atividades desenvolvidas em prol de crianças e adultos carentes, além de algumas palestras para estudantes de direito com renomados juristas que dificilmente compareceriam na cidade tão pequena acaso não fosse um trabalho muito sério e um esforço muito grande para realizar tais palestras, até mesmo passagens aéreas precisei pagar do próprio bolso, pois nunca tivemos qualquer subsídio ou ajuda em dinheiro, nosso trabalho era todo realizado com doação de itens pela comunidade.

Bem, essa semana finalmente recebi um valor que estava muito, mas muito mesmo, atrasado e comentei com uma pessoa que finalmente haviam feito o pagamento, ouvindo novamente a pergunta mencionada acima: e agora? vai ao shopping quando terminar o expediente?

Não, não vou, mas confesso que passou pela minha cabeça comprar uma pulseira da Vivara da linha Life, aquela onde vamos colocando charms (pingentes) que significam algo para a nossa vida ou lembram algum momento que tenha sido feliz. Pensei novamente, a pulseira com um pingente não vai pesar no meu orçamento e afinal EU MEREÇO!!!

Devaneios que passaram logo. Não uso pulseiras. Digito muito e elas atrapalham ou ficam fazendo barulho, daí preciso tirar e colocar sobre a mesa sempre com o risco de sair correndo para algum lugar e esquecer - sim, tenho essa mania de levantar e sair nas horas mais estranhas. Também tem algumas que enroscam na roupa e por aí vai... e a pulseira saltitante na minha mente!!! Ou vocês acham que conseguimos eliminar desejos de consumo para sempre e todo sempre? Claro que não! Tentações sempre existem e como podem ver são tentações que sequer merecem ser atendidas porque referem-se a itens que sequer serão usados.

Como surgiu a idéia da pulseira? Tempos atrás levei minha filha conhecer um shopping novo, ela queria apenas ir ao supermercado que havia no local, mas, e sempre tem um mas, para chegar ao supermercado tínhamos que passar pelas lojas.

De repente, não mais do que de repente, ela deu um grito:

- Mãe, olha a pulseira, é o sonho da minha vida!!!

- Sério? Uma pulseira?

- Sim, eu sempre quis ter essa pulseira!!!

Então, resolvi realizar o sonho da menina e disse:

- Vamos entrar e ver preço, pingentes e o que conseguimos de desconto.

Olha a pulseira de prata, os pingentes de prata, descartamos os pingentes de ouro porque eram caros e a menina escolheu a pulseira com dois pingentes. Até vi alguma vantagem na dita pulseira porque os pingentes não são tão caros e depois já tenho o que presentear em Natal, aniversário... rs... a pulseira vai sendo montada aos poucos.

Penso que tive um "dé javù",  pois quando eu era criança  minha avó me deu uma berloqueira e toda vez que viajava trazia um berloque mais lindo que o outro. Tenho tudo guardado, mas realmente tenho alguma dificuldade para usar. Depois ganhei uma outra pulseira de uma pessoa muito especial e coloquei um berloque significando cada um de nós quatro, eu e meus três filhos. Não uso nenhuma delas e nem mesmo a pulseira de prata com berloques que era da minha mãe e veio parar na minha caixinha.

Voltemos à Izabel. Escolhida a pulseira lá veio a choradeira com a vendedora. E o desconto? Não temos desconto! Então vamos para a outra filial no outro shopping porque lá a vendedora me dá desconto! Vou falar com a gerente! A gente aguarda, mas sem desconto não levamos, mesmo porque o pagamento é à vista! Não quer parcelar? Não... Lá se foi a vendedora e voltou com um desconto e lá se foi a menina com sua linda pulseira que nunca mais saiu do braço.

A partir daí fiquei pensando que precisava de uma pulseira, entretanto a partir do momento em que ela seria possível fez-se a luz. EU NÃO USO PULSEIRAS!!!

Todos esses pensamentos afloraram em questão de segundos e respondi para a pessoa que perguntou se eu ia ao shopping:

- Não, não vou ao shopping! Vou quitar alguns compromissos!

Sim, tenho compromissos que poderiam ser quitados até dezembro sem qualquer juros ou multa, mas qual a razão de esperar, ficar com o dinheiro e ainda ficar com pensamentos maldosos de colocar dinheiro fora? Vamos antecipando pagamentos, deixando de parcelar, deixando de esperar ao futuro e levando uma vida mais leve e sem preocupações!

Cuidado com seus pensamentos!!!! Freie suas atitudes!!!!

12 comentários:

  1. Estes momentos valem bastante a pena!
    Parabéns pelo prêmio!
    Beijos

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    1. Obrigada, Andressa! Realmente são momentos inesquecíveis!

      Beijos

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  2. Nossa, foi bom pra mim ler isso agora. Mas serviu pra um outro aspecto na minha vida: o ciúme. Que mania que temos de voltar a hábitos ruins. Tenho de aprender a controlar os pensamentos loucos e focar no concreto, ter autodomínio. Obrigada pelas lições que compartilha conosco no seu blog. Curto muito.

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    1. Valery, como é difícil manter hábitos bons... você já percebeu como é difícil manter uma alimentação saudável, uma rotina de exercícios, controlar sentimentos que não trazem boas vibrações?

      Obrigada por compartilhar seus sentimentos com a gente! Fico muito feliz com suas visitas.

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  3. A maioria das pessoas liga shopping = compras = felicidade. Por isso falam isso se recebemos algo. Em dia de receber salário é sempre assim também né, ou um pouco antes já fazem rolar revistinhas de produtos, etc. Como se não tivéssemos compromissos, não tivéssemos outros planos. Só comprar.

    Eu acho que podemos ir ao shopping normalmente sem ter que necessariamente comprar algo. Hoje em dia eles possuem serviços que fica mais cômodo ir lá do que em outros lugares, como correios, supermercado, cinema, alimentação. Tudo bem, isso também é comprar, mas não é se “entupir” de parcelas comprando coisas que por vezes nem usa ou ao chegar em casa já se arrependeu.

    Parabéns pelo trabalho que desenvolveu, não deve ter sido nada fácil. E esqueça essa pergunta do título que falastes que soa desde 2009. Ela por acaso foi mais importante que o trabalho desenvolvido? Se não, já devia ter esquecido. Remoer coisas pequenas só faz mal. E certamente muita gente que foi beneficiada ficou agradecida. Eu já estudei em cidade pequena e sei a dificuldade que era para assistir essas palestras que a faculdade obrigava fazer mas que na cidade não tinha, era muito difícil ter, só viajando na maioria das vezes.

    Essa do "eu mereço" realmente acontece e realmente merecemos vez que outra algo diferente, desde que isso não vire algo que nos prejudique e faça sairmos do controle das coisas.

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    1. É preciso quebrar o ciclo que você mencionou shopping=compras=felicidade porque não verdadeiro. Agora é que percebi como as coisas chegam no meu local de trabalho em dias de salário, sim! existe um dia certo para isso!

      Quanto à pergunta me pareceu meio fora de contexto para o local onde estávamos e até penso que me senti ofendida... rs... logo passa, tem coisas que demoramos mais ou menos tempo para absorver e talvez a falta de sensibilidade da moça com o local tenha causado esse efeito.

      Quanto ao "eu mereço"... desde o dia da semana passada em que a moça perguntou se eu ia para o tal "templo de consumo" estou pensando se realmente mereceria alguma coisa e sei que meu esforço mereceria realmente ser compensado... rs... então, hoje pela manhã fui levar o Pedro na escola e as "meninas" para um passeio... foi uma ótima recompensa!!!

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    2. Só uma dúvida, ela perguntou shopping ou templo de consumo? Pois pra mim tem uma vasta diferença entre esses dois.

      Shopping eu sei o que é, um lugar onde tem várias coisas reunidas, as lojas se repetem independente da cidade, as maiores são todas iguais, SE PRECISAMOS de algo é escolher conforme a proximidade ou ambiente pois loja mesmo se repetem, pouca variação....

      Mas templo de consumo desconheço o que seja... imagino um lugar onde tem tudo de melhor e tudo que quero e que posso pagar. Logo um lugar desses pra mim não existe... rs

      Não consigo mesmo ligar shopping à "templo de consumo". Mesmo. Talvez tenha alguma exceção em algum lugar do mundo, mas os que eu conheço de templo não tem nada, são todos iguais... rs

      Quando ao "merecer" fizeste muito bem, isso inclusive é mais caro que qualquer coisa que fosse comprar como recompensa pois não tem preço que pague.

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    3. Ela falou shopping mesmo, mas adoro " templo de consumo" e já fui uma das seguidoras dessa religião... rs

      Entendo seu conceito, mas para mim são sinônimos... rs

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  4. Oi Ziula, eu entendo perfeitamente as meninas mais jovens.
    Essa fase de futilidade é muito gostosa. Confesso, bem confessado, que sinto saudade daqueles tempos.Eu, minhas amigas e irmãs, juntas, tínhamos uma cumplicidade saudável. Era o pingente da Adriana Esteves, o anel da Cristiane Torloni, o brinco sei lá de quem. Era uma delícia estrear alguma peça nova a cada sábado à noite.
    Para nós, era o paraíso.
    Com o tempo, a gente vai se tornando individual nos gostos, no bolso, na ambição ou na falta dela.

    Aí, é cada uma por si. Cada uma com suas conquistas, seus sonhos de consumo, seu poder aquisitivo.

    Na "turminha", eu era chamada de BBB (bolsa, brinco e batom) tinha muita variedade, e cada um mais lindo que o outro.

    Hoje, acho que a turminha me chamaria de CCC (chata, consciente e
    controlada).

    Pois é, a gente muda. A pulseira...deve ser difícil resistir. Mas se vc já tem uma...é melhor esquecer mesmo.

    Beijo

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    1. Exatamente isso... cumplicidade e artigos iguais... o problema todo é levar isso para o resto da vida e não amadurecer os próprios desejos. Você seguiu em frente lindamente e espero que as meninas mais jovens consigam também!

      Adorei o CCC... rsrsrssrs

      Pense bem numa coisa que não uso: pulseira, nem deveria ser difícil resistir... rs

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  5. Ah, que engraçado! Você falou exatamente de duas coisas que eu quero muito: um bulldog frances e uma pulseira dessas! rs

    Mas é isso mesmo, será que eu quero mesmo e vou usar?

    Beijos Ziula!

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    1. É linda a pulseira e o bulldog francês é um doce! Mas é preciso saber que a pulseira precisa ser paga e para valer a pena tem que ser usada efetivamente, quanto ao cachorro dá muito trabalho, muito mesmo, mas eu adoro!

      Beijos

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