domingo, 2 de junho de 2013

Cachorros??? Tolerante, eu???

Minha mãe tinha uma pequinês chamada Flávia. Eu devia ter menos de dois anos na época. Ela avisou a empregada que havia colocado veneno para ratos e não era para soltar a Flávia. Não eu outra! A moça soltou a cachorrinha, o veneno foi ingerido e morreu. Nunca mais minha mãe se apegou com outros animais. Meu pai tinha uma porção, mas minha mãe não se envolvia e sempre contava a história da Flávia.

Há algum tempo, talvez um ano ou dois anos, minha mãe veio me visitar e fomos em uma feira de animais. Encontramos uma pequinês, peguei no colo, dei para minha mãe segurar, disse que era a Flávia Cristina, ela encheu os olhos de lágrimas e não quis mais largar. Passei o cartão e meu pai depois comentou que foi a melhor coisa que fiz pela minha mãe.

Sempre pensei que cachorro tinha seu lugar. Achava um absurdo as pessoas que choravam horrores e entravam em depressão quando o bichinho morria. Dormir na cama do dono? Nem pensar! Cachorro é cachorro, gente é gente! Poderia até dormir na caminha ao lado da cama do dono, na cama jamais! E por aí andavam meus conceitos!

Talvez por influência da minha mãe nunca me apeguei muito aos bichinhos. Demorou até que o Renato tivesse o primeiro cachorrinho e ele ficava no banheiro. Eu não dava conta. Chegou um momento em que doamos a Marcela e depois soubemos que morreu atropelada.

Depois mais um que ficava na casinha de madeira atrás da casa e somente íamos alimentar. Não lembro o nome. Lembro dele e era um boxer. Foi doado também e mora em uma chácara, disseram que estava muito feliz.

Somente nos últimos dez anos temos um histórico imenso de animais. Isso somente considerando a casa em Cornélio que se tornou moradia definitiva. 

Primeiro foi a Júlia, uma basset round. Seu nome foi em homenagem à Julia Roberts que amo. As orelhas pareciam o cabelo da atriz. Uma danadinha! Não sobrou um vaso de flor no jardim, um canteiro com plantas. Comia tudo. Não parava quieta e não havia possibilidade de ser educada. Foi para doação e não tive mais notícias.











Chegou algum tempo depois o Chiquinho, um fofo, cabia na cama da Barbie e poderia até morar nela. Um pincher. Quinze dias depois morreu de pneumonia. Levamos até para outra cidade para fazer raio-x porque em Cornélio não tinha e não houve tratamento que conseguisse salvá-lo. Morreu quando estava próximo da minha cama. Muito triste.











Veio um chihuahua, Lupi Pavarotti. Pequeno e insuportável. Simplesmente eu chamava e ele permanecia sentado com as perninhas cruzadas. Simplesmente ele me ignorava totalmente. Foi para outra casa e passou a morar com uma pessoa com a personalidade igualzinha à dele. Da última vez que vi continuava insuportável. Ser ignorada por pessoas eu até aceito, agora por cachorro está além do que aguento. Esse cachorro realmente atingiu minha autoestima e acho que o sentimento era tão ruim que apaguei todas as fotos dele. Não encontrei uma única foto para publicar aqui!

O Tchê Barbaridade, Tuka, Milla e Fog são todos praticamente da mesma época, conforme pude perceber nas fotos. Vindo O TchêII depois da morte do Tchê Barbaridade. E a loucura era tanta que ainda teve o Robinho, um pastor de shetland ou mini collie, nesse meio tempo que ficou uma semana em casa, fugiu e ganhou o mundo.








 Robinho

Fomos brindados com o Tchê Barbaridade, um spitz alemão ou Lulu da Pomerânia. O Pedro estava entrando em processo de cura após quatro anos e meio entre idas e vindas do hospital. Iniciamos o tratamento homeopático com o Dr. Júpiter que proibiu todo e qualquer antitérmico. O Tchê ficava na cama do Pedro, lambendo a nuca do Pedro até a febre baixar. A Emília dizia para ele "Tchê, canta!" e ele uivava. Antes mesmo de ser possível escutar o barulho do carro, ele ia para a porta esperar um de nós chegar e sempre já estávamos a caminho. Dormia em uma caminha ao lado da minha cama, de barriga para cima, roncava e somente levantava quando percebia que eu tinha começado meu dia. Tinha um defeito que foi fatal: não podia ver o portão aberto que fugia para a rua. Contratei adestrador e ele era um doce com o homem, andando com ele na rua sem coleira, mas comigo não tinha jeito. Fechei as aberturas da frente da casa para ele não passar por baixo e ir para a rua. Um dia após voltar de Londrina de uma consulta médica recebi a triste notícia: tinha sido atropelado e não resistiu.

Até hoje não nos recuperados e sábado o Pedro estava chorando com saudades do Tchê Barbaridade.


Antes mesmo da morte do Tchê, chegou a Tuka Mentirinha, também Spitz. Nasceu no dia primeiro de abril,  por isso o segundo nome. Está comigo até hoje, mas até levá-la para Londrina eu não conseguia me apegar.










Pouco depois chegou a Milla, uma yorkshire terrier. Sempre brincamos que já nasceu feinha. Só brincadeira. Uma graça! Arredia e quieta até ir para Londrina quando passou inclusive a pedir colo.














Nesse meio tempo veio o Tchê II, tentativa de resgatar nosso Tchê e que logicamente não deu certo. Cada cãozinho é insubstituível. Cresceu muito e fiquei com medo que cruzasse com as meninas (Tuka e Milla). Foi morar em um sítio e ficou muito feliz.










O Renato ganhou a Fog, uma schnauzer. A menina me adotou e só andava atrás de mim, sequer deixava a Tuka e a Milla se aproximarem. Subia no meu colo e queria ficar me lambendo o tempo todo, principalmente na boca, o que era irritante. Quando eu caminhava ela ficava passando no meio das minhas pernas e, considerando que minha casa em Cornélio é cheia de escadas, isso me causava diversos transtornos. Um belo dia estava descendo dos quartos para a cozinha e a Fog naquela loucura, tropecei e fui parar no fogão, realmente quase me machuquei. Estava fazendo terapia na época e cheia de culpa por rejeitar a cachorrinha, quando fui convencida pelo psicólogo que a questão toda era de energia e a energia dela era muito diferente da minha. Devolvi para a pessoa que deu de presente para o Renato e acho que ela é feliz hoje.









Viram a odisséia com os cachorros? Nem eu tinha me dado conta até escrever da compulsão que tomou conta nessa época.

Agora há mais de quatro anos eu estava acomodada, feliz com a Tuka e a Milla, embora com convivência mais feliz depois que mudei de Londrina. Daí? O que aconteceu? Ganhei um neto não humano, quanto aos humanos meus filhos nem cogitam me darem esse prazer.

Jimmy Page que conheci essa semana e que meu filho mais velho foi buscar em São Paulo. Será uma grande companhia agora que está sozinho em Cornélio e a partir daí todas as restrições que eu tinha foram por água abaixo, pois até deixar o menino dormir na minha cama deixei quando meu filho teve um compromisso à noite.

E espero que minha história com cachorros tenha terminado por aqui e que eu me mantenha comedida. Meu filho mais velho, tão feliz com o Jimmy, queria uma cachorrinha para fazer companhia. Restou aconselhar muito para que ficasse com apenas um cachorro e não repetisse a história da mãe. Acho que consegui convencê-lo quanto ao acerto de cuidar bem de apenas um bichinho ao invés de ter muitos.

4 comentários:

  1. Fico feliz que tenha mudado um pouco os teus conceitos... eu sempre tive conceitos diferentes, pra mim cachorro sempre foi membro da família e dependendo melhor que muita pessoa por aí...rs.

    É super natural o Pedro chorar pelo tchê, ainda mais que esteve com ele em momento mais complicado, e acho que cachorros merecem nossas lágrimas. Eu que sou uma pessoa que sou dura na queda, não sou de chorar por bobagens mas até hoje sinto a falta dos meus yorks, em especial do mais velho que ganhei em 94 e que por 15 anos foi meu fiel companheiro, sempre indo no meu quarto depois de voltar da pet, mesmo eu não estando lá, depois voltava para a sala deles.

    Hoje eu tenho um labrador que fica na minha sogra. Quando pequeno ficou comigo e destruir a casa era o passatempo preferido dele. Mas como precisava de pátio, foi pra lá. Daí o jardim bonito era uma vez... até vaso de cimento ele conseguiu quebrar ao meio, na horta treinou tanto salto ornamental que ela desistiu da horta. Era lindo de ver, ela colocou uma tela, cachorro comportado respeitaria. Dai ele vinha correndo e dava um salto que parava lá dentro. E ela dava um grito e ele pulava de volta, dessa vez sem impulso. Um orgulho! Ela só me olhava torto e eu dizia "que lindo não achas?". No início eu tinha ganhado uma inimiga mas agora ela já se acostumou e até defende as artes dele. A única coisa que não foi destruida foi a casinha de plástico, o que é um mistério até agora pois pelo que ele já destruiu, era de ficar arrastando pelo pátio mas essa ele nem mexe. Deve ter algo que remete à infância até para os cachorros.

    Semana passada participei de um evento em SP onde estavam comentando que um tema muito atual naquele ramo era a guarda compartilhada de animais domésticos, em especial de cachorros. Contei para o pessoal aqui e até para uns servidores onde costumo ir e ainda foi motivo de risos, mas todos são unanimes em dizer que é a tendência.

    Cachorros são membros da família, e por vezes muito mais sinceros que muitas pessoas. Sempre vejo um morador de rua quando vou almoçar que tem uma barraquinha e um cachorro, bem cuidado e com água e ração, sempre deitado junto. Eles são fiéis, devemos ser fiéis a eles também.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sua sogra é uma santa.. eu não aguentaria esse cachorro... rs... mandaria para o interior do Rio Grande do Sul... rs...

      Excluir
  2. Ohhh...quanto amor vcs deram por esse mundo afora. Admiro a coragem de passar por tantas perdas sentimentais. E por continuar insistindo.
    Meu filho teve uma vira-lata que estava abandonada na borracharia. Ela o seguiu até em casa e ficou no portão (aberto) me olhando com aquele olhar que vc conhece bem. Ela não entrou no quintal sem ser convidada. Fiquei impressionada! Claro que meu filho pediu para ficarmos com ela. Menina, precisava saber se ela tinha dono. Lá fui eu na borracharia com a cachorrinha enrolada num pano. E meu filho andando, já aos pulos atrás de mim, e sem tirar o olho da cachorra. Oh meu Deus! O moço disse que ela fora largada ali, justamente para quem a quisesse.
    Voltamos para casa com a PANDORA no colo.
    Convencer o marido, comprar casinha, ração, veterinário, blá,blá,blá. Tudo foi feito.

    Meu marido curtiu muito ter um cão em casa. O coração dele é mais mole que o meu.

    Quando chegou dezembro, coloquei a guirlanda na porta. Ela latiu a noite inteira. Ficou invocada com a guirlanda. Eu não tirei, até ela se acostumar. Demorou alguns dias. Mas, resumo da ópera... Perdemos a Pandora para uma doença incurável. E todo ano que eu coloco a guirlanda, o faço chorando, esperando os latidos dela.

    Hoje, meu filho só tem um aquário com 04 peixinhos vermelhos. Um chama-se Blog, outro Nêmico e dois são só peixinhos.
    Tá melhor assim!!!

    Bjs.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Crianças amam cachorros e descobri que adultos também, ou melhor, crianças com mais idade...

      Agora com meu "neto não humano" estou me divertindo muito também... é uma figurinha...

      Quem sabe um dia você tome coragem novamente!!!

      Beijos

      Excluir